domingo, 23 de março de 2008

Porque eu ainda gosto tanto de igreja?

Para mim essa questão é mais forte do que o "pra que serve" que vem sendo discutido aqui.


Porque eu sempre estive envolvida numa comunidade religiosa: já passei por várias igrejas adventistas e vários grupos de estudos: uns mais "paz e amor", outros mais "racionais" como esse (o melhor de todos os tempos, aliás! rsrsrs).


Encontrei acolhida carinhosa, crítica, trabalho a fazer (o que eu gosto muito e sempre me empolgo com 1000 coisas), apoio pras horas difíceis, administração duvidosa... Todos tiveram seu encanto, e todos, por um motivo ou outro, "passaram".

Há cerca de 2 anos venho experimentando uma nova experiência (ok, ficou redundante, mas é assim que eu queria dizer mesmo). Comecei a fazer parte de uma comunidade da qual, na verdade, eu não me sentia parte por uns tantos meses. Ainda que houvesse pessoas conhecidas, das comunidades que eu frequentei anteriormente (o Gabi é um!), havia também umas tantas que pensavam, agiam, se vestiam e tinham gosto musical muito diferente do meu. Mas não sei exatamente porque (e eis aqui o ponto) eu resolvi insistir. Uma amiga que ia comigo (e compartilha desses mesmos questionamentos) desistiu, mas eu fiquei. [Aliás, quero convidá-la para participar aqui, posso? Lily, me ajuda a fazer isso?] Eu sempre digo a ela que eu não tenho jeito, sou igrejeira incurável, e por isso continuo. Uma sexta ela foi dormir em casa e disse que no sábado não queria ir de manhã comigo. Eu tive a capacidade de acordar e dizer: ah, desculpe, acho que se eu não for terei uma "crise de abstinência", vc não quer mesmo ir? Fica chateada se eu for e nos encontramos depois? Ela disse que não (e temos intimidade suficiente pra ela dizer o contrário, se fosse o caso) e eu fui (!).

Lá eu já vivi reencontros, novas amizades, namoro, término de namoro, e me envolvi, para trabalhar, com 3 (ops, 5!!) grupos distintos:

- O primeiro (coordenação da manhã), fui convidada logo no ínício quando não tinha mesmo muito mais gente pra ajudar. Fazia algo que eu sei fazer bem, mas me estressava um bocado. E saí em poucos meses. Fiquei à disposição, tanto que já substituí a líder numa ocasião em que ela adoeceu.

- O segundo (drama), de antigos amigos que eu considero demais, admiro a inteligência visivelmente acima da média, em que eu sou útil fazendo seja lá o que for, tenho liberdade para dar pitaco em quase tudo, dar e receber críticas sem mágoas e ainda me divertir um bocado.

- O terceiro (louvor), o mais "profissional", fui convidada a participar como uma das líderes e sem ser amiga de ninguém. Deus me ajudou a realizar um bom trabalho, mas depois de 1 ano estava desanimada com a falta de comprometimento de alguns membros "inconquistáveis" da minha equipe e quase desisti, mas consegui permanecer com uma sugestão da líder máxima para diminuir - mas não extinguir - o meu grau de responsabilidade. Esse é o grupo mais interessante: continuo não sendo amiga íntima de ninguém, mas me sinto equipe e desenvolvi um carinho enorme por eles.

- O quarto (coordenação da tarde), fui convidada por uma grande amiga para realizar um trabalho semelhante ao que eu fazia no primeiro. Apesar de ter a mesma natureza estressante a freqüência é menor e a maneira que ela lidera é mais "light". Por fim está se tornando muito mais interessante agora, pois incluiu a pesquisa de conteúdo para as programações.

- O quinto (comunicação) [quando comecei, achei que essa lista era menor!] , eu me ofereci para ajudar, pois é algo que eu a-do-ro fazer! Eu tinha uma idéia do que era o trabalho, mas a liderança era um pouco ausente e o pastor, que sempre foi meu interlocutor mais próximo, tinha uma visão diferente do que devia ser feito. Até assumi algumas das coisas que ele gostaria que eu fizesse, contei com a ajuda de uma amiga que eu fiz lá, e por fim ainda anda bem indefinido, mas uma coisa é fato: estou cada vez mais próxima de fazer somente o que eu realmente quero e gosto.

Acontece que ultimamente tenho me questionado muito sobre porque eu quero tanto continuar fazendo parte dessa comunidade.


Atualmente tenho fortes motivos para mudar:

- estou mais amiga da minha única "família" aqui por perto, minha irmã, que mora longe e freqüenta outra comunidade;
- meu namorado também mora longe, ainda que não esteja comprometido com nenhuma outra comunidade, mas tem bastante proximidade com a comunidade que minha irmã freqüenta; (e aliás, tem questionamentos como esses também)
- continuar insistindo em frequentar essa comunidade e ter tantas responsabilidades ali parece demonstrar que ela é mais importante que a família atual e a que eu (tanto) quero formar futuramente
- os amigos que me acolheram no início estão se afastando ou continuam lá, mas tão ocupados que não temos mais a convivência que gostaríamos;
- a comunidade cresceu e não exatamente dentro dos objetivos desejados e há momentos em que é tanta gente que perde totalmente o sentido de comunidade e vira muvuca;
- há problemas de liderança e de relacionamento (guerra de vaidades) que me estressam às vezes



Daí eu fico pensando no que me faz querer tanto ficar:
- há novos amigos, que eu me sinto útil em poder ajudar pessoalmente (estou tendo oportunidade de acolher e não só de ser acolhida, como aconteceu nos últimos anos)
- há espaço para discussões como essa
- a liderança demonstra que está em busca de estabelecer uma igreja fundamentada em pequenos grupos, baseada no sentido mais "puro" - e bíblico - do que a igreja deve ser
- foi ali que eu vivi enquanto reconstruía a auto-estima, e hoje me sinto novamente integrada a um grupo, útil e algumas vezes até reconhecida pelo trabalho que realizo e que me dá um certo prazer e orgulho. (Isso tá virando terapia... rs)
- sempre saio alimentada (coisa que acontece em freqüência muuuito menor quando visito outras comunidades)
- O principal: foi ali que eu aprofundei meu relacionamento com Deus como nunca antes e tenho experimentado alguns "resultados práticos" de entrega e de discipulado na minha vida...


Estava me sentindo egoísta e pirando com esse assunto há poucos dias (tanto que nem quis publicar o post - além da falta de tempo, claro). Mas fizemos um programa de páscoa que parecia tão impossível de sair e que atingiu tanto as pessoas, e sai tão miraculosamente melhor do que eu imaginava, que eu calei a boquinha por mais um tempo... e vou continuar lá simplesmente porque é uma grande oportunidade de aprender a viver - da maneira mais intensa que eu conheço até agora - o cristianismo!

sábado, 22 de março de 2008

"Se formos cometer erros, cometamos erros novos"

Esta frase genial é de Frank Viola. Meu estimado amigo Ricardo me deu de presente esses dias um livro do tal do Frank chamado Pagan Christianity, que certamente deve ter servido como referência em seu recente post. O livro ficou empoeirando duas semanas, até que hoje, aproveitando minha solitude, peguei o dito para dar uma olhadela. Nem passei do prefácio e o autor já me aprisionou introduzindo o seu tema como se tivesse lendo o nosso Blog. Na nota de rodapé da página xx do prefácio fui levado para este site em busca da resposta para a pergunta: "What is an organic church?" Como é comum na leitura de fontes no mundo virtual, fui clicando, clicando e clicando e descobri que Frank Viola é um revolucionário da mesma estirpe de um velho conhecido meu, Brian McLaren, a quem fui apresentado anos atrás e com quem aprendi as primeiras lições de como ser um cristão na era pós-moderna. Para minha grata surpresa o Frank descreveu-se como co-conspirador com o Brian, comprometido a reler, resgatar e restaurar a prática religiosa do cristianismo primitivo. Enquanto o Brian se concentra na apologética, o Frank concentra-se na eclesiologia, uma área que tenho andado a procura de respostas por um bom tempo. Em uma entrevista ele dá um breve vislumbre de como deve ser uma igreja contemporãnea inspirada nos moldes da igreja primitiva. A radicalidade da descrição me fez lembrar do pastor que nos inspirou a fundar a igreja universitária que organizamos aqui nos EUA. Naquela época este querido pastor nos deixou horrorizado com o seu ideal de igreja. Mal sabíamos no que estávamos nos metendo, mas a despeito da insegurança o resultado foi ótimo. Mal posso esperar para retomar a leitura e descobrir quais os erros que poderemos cometer doravante.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Igreja boa funciona sem Pastor

Pensando na relação entre igrejas e pastores.
Prá mim, igreja boa é aquela que os membros já fazem o que deve ser feito, e já sabem o que devem fazer. Nessas igrejas, o pastor pode se dedicar apenas a auxiliar, orientar e atrapalhar o menos possível os membros da igreja. É nessas igrejas que os pastores não fazem falta e se estão ou não, as coisas continuam como sempre. É preciso ser maduro prá ser pastor numa igreja assim.
Nas igrejas que os membros são trabalhosos, muito do esforço do pastor se dá para resolver problemas, e aí, ele fica sem energia e sem condições de realizar o serviço mínimo pastoral adequado.
Nos últimos posts nós falamos sobre os pastores, mas por outro lado, os membros tb tem uma parcela imensa de responsabilidade sobre as coisas que acontecem na igreja.
É uma relação dupla, onde um reflete o outro. A massa reflete o pastor e vice-versa.
Como membros, acho que temos de trabalhar prá sermos independentes. Acho que não devo esperar muito que o pastor seja bom pregador, talvez a gente tenha de ser um, talvez não deva esperar que o pastor seja um bom reconciliador, e sim, trabalhar para que nós sejamos os melhores reconciliadores... e penso que isso deve valer prá todas as qualidades e talentos e dons... Pq penso que os pastores não são os detentores dos dons e sim os membros. Os pastores devem organizar esses dons para que haja unidade de pensamento e trabalho.
Acho que deu prá entender o que estou pensando por aqui hoje...
Boa pascuinha prá vcs todos...

sábado, 15 de março de 2008

Continuando com a história da existência do Pastor

Ainda sobre o modelo pastoral, queria continuar na linha do Nicotra, acrescentando mais alguns dados.
A igreja católica deturpou muito o conceito de um líder de igreja e nós sofremos ainda com essa influência. Os pastores ou líderes antigos passavam desapercebidos pela multidão. Roupas comuns, ofícios comuns, e dentro da igreja sentavam em lugares comuns. À hora de fazerem uma admoestação ou um sermão é que se dirigiam à frente para pregarem. Ao terminarem, voltavam ao lugar comum. Isso é muito interessante, pq a mensagem deles apontava a Cristo, e as pessoas não tinham pq quererem imitá-los, pq eles eram como o povo. O que restava? o exemplo de Cristo.
O sistema clerical católico, em flagrante cópia do sistema pagão, exaltou os pregadores, dando a eles um púlpito, roupas coloridas e especiais, e o mais importante, roupas exclusivas. Assim, só os que tinham aquela roupa poderiam pregar, só eles poderiam dar conselhos religiosos, eram reconhecidos na rua, e por td isso, começaram a ter privilégios, e mais, as pessoas começaram a imitá-los, fazendo-os seus exemplos (afinal, eram mais visíveis que um Jesus invisível). Ainda mais, criaram hierarquias, onde há um tablado, e os nobres assistem ao sermão de cima do tablado, afastado das pessoas comuns.
Sendo assim, o pastor ou pregador se tornou a última voz sobre verdades a serem discutidas e normalmente não serem abertos a idéias que não vieram deles (claro que aqui entra toda a carga de trabalho imposta a eles, que chega tb a ser algo desumano).
Eu vejo que td isso só afastou a mensagem de Cristo das pessoas, criando disputa de poderes para serem os mais poderosos os mais próximos do pastor.
Td isso, juntando ao que o Nicotra escreveu, acho que dá mais uma vez o cenário das formas que as igrejas adotam hoje (Fora o lance de um país tropical como o nosso e as pessoas serem ridiculamente obrigadas a usarem ternos e gravatas para adorarem, senão não vale).
Acho que essas ações todas tem divergido do que nós pensamos e do pq não somos muito de chamar pastores para as reuniões de pequenos grupos, uma vez que tentamos não hierarquizar muito esses grupos de estudo e adoração.

terça-feira, 11 de março de 2008

O Cargo de Pastor em Questão.

Creio que a raiz da insatisfação com o modelo de igreja atual reside no seguinte fato: O modelo de igreja cristã estabelecido por Cristo e praticado por seus apóstolos e discípulos no primeiro século foi deturpado ao longo da história do cristianismo. Os reformadores conseguiram recuperar parte do que foi destruído, mas deixaram muito por fazer. O modelo eclesiástico adotado pelas igrejas protestantes hoje não é o modelo que foi estabelecido por Cristo.

Das inúmeras “deturpações” católicas não reformada pelos protestantes quero continuar comentando sobre a figura do pastor remunerado. (Discussão iniciada nos posts anteriores)

O modelo de comunidade cristã estabelecido no primeiro século era orgânico e não organizacional, hierárquico e clerical. Isso significa que cada membro tinha ativa participação em ministérios relacionados com os seus dons e vocação. Embora os apóstolos que viajavam fundando igrejas pudessem vez ou outra receber alguma contribuição financeira, não havia o cargo de pastor local remunerado. Os crentes trabalhavam de forma voluntária.

Os pastores protestantes são uma reminiscência da divisão clero/leigo estabelecida na igreja católica. Embora os reformadores tenham restaurado o conceito de “sacerdócio universal de todos os crentes” dentro de um aspecto soteriológico (um crente não necessita mais de intercessão de um sacerdote humano para ser salvo), os reformadores falharam em estabelecer este conceito num aspecto eclesiológico (a figura de um pastor local remunerado caracterizando o clero continua vigente no modelo eclesiástico dos protestantes).

Pagar um homem para ser o pastor da igreja acaba tendo consequências danosas não só para a igreja como para o pastor e sua família. Manter um pastor remunerado implica quase sempre num aumento da expectativa dos membros em relação a sua performance. Espera-se que o pastor seja proficiente no exercício de todos os ministérios (ensino, pregação, visitação, assistência social, aconselhamento familiar, estabelecimento de novas comunidades em locais não alcançados, etc...). Não há tal homem com tantos dons: Alguns tem dom de pregar, outros de estabelecer novas igrejas, outros de dar aconselhamento. Quando os membros percebem que o seu pastor não tem todos estes dons acabam vendo suas expectativas frustradas. O pastor percebe esta frustração e tenta absorver as críticas de maneira a proteger seu emocional, sua família e seu emprego.

Esse não era o projeto original de Deus. Ele idealizou a igreja como uma entidade orgânica composta por vários membros no mesmo nível hierárquico e colocou Cristo como o cabeça da Igreja.

Melhor seria se o modelo eclesiástico do Novo Testamento fosse novamente adotado. Cada membro poderia exercitar melhor os seus dons, reconhecer sua responsabilidade no corpo eclesiástico e se estribar apenas na liderança de Jesus Cristo. Isso evitaria toda esta insatisfação com a casta pastoral que temos observado atualmente.

sábado, 8 de março de 2008

Prá que serve o Pastor da igreja?

Estive pensando durante essa semana sobre as coisas que falamos nos últimos dias e acho que precisamos conversar sobre um aspecto que não tocamos no assunto e que penso que é completamente atrelado ao assunto igreja, que são os Pastores de igreja.
Não quero entrar naquela discussão clássica que todos falam mal dos pastores ou são puxa-saco deles. Tb não gostaria de falar que tenho a sensação que os pastores bons eram os de antigamente, pq na realidade, o "antigamente"significa que eu era mais simplista e não entendia as pressões sobre os pastores e que tb nosso cérebro costuma relevar as más coisas e apenas relembrar as coisas boas (falta de memória coletiva).
A idéia é assim: se a igreja hoje tem problemas e todos nós percebemos que tem, e toda igreja é dirigida por alguém, a quem normalmente chamamos de pastor, provavelmente ocorrem 4 coisas: ou esses pastores ajudaram a causar os problemas, ou não se apercebem deles, ou se apercebem mas não tentam mudar ou sabem e tentam mudar, apesar de não terem sucesso (na maioria dos casos). Assim, se eu disse que não ando sentindo falta da igreja, constituída como está, é sinal tb que não estou sentindo falta dos pastores, ou do trabalho deles.
Além disso, tenho outra dúvida cruel que é assim: há como os pastores ideais fazerem um bom trabalho se suas companheiras não forem tb pastoras ideais?
Por conta disso td e mais algumas coisinhas, gostaria de propor uma idéia que não fosse de criticar os pastores de forma negativa:
Precisamos de pastores?
Vamos construir uma lista de qualidades interessantes que gostaríamos que os pastores ideais tivessem?
Vamos pensar tb para essa lista as qualidades que um pastor que estivesse cuidando de um campo onde só houvessem pequenos grupos como os que defendemos nos dias passados deveria ter?
Qualidades que imaginamos de um Pastor ideal:
  1. ....................
  2. ....................
  3. ....................
  4. ....................
  5. ....................
  6. .
  7. .
  8. .
Quem se habilita a dar o primeiro palpite?

segunda-feira, 3 de março de 2008

Quando doar-se demais torna-se destrutivo...

Nota: este é o começo da minha contribuição à discussão sobre igreja que está rolando aqui no blog já há várias semanas. Não quis usar a palavra "igreja" no título porque, francamente, esta palavra tem tido um conceito tão negativo para mim nos últimos doze anos que mal suporto escrevê-la. Mas vou ter que usá-la no post, fazer o quê ;-)

No meu "post inaugural" (nossa, que pomposo!), eu dei uma breve introdução ao contexto que me leva a escrever estas linhas e uma das coisas que eu disse, sem usar a palavra acima foi que na nossa mudança para os Estados Unidos 11,5 anos atrás:
Nenhuma área da minha vida sofreu um choque tão grande, tão devastador, quanto o aspecto religioso.
(e eu deveria dizer "nossa vida", pois com o Klebert não foi diferente).

Os amigos que tem encontrado conosco durante este perído nas nossas periódicas idas ao Brasil já sabem sobre isto, alguns deles, como por exemplo o Gabriel e a Deise, puderam experimentar um pouquinho da nossa realidade aqui nos idos de 1999, se não me engano.

Pois bem, sem dar muito detalhes e sem citar nomes de congregações específicas, a nossa experiência com igrejas aqui nos EUA tem sido excessivamente desanimadora e temos analisado o assunto a fundo conforme os anos vão passando. Por um lado existem as igrejas americanas, "mortas" (com uma maioria de velhos e poucas pessoas com quem podemos nos identificar) e por outro as chamadas "igrejas étnicas" que vão desde igrejas predominantemente Afro-americanas, às hispanas e também incluindo as brasileiras. Estas todas tendem à crescer muito, mas, com exceção das igrejas (e associações -- SIM, neste país aparentemente a nossa denominação é a única que possui segregação racial ainda em vigor, mais por motivos políticos da minoria que tem muito mais poder, $, membresia força política que a maioria 'morta' e que prefere manter o isolamento) Afro-americanas, as igrejas de imigrantes são complicadíssimas, pois a maioria dos membros e por vezes o próprio pastor (nos estágios de formação das igrejas) não está aqui legalmente. Além disso, a igreja torna-se o centro da vida destas pessoas que estão fora do seu país e que precisam de suas funções na igreja para sentirem-se valorizadas e aparecerem úteis.

Pois bem... no primeiro ano fomos forçados pela cirscunstâncias a ajudarmos numa igreja imigrante que começava. Daí nos mudamos e tivemos um ano "interessante" numa igreja americana típica um tanto não convencional pois tinha alguns alunos da universidade e um professor universitário que, juntamente com sua família, trazia os alunos. Mas este professor desistiu de continuar lutando contra a denominação, caiu fora, e acabamos nos vendo os principais reponsáveis para "tocar" a igreja por três anos... tentando trazer os alunos da universidades, exercendo as principais funções de liderança meio que forçados novamamente. Dando, dando, dando, e NADA recebendo, como o Osmar colocou.

Isto provou-se tão destrutivo para nós que acabou tendo um resultado inesperado... o surgimento da primeira verdadeira "igreja do GEA" -- uma congregação de jovens universitários que já há cinco anos e meio vem se reunindo semanalmente no campus da universidade para adorarem a Deus juntos. Mas esta história vai ser contada em outra ocasião, talvez pelo Klebert.

No momento nos encontramos em outra igreja imigrante, e estamos tentando encontrar um equilíbrio entre doar-se em excesso e receber, mas o receber está difícil -- daí a necessidade fremente deste blog.

Aliás, eu não comentei nada no seu post inspirado pelo CD do Leo, Marco, mas vou aproveitar o meu próprio post para dizer que este CD tem feito um bem imenso ao meu coração que está sedento, faminto, árido de receber mensagens que me toquem e me ajudem a continuar minha difícil e complexa jornada espiritual. Atualmente é meu álbum musical favorito. Um dia desses estávamos ouvindo o CD no carro vindo da igreja... e eu comentei com o Klebert "Sabe, a gente nem precisa de igreja com este CD, cada música é um sermão." E fato elas me alimentam e me ajudam a continuar...

Bom, acho que vou terminando por aqui, e a idéia principal que tentei abordar é a seguinte: respondendo aos comentários do Marco e do Osmar (vcs sabiam q dá para pegar links que levam a comentários individuais?) ao segundo post do Osmar, eu partilhei uma história pessoal que ilustra a nossa experiência com o "doar, doar, doar" e ficar "sem nada na mão."

E também já adiantei uma possível solução: a "igreja do GEA" -- grupo informal que conseguimos fundar lá na Universidade do Massachusetts Amherst e que parece ser a abordagem adotada informalmente também pelo Osmar. Existem várias possíveis soluções sim, e talvez pudéssemos começar a trocar idéias sobre quais são/ seriam algumas maneiras alternativas de tocar a coisa a despeito da existência da instituição e seus problemas (os quais, francamente, não tenho a menor vontade de discutir, já basta o que tenho vivido).

Prá que serve a igreja III - Osmar

Bom, depois dessa pausa para beber água, vamos continuar:
Sobre a analogia do Klébert para as igreja de bairro serem algo meio fadado ao fracasso eque precisam ser eliminadas, tenho minhas dúvidas, pq elas foram formadas a partir das igrejas centrais, então eu acho que elas só refletem as coisas que já acontecem, talvez menos evidentes.
Acho que a solução passa por uma reinvenção ou uma reutilização da igreja, tipo uma simplificação de tudo o que conhecemos como igreja. No livro "Believing, Behaving, Belonging", o autor dá um novo (tão velho quanto o nosso mundo) significado à igreja, que é o senso de comunidade, ele até chama de teologia ou ministério da comunidade. Não quero aqui falar muito sobre isso, pq penso que esse assunto vai rolar quente logo logo, mas vejo como uma simplificação das relações.
A igreja nunca será iluminada se ninguém buscar pela iluminação, e eu creio firmemente que nas pequenas comunidades ou pequenas relações é onde mais fortemente a luz brilha. Nos pequenos grupos comunitários há riqueza de necessidades reais, não aquelas grandes necessidades comunitárias que nunca se resolvem.
Não creio tb na eficiência das megachurches pq acho que elas tiram a individualidade e vejo a galera indo aprender a como se faz isso prá tentar imitar por aqui tb. É uma falta de criatividade danada.
Eu acho tb que as igrejas devem estimular o estudo e discussão da bíblia (lembram-se de dois primos que resolveram estudar a bíblia aos sábados à tarde?). Mas não estimular o estudo pelos mesmos óculos dos dirigentes. Não é assim que as coisas que acreditamos foram descobertas? Pq era bom que assim fosse e hoje isso não é mais admitido? Me estranha muito isso.
Minhas sugestões para discussão para a recolocação da igreja nas suas funções são essas, passando do ensinar a estudar a bíblia corretamente, simplificar as relações e as burocracias e estimular a formação de pequenos grupos comunitários, para que as pessoas aprendam realmente o que é servir sem esperar nada em troca (o evangelismo ocorre aqui, nesse ponto, sem alardes, mas seguro).
Solução ainda tem...Dona Branca que o diga...

Prá que serve a igreja II - Osmar

Olá pessoal que me respondeu...
Resolvi postar aqui meus comentários pq é mais fácil as pessoas lerem os posts que os comentários (me corrijam se necessário, os blogueiros de plantão).
O Gabriel me perguntou então se não ir à igreja no modelo tradicional (praticamente é a única que existe por aí, salvo exceções) não me faz falta. Vou dizer uma coisa... faz falta sim, mas a igreja que está aí hoje não é a tradicional, conceitualmente como foi formada. A atual é muitíssimo burocrática, cheia de normas e regras que nunca estimulam um real adorador a adorar. Eu vejo uma igreja desgastada nas suas formas e tentando pela sua forma burocrática manter a todo custo uma casca, uma áurea de santidade.
Eu fico pensando na beleza de um estudo, quando eu percebo que parece que Deus tem prazer nas descobertas que fazemos dEle usando labirintos bíblicos e mentais e que isso além de ser estimulante e instigante, aumenta nosso QI, pelas formas relacionais que aprendemos a fazer. Vejo esse processo bloqueado na igreja. Vejo Deus dizendo: "Vinde, arrazoemos...(Isaías 1:18+)", mas se eu chegar numa igreja e falar... "moçada, vamos arrazoar sobre o sábado? sobre o vegetarianismo? sobre usos e costumes? " serei execrado, por que a igreja não sabe dialogar.
Bom, sobre isso, já falávamos há muito tempo. A igreja nunca investiu em recursos humanos, ou seja, membros inteligentes, e agora sofre pela falta de cérebros... Rindo pela fala do Klébert, que haverá sombrancelhas tortas para essas frases, não combato a igreja, apenas gostaria de espaços e mais opções para que as pessoas pudessem livremente discutir a teologia da igreja.
Ainda mais sobre o que o Klébert comentou, eu reitero aqui o que já havia dito: Há muito tempo tenho saído da igreja com fome, muita fome de alimento espiritual. Há muito tempo não volto prá casa pensando: "Puxa, que relações interessantes foram feitas pelo cara que pregou."
Numa grande cidade do interior de São Paulo, rolou uma série de conferências no ano passado. Batizaram muitas pessoas. Enviaram novamente o grupo de pregadores e os teologandos para darem assistência a essas pessoas. Fiquei sabendo disso hoje. Fiquei triste. Isso significa que foi percebido que os membros não tem capacidade de fazer a manutenção desses novos membros, ou seja, precisa haver pessoas pagas pela obra, trabalhando profissionalmente com esses novos membros. E o pior, é que os membros antigos da igreja acham isso ótimo. Pq assim eles tb podem transferir mais coisas para esses obreiros... Oras, a médio prazo, será um círculo vicioso e não virtuoso. Os membros dessa cidade pouco ou nada fizeram para os novos membros, assim, tb não se sentem ligados a eles. O que resta a esses velhos membros fazerem é continuarem a disputarem os cargos e poderes... Realmente muito triste.
Mas há solução... certamente que há.
Continuo os comentários logo mais, senão vai virar um jornal, isso aqui.