terça-feira, 29 de julho de 2008

Uma proposta nada convencional...

Neste último sábado, eu estava com minhas crianças na locadora de vídeo escolhendo o que assistiríamos naquela noite e no dia seguinte, tentando regulamentar o que seria nossa diversão noturna televisiva. Como é natural de toda criança, meu filho estava voando em pensamentos, distraído com as tantas opções que as prateleiras ofereciam, enquanto ele passava na frente de outro cliente da loja, que tentava visualizar as opções que a figura do meu pequeno lhe cobria da vista. Assim que percebi, o chamei de imediato, e pedi desculpas ao pai de família que ali estava tentando se decidir por um filme. Para amenizar a situação, fiz um comentário qualquer com aquele senhor e estabelecemos uma pequena conversa. Ele já havia morado no Chile por 2 anos, transferido pela empresa, entre outras coisas em comum sobre as quais conversamos. No fim, ele me deu seu cartão de visitas da multinacional onde trabalha, e ficamos de nos contatar em outra oportunidade.

Não é a primeira vez, aliás para mim tem sido relativamente freqüente, que tenho esta experiência, onde pessoas completamente desconhecidas, por alguma razão inexplicável, dão espaço e demonstram interesse em estabelecer contatos, ainda que superficiais a princípio, como quem procura fazer amigos. Agora mesmo me lembrei que isso aconteceu novamente 2 semanas atrás, quando estive em Curitiba... claro que a pessoa não era curitibana, era carioca... hehehehe
Tenho procurado, na medida do possível, dar continuidade a estas experiências, no sentido de tentar estreitar o contato, ainda que somente pela curiosidade de saber até onde estes relacionamentos podem se desenvolver.

Claro que, numa cidade como São Paulo, muitos de nós quase que imediatamente pensamos quais seriam os perigos possíveis em situações como esta. Procuramos nos preservar, não revelando detalhes pessoais, ou mesmo não abrindo maiores informações além daquelas que já consideramos públicas e que não trariam risco a nossa privacidade ou segurança pessoal.
É impressionante!! Como estas questões nos levam a ficarmos isolados uns dos outros! E ainda que tentemos estabelecer um certo contato, ficamos medindo tudo: as perguntas, as respostas, as possíveis pistas sobre os prováveis interesses do outro em estabelecer ou dar continuidade àquela conversação. Quanto stress só pra uma conversa de corredor de locadora!!!

Confesso que, apesar de minhas tentativas em dar continuidade a estes contatos, eu raramente tenho tido sucesso em mantê-las. Não porque não queira, mas imagine: o que você diria - ou numa situação mais fácil - escreveria num e-mail para um completo desconhecido que com quem você por acaso, sem maiores razões aparentes, estabeleceu um contato? Isso sem parecer interesseiro, intrometido, carente, entre outras tantas suspeitas mútuas que uma situação como esta motiva. É algo completamente awkward, estranho...

Ok. Então vamos experimentar um caminho mais fácil... que tal tentar estreitar relacionamentos com pessoas que já conhecemos? Não falo de pessoas próximas, mas daquelas que de vez em quando você encontra, vocês se reconhecem mutuamente, mas nunca houve nenhum motivo suficientemente forte que os aproximasse por um tempo mais significativo além daqueles 45 segundos de encontro casual, onde cumprimentos impessoais são trocados, demonstrando a boa educação que as respectivas mães lhes deram quando criança. Ainda assim, se você tentar prolongar, ainda que seja por mais 1 minuto somente, um contato como este, eu duvido que as mesmas questões citadas no fim do parágrafo anterior não venham à tona novamente. Então, como vencer este isolamento que nos afasta uns dos outros?... ou talvez a pergunta seja:
"Por que precisamos nos aproximar de outros? Eu estou tão bem comigo mesmo!"
O livro "The Search to Belong", de Joseph R. Mayers, descreve um conceito chamado de "espaços de relacionamentos", o qual define 4 categorias - público, social, pessoal e íntimo - de como as pessoas se sentem ligadas a determinados grupos ou situações, conforme seu interesse, tempo, sentimento, experiências anteriores, etc.
Este modelo parece explicar muitos dos comportamentos que vemos nos mesmos indivíduos em diferentes grupos associativos, desde igrejas, festas, jogos de futebol, até clubes sociais. Ainda assim, em maior ou menor grau, a pergunta anterior continua persistindo...

Há alguns anos atrás, devido a uma indicação que eu até hoje não consegui identificar, um senhor francês me contatou por e-mail na empresa onde então eu trabalhava, para nos oferecer um sistema que ele representava. Interessado pelo produto, eu dei continuidade às conversações que se estabeleceram, porém nunca ocorreu um negócio concreto entre as empresas. Ainda assim, toda vez que ele vinha ao Brasil nos encontrávamos pra conversar, falar das novidades locais, das conquistas pessoais, dos hobbies, da família, entre outras amenidades de interesse mútuo, situação que ainda se repete pelo menos uma vez ao ano nos últimos 7 anos.
Há 3 anos atrás, ele me contatou indignado: ele tinha planejado passar uma férias em diversas cidades do nordeste do Brasil com a esposa e o filho, porém ele não conseguia comprar passagens aéreas locais aos preços divulgados pelos sites das companhias porque ele não tinha uma coisa chamada CPF, e por telefone queriam cobrar mais do dobro do valor anunciado. Foi então que decidi dar um passo além: ofereci a ele comprar todas as passagens que ele precisasse no meu cartão de crédito (não preciso dizer que arrebentei meu limite) e quando ele chegasse, ele me pagaria. Graças a Deus deu tudo certo: comprei as passagens, ele viajou feliz com a família, e depois ainda me levou pra jantar no Figueiras - um restaurante bacana nos Jardins de São Paulo - sem deixar de quitar a dívida...
Desde então, posso dizer que nos tornamos amigos, talvez não tão chegados quanto outros (como ser amigo de um francês? Deve haver um livro pra isso...), mas o suficientemente próximos para estabelecermos fortes bases de confiança, inclusive para os negócios que temos recentemente feito juntos aqui no Brasil.
Com certeza, vejo que um fator decisivo para que este contato, com origem meramente comercial, se desenvolvesse em uma amizade foi o de ambos termos dado um passo além daqueles que mantivemos durante os primeiros anos de contato. E hoje, ele tem me ajudado inclusive quando passei por dificuldades financeiras...

Então eu retorno à pergunta:
"Por que precisamos nos aproximar uns dos outros?"
Há 2 semanas atrás, nosso amigo Osmar esteve por estas bandas, e conseguiu me fazer uma visita (coisa rara!!). Ambos tivemos a oportunidade de reencontrar alguns velhos amigos que não víamos há anos, e como foi importante poder reviver aqueles momentos que, em outros tempos, eram tão comuns e corriqueiros, e hoje parecem tão escassos e ao mesmo tempo tão valiosos...
Em um determinado momento, após colocarmos pra fora diversos assuntos que estavam pendentes, o Osmar me perguntou algo como:
"Gabriel, para onde você pretende levar toda esta leitura, discussão e busca que você está fazendo a respeito de comunidade e igreja?"
Confesso que eu ainda não tinha parado pra pensar no assunto tão explicitamente quanto a resposta requerida pela pergunta exigia, e ainda não cheguei a uma conclusão completa a respeito da mesma, porém acho que me arrisco a dizer:
Estou tentando encontrar um grupo de pessoas que esteja em uma busca semelhante, a de estabelecer o Reino de Deus aqui e agora entre nós, de modo a recriarmos aquilo que chamamos de igreja em um modelo não baseado em estruturas organizacionais, mas no interesse mútuo de estarmos preocupados com o objeto do amor de Deus: pessoas, gente... pelo simples prazer de perceber que nos fizemos, sem querer, discípulos dEle...
Hey!!... HEY!!!

Ainda tem alguém por aí?... por aí?... por aí?... por aí?...

terça-feira, 1 de julho de 2008

A Igreja ao Gosto do Freguês

Lindões, o texto abaixo me chegou através da boa e velha mailinglist do GEA (Grupo de Estudantes Adventistas). Trata-se de um artigo publicado na revista evangélica Chamada da Meia-Noite, que aborda profecias bíblicas sob um ponto de vista dispensacionalista, de março de 2005. O link para a matéria é
http://www.chamada. com.br/mensagens /igreja_ao_ gosto.html

Reproduzo a matéria aqui na esperança de que ele possa fomentar alguma discussão. O que acham??


A Igreja ao Gosto do Fregues

O movimento chamado "igreja ao gosto do freguês" está invadindo muitas denominações evangélicas, propondo evangelizar através da aplicação das últimas técnicas de marketing. Tipicamente, ele começa pesquisando os não-crentes (que um dos seus líderes chama de "desigrejados" ou "João e Maria desigrejados" ). A pesquisa questiona os que não freqüentam
quaisquer igrejas sobre o tipo de atração que os motivaria a assistir às reuniões. Os resultados do questionário mostram as mudanças que poderiam ser feitas nos cultos e em outros programas para atrair os "desigrejados" , mantê-los na igreja e ganhá-los para Cristo. Os que desenvolvem esse método garantem o crescimento das igrejas que seguirem cuidadosamente suas diretrizes aprovadas. Praticamente falando, dá certo!

Duas igrejas são consideradas modelos desse movimento: Willow Creek Community Church (perto de Chicago), pastoreada por Bill Hybels, e Saddleback Valley Church (ao sul de Los Angeles) pastoreada por Rick Warren. Sua influência é inacreditável. Willow Creek formou sua própria associação de igrejas, com 9.500 igrejas-membros. Em 2003, 100.000 líderes de igrejas assistiram no mínimo a uma conferência para líderes realizada por Willow Creek. Acima de 250.000 pastores e líderes de mais de 125 países participaram do seminário de Rick Warren ("Uma Igreja com Propósitos"). Mais de 60 mil pastores recebem seu boletim semanal.

Visitamos Willow Creek há algum tempo. Pareceu-nos que essa igreja não poupa despesas em sua missão de atrair as massas. Depois de passar por cisnes deslizando sobre um lago cristalino, vê-se o que poderia ser confundido com a sede de uma corporação ou um shopping center de alto
padrão. Ao lado do templo existe uma grande livraria e uma enorme área de alimentação completa, que oferece cinco cardápios diferentes. Uma tela panorâmica permite aos que não conseguiram lugar no santuário ou que estão na praça de alimentação assistirem aos cultos. O templo é espaçoso e moderno, equipado com três grandes telões e os mais modernos sistemas de som e iluminação para a apresentação de peças de teatro e musicais.

Sem dúvida, Willow Creek é imponente, mas não é a única megaigreja que tem como alvo alcançar os perdidos através dos mais variados métodos. Megaigrejas através dos EUA adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, espaços para guardar equipamentos, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds, tudo para o progresso do Evangelho. Pelo menos é o que dizem. Ainda que algumas igrejas estejam lotadas, sua freqüência não é o único elemento que avaliamos ao analisar essa última moda de "fazer igreja".

O alvo declarado dessas igrejas é alcançar os perdidos, o que é bíblico e digno de louvor. Mas o mesmo não pode ser dito quanto aos métodos usados para alcançar esse alvo. Vamos começar pelo marketing como uma tática para alcançar os perdidos. Fundamentalmente, marketing traça o perfil dos consumidores, descobre suas necessidades e projeta o produto (ou imagem a ser vendida) de tal forma que venha ao encontro dos desejos do consumidor. O resultado esperado é que o consumidor compre o produto. George Barna, a quem a revista Christianity Today
(Cristianismo Hoje) chama de "o guru do crescimento da igreja", diz que tais métodos são essenciais para a igreja de nossa sociedade consumista. Líderes evangélicos do movimento de crescimento da igreja reforçam a idéia de que o método de marketing pode ser aplicado - e
eles o têm aplicado - sem comprometer o Evangelho. Será?

Em primeiro lugar o Evangelho, e mais significativamente a pessoa de Jesus Cristo, não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos. Não podem ser modificados ou adaptados para satisfazer as necessidades de nossa sociedade consumista. Qualquer tentativa nessa direção compromete de algum modo a verdade sobre quem é Cristo e do que Ele fez por nós. Por exemplo, se os perdidos são considerados consumidores, e um mandamento básico de marketing diz que o freguês sempre tem razão, então qualquer coisa que ofenda os perdidos deve ser deixada de lado, modificada ou apresentada como sem importância. A Escritura nos diz claramente que a mensagem da cruz é "loucura para os que se perdem" e que Cristo é uma "pedra de tropeço e rocha de ofensa" (1 Co 1.18 e 1 Pe 2.8).

Megaigrejas adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds.

Algumas igrejas voltadas ao consumidor procuram evitar esse aspecto negativo do Evangelho de Cristo enfatizando os benefícios temporais de ser cristão e colocando a pessoa do consumidor como seu principal ponto de interesse. Mesmo que essa abordagem apele para a nossa geração
acostumada à gratificação imediata, ela não é o Evangelho verdadeiro nem o alvo de vida do crente em Cristo.

Em segundo lugar, se você quiser atrair os perdidos oferecendo o que possa interessá-los, na maior parte do tempo estará apelando para seu lado carnal. Querendo ou não, esse parece ser o modus operandi dessas igrejas. Elas copiam o que é popular em nossa cultura - músicas das
paradas de sucesso, produções teatrais, apresentações estimulantes de multimídia e mensagens positivas que não ultrapassam os trinta minutos. Essas mensagens freqüentemente são tópicas, terapêuticas, com ênfase na realização pessoal, salientando o que o Senhor pode oferecer, o que a
pessoa necessita - e ajudando-a na solução de seus problemas.

Essas questões podem não importar a um número cada vez maior de pastores evangélicos, mas, ironicamente, estão se tornando evidentes para alguns observadores seculares. Em seu livro The Little Church Went to Market (A Igrejinha foi ao Mercado), o pastor Gary Gilley observa
que o periódico de marketing American Demographics reconhece que as pessoas estão: ...procurando espiritualidade, não a religião. Por trás dessa mudança está a procura por uma fé experimental, uma religião do coração, não da cabeça. É uma expressão de religiosidade que não dá valor à doutrina, ao dogma, e faz experiências diretamente com a divindade, seja esta
chamada "Espírito Santo" ou "Consciência Cósmica" ou o "Verdadeiro Eu". É pragmática e individual, mais centrada em redução de stress do que em salvação, mais terapêutica do que teológica. Fala sobre sentir-se bem, não sobre ser bom. É centrada no corpo e na alma e não no espírito. Alguns gurus do marketing começaram a chamar esse movimento de "indústria da experiência" (pp. 20-21).

Existe outro item que muitos pastores parecem estar deixando de considerar em seu entusiasmo de promover o crescimento da igreja atraindo os não-salvos. Mesmo que os números pareçam falar mais alto nessas "igrejas ao gosto do freguês" (um número surpreendente de igrejas nos EUA (841) alcançaram a categoria de megaigreja, com 2.000 a 25.000 pessoas presentes nos finais de semana), poucos perceberam que o aumento no número de membros não se deve a um grande número de "desigrejados" juntando-se à igreja.

Durante os últimos 70 anos, a percentagem da população dos EUA que vai à igreja tem sido relativamente constante (mais ou menos 43%). Houve um crescimento, chegando a 49% em 1991 (no tempo do surgimento dessa nova modalidade de igreja), mas tal crescimento diminuiu gradualmente, retornando a 42% em 2002 (www.barna.org) . De onde, então, essas megaigrejas, que têm se esforçado para acomodar pessoas que nunca se interessaram pelo Evangelho, conseguem seus membros? Na maior parte, de igrejas menores que não estão interessadas ou não têm condições financeiras de propiciar tais atrações mundanas. O que dizer das
multidões de "desigrejados" que supostamente se chegaram a essas igrejas? Essas pessoas constituem uma parcela muito pequena das congregações. G.A. Pritchard estudou Willow Creek por um ano e escreveu um livro intitulado Willow Creek Seeker Services (Baker Book House,
1996). Nesse livro ele estima que os "desigrejados" , que seriam o público-alvo, constituem somente 10 ou 15% dos 16.000 membros que freqüentam os cultos de Willow Creek.

O Evangelho e a pessoa de Jesus Cristo não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos.

Se essa percentagem é típica entre igrejas "ao gosto do freguês", o que provavelmente é o caso, então a situação é bastante perturbadora. Milhares de igrejas nos EUA e em outros países se reestruturaram completamente, transformando- se em centros de atração para "desigrejados" . Isso, aliás, não é bíblico. A igreja é para a maturidade e crescimento dos santos, que saem pelo mundo para alcançar os perdidos. Contudo, essas igrejas voltaram-se para o entretenimento e
a conveniência na tentativa de atrair "João e Maria", fazendo-os sentirem-se confortáveis no ambiente da igreja. Para que eles continuem freqüentando a "igreja ao gosto do freguês", evita-se o ensino profundo das Escrituras em favor de mensagens positivas, destinadas a fazer as
pessoas sentirem-se bem consigo mesmas. À medida que "João e Maria" continuarem freqüentando a igreja, irão assimilar apenas uma vaga alusão ao ensino bíblico que poderá trazer convicção de pecado e verdadeiro arrependimento. O que é ainda pior, os novos membros recebem uma visão psicologizada de si mesmos que deprecia essas verdades. Contudo, por pior que seja a situação, o problema não termina por aí.

A maior parte dos que freqüentam as "igrejas ao gosto do freguês" professam ser cristãos. No entanto, eles foram atraídos a essas igrejas pelas mesmas coisas que atraíram os não-crentes, e continuam sendo alimentados pela mesma dieta biblicamente anêmica, inicialmente
elaborada para não-cristãos. Na melhor das hipóteses, eles recebem leite aguado; na pior das hipóteses, "alimento" contaminado com "falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam" (2 Tm 6.20). Certamente uma igreja pode crescer numericamente seguindo esses moldes, mas não espiritualmente.

Além do mais, não há oportunidades para os crentes crescerem na fé e tornarem-se maduros em tal ambiente. Tentando defender a "igreja ao gosto do freguês", alguns têm argumentado que os cultos durante a semana são separados para discipulado e para o estudo profundo das Escrituras. Se esse é o caso, trata-se de uma rara exceção e não da regra!

Como já notamos, a maioria dessas igrejas, no uso do seu tempo, energia e finanças tem como alvo acomodar os "desigrejados" . Conseqüentemente, semana após semana, o total da congregação recebe uma mensagem diluída e requentada. Então, na quarta-feira, quando a congregação usualmente se reduz a um quarto ou a um terço do tamanho normal, será que esse
pequeno grupo recebe alimentação sólida da Palavra de Deus, ensino expositivo e uma ênfase na sã doutrina? Dificilmente. Nunca encontramos uma "igreja ao gosto do freguês" onde isso acontecesse. As "refeições espirituais" oferecidas nos cultos durante a semana geralmente são
reuniões de grupos e aulas visando o discernimento dos dons espirituais, ou o estudo de um "best-seller" psico-cristão, ao invés do estudo da Bíblia.

Talvez o aspecto mais negativo dessas igrejas seja sua tentativa de impressionar os "desigrejados" ao mencionar especialistas considerados autoridades em resolver todos os problemas mentais, emocionais e comportamentais das pessoas: psicólogos e psicanalistas. Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão. Seus milhares de conceitos e centenas de metodologias não-comprovados são contraditórios e não científicos, totalmente não-bíblicos, como já documentamos em nossos livros e artigos anteriores. Pritchard observa: ...em Willow Creek, Hybels não somente ensina princípios psicológicos, mas freqüentemente usa esses mesmos princípios como guias interpretativos para sua exegese das Escrituras - o rei Davi teve uma crise de identidade, o apóstolo Paulo encorajou Timóteo a fazer análise e Pedro teve problemas em estabelecer seus limites. O ponto crítico é que princípios psicológicos são constantemente adicionados ao ensino de Hybels" (p. 156).

Durante minha visita a Willow Creek, o pastor Hybels trouxe uma mensagem que começou com as Escrituras e se referia aos problemas que surgem quando as pessoas mentem. Contudo, ele se apoiou no psiquiatra M. Scott Peck, o autor de The Road Less Travelled (Simon & Schuster, 1978) quanto às conseqüências desastrosas da mentira. Nesse livro, M. Scott Peck declara (pp. 269-70): "Deus quer que nos tornemos como Ele mesmo (ou Ela mesma)"!

Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão.

A Saddleback Community Church está igualmente envolvida com a psicoterapia. Apesar de se dizer cristocêntrica e não centrada na psicologia, essa igreja tem um dos maiores números de centros dos Alcoólicos Anônimos e patrocina mais de uma dúzia de grupos de ajuda
como "Filho s Adultos Co-Dependentes de Viciados em Drogas", "Mulheres Co-Viciadas Casadas com Homens Compulsivos Sexuais ou com Desordens de Alimentação" e daí por diante. Cada grupo é normalmente liderado por alguém "em recuperação" e os autores dos livros usados incluem psicólogos e psiquiatras (www.celebraterecov ery.com). Apesar de negar o uso de psicologia popular, muito dela permeia o trabalho de Rick Warren, incluindo seu best-seller The Purpose Driven Life (A Vida Com Propósito), que já rendeu sete milhões de dólares. Em sua maior parte, o livro fala de satisfação pessoal, promove a celebração da recuperação e está cheio de psicoreferências tais como "Sansão era dependente".

A mensagem principal vinda das igrejas psicologicamente motivadas de Willow Creek e Saddleback é a de que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo são insuficientes para livrar uma pessoa de um pecado habitual e para transformá-la em alguém cuja vida seja cheia de fruto e agradável a Deus. Entretanto, o que essas igrejas dizem e fazem tem sido exportado para centenas de milhares de igrejas ao redor do mundo.

Grande parte da igreja evangélica desenvolveu uma mentalidade de viagem de recreio em um cruzeiro cheio de atrações, mas isso vai resultar num "Titanic espiritual". Os pastores de "igrejas ao gosto do freguês" (e aqueles que estão desejando viajar ao lado deles) precisam cair de
joelhos e ler as palavras de Jesus aos membros da igreja de Laodicéia (Ap 3.14-21). Eles eram "ricos e abastados" e, no entanto, deixaram de reconhecer que aos olhos de Deus eram "infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus". Jesus, fora da porta dessas igrejas, onde O colocaram
desapercebidamente, oferece Seu conselho, a verdade da Sua Palavra, o único meio que pode fazer com que suas vidas sejam vividas conforme Sua vontade. Não pode existir nada melhor aqui na terra e na Eternidade!