sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Isso era um comentário mas ficou muito grande... rs

Gente, vocês não imaginam o quanto essas discussões têm me ajudado!

Não estou conseguindo elaborar tão bem o que penso ainda, porque as coisas ainda estão bem confusas na minha cabeça, mas ao mesmo tempo eu sinto uma convicção muito grande que estamos caminhando em direção à essência - e que na verdade essa caminhada vai perdurar por toda a vida...

1 - Sobre vocês e o blog
Vocês e mais alguns poucos amigos têm sido a minha melhor referência de igreja atualmente, e isso é maravilhoso, considerando as distâncias e os diferentes "graus de amizade" que temos! Sim, isso é igreja!

2 - Os efeitos
Refletir dessa forma sobre o que creio, por que creio, a existência de Deus, o papel da igreja e as formas de religião, no mínimo me faz viver toda e qualquer experiência religiosa, individual ou coletiva - seja na igreja, no meu quarto, num restaurante com amigos ou na casa deles, no trabalho ou num parque com desconhecidos - de forma mais honesta, pura, sincera e verdadeira. Estou me despindo cada vez mais dos preconceitos (e são tantooooossss!!), me colocando mais ao lado das pessoas, respeitando suas diferentes experiências, falando das minhas próprias experiências muito mais despretensiosamente.

Porque tenho a impressão de que a única coisa que inegavelmente temos em comum é a busca. A forma como buscamos e como lidamos com o que encontramos é totalmente individual e intransferível! Porque depende de como cada um pensa, percebe e interpreta. De quanto cada um se entrega à experiência. De quanto cada um é honesto consigo mesmo (o que me parece um pré-requisito para ser honesto com as outras pessoas e com Deus).

Evangelizar pra mim é um verbo que mudou de significado! Não consigo mais acreditar em evangelismo como me foi ensinado. Ninguém evangeliza ninguém! A gente busca a Deus, aprende a viver como Jesus e a conviver com as pessoas tendo a postura que Ele tinha e só! Qualquer coisa que acontece com quem estiver por perto de nós será uma experiência da pessoa com Deus! A gente só se torna alguém ou um grupo de pessoas com quem é gostoso partilhar sem ser julgado e sem julgar, todos conscientes de que ninguém tem todas as respostas - e dessa forma aptos a sermos usados por Deus como bênçãos a outros!

3 - O que me incomoda
Recentemente, andei me incomodando um bocado com o fato de que as minhas maiores convicções são empíricas. Porque eu percebo a atuação de Deus na minha vida, claramente. Eu percebo Ele se preocupando com as minhas dúvidas, respondendo pontualmente cada uma delas (ainda que seja me dando mais informação para processar e me deixando mais confusa, mas não fugindo do assunto). Eu percebo que Ele atua na minha mente e no meu coração. Me vejo agindo em algumas situações, naturalmente, de forma totalmente diferente do que tem sido natural para mim desde que me conheço por gente. Estou sendo transformada na essência. Sei que não é minha própria capacidade, é Ele. Percebo Sua atuação na comunidade apesar de todos (e são muitos) os problemas que enfrentamos como organização. Como pode isso acontecer? Pessoas se encontrando, sendo transformadas. É totalmente empírico, mas é incontestável!

>> E por falar em comunidade, igreja, que é o grande tema do qual estamos tratando aqui, estou tendendo ao que o Osmar levantou: paradoxalmente, a questão é muito mais individual do que coletiva. A idéia é ser um conjunto de indivíduos em busca e constante transformação - e por isso mesmo capazes de ouvir sem julgamento, dispostos a compreenderem e suprirem as necessidades mútuas.

Mas voltando ao tema, comecei a perceber que as experiências de todos, até dos melhores argumentadores entre meus amigos, no fim das contas também são empíricas. Algumas das suas "razões" para não crer, é porque estão "testando" algo, testando não crer. E não negam que percebem a existência de algo que nos transcende e buscam respostas (voltando à estaca zero).

4 - O que atrapalha
Essa semana, estava conversando com uma amiga sobre como as pessoas criam sua própria religião, seu conjunto de crenças e tentam vender e até impor a outros. Porque adquirimos um pouquinho de conhecimento e entendemos que precisamos disseminá-lo, nos tornamos pessoas desrespeitosas e inconvenientes, sob a bandeira de "bem-intencionadas". E quando nos é conveniente, nos contradizemos fazendo concessões. Racionalizamos "desculpas esfarrapadas" com "embasamento bíblico" e ficamos "equilibrando pratinhos" para justificar-nos. Com isso, tornamo-nos completamente incoerentes e péssimos representantes de Cristo! Imagino Jesus se contorcendo ao ver pessoas tentando pregar sobre Ele mas agindo dessa forma completamente oposta ao Seu caráter!

5 - Aqui vai realmente o comentário
E aqui chego à questão que o Osmar comentou sobre suprir as necessidades das pessoas. O que falta é interessar-nos mesmo por fazer a obra que Jesus fazia, ser como Ele. "Ir" pode ser simplesmente ficar quando alguém é abandonado por todos por causa de suas idéias e questionamentos. Pode ser abrir mão de algumas horas de sono para ouvir alguém que precisa desabafar. Pode ser dividir comida, casa, oportunidade de trabalho. Pode ser apenas passar tempo ao lado de um parente doente, um idoso, uma criança sem lar. Pode ser perdoar e continuar tolerando aquela pessoa que te irrita sempre da mesma forma pela "trocentésima" vez, e continuar agindo com respeito e amor com ela... e fazer isso entendendo que é exatamente isso que todos precisamos - e é o que Deus faz conosco!

sábado, 6 de setembro de 2008

IDE = Vá até as pessoas ou Venham à mim?

Olá Pessoal,

Estou observando a discussão interessante aí que está rolando...

Tenho sensações estranhas sobre os grilhões que parecem nos prender a pre-conceitos. Parece claro que buscamos novas formas de agregações religiosas, ou mesmo que seja, redescobrir a roda.

Realmente passei um sábado muito agradável com o Gabriel e outros amigos, mas também me pareceu que não estamos muito prontos para não estar em um ambiente com paredes e um cara estranho falando lá da frente, dizendo-nos o que fazer o que não fazer, sendo que ele nem nos conhece.

Coloquei esse título do post porque essa idéia me parece também meio contraditória, ou uma história incompleta. Confesso que esse insight também não está claro na minha mente, mas vou tentar expor o que tenho pensado sobre. Vai que alguém dá uma luz aí.

Quando Jesus ordena o IDE, Ele realmente nos mandava ir? Nem sempre Ele foi. Várias vezes vieram a Ele. Ahhh, outra coisa, Jesus utilizou todas as ferramentas possíveis de evangelismo? Não há mais nenhuma forma que possa ser diferente?

Por que pergunto tudo isso? Lendo as coisas do blog, parece que vejo a gente tentando misturar tudo ao mesmo tempo, não que esteja errado, mas parece que queremos padronizar soluções. Queremos montar nossa vida pessoal, profissional, religiosa, financeira tudo no mesmo saco. Vocês acham que é por aí? Bom, mas aí vão falar, você não pode separar essas coisas, você tem de ter religião na sua vida pessoal, sua vida profissional é recheada da sua vida pessoal e mais a sua ética que vem atrelada à sua religião. E é claro, tudo acaba sendo misturado.

O que acabo vendo disso tudo é que buscamos, a partir de ambientes diferentes, situações diferentes, culturas e padrões diferentes tentar achar algo comum para nossas reuniões religiosas e aplicações do famoso IDE.

É claro que esse modelo que está aí da nossa religião (instituição) já não nos atende mais, mas será que não seria o caso de cada um de nós ver que a solução é ainda mais personalizada que imaginamos? Ou seja, a forma que penso para mim num interior e sem filhos pode não ser a mesma para o Gabriel, cosmopolita, com filhos, e nem para o Klébert estrangeiro. Pode ser que para um de nós, o IDE signifique vá, e procure pessoas, faça o marketing que Jesus algumas vezes se utilizou mandando os curados contarem o que tinha ocorrido a eles. Para outros de nós, pode ser que o IDE signifique seja uma âncora segura para quem procurar você.

Eu estou aprendendo essas personalizações de acordo com as necessidades pessoais das pessoas que tenho contato. Sempre tivemos a pretensão de massificar as pessoas que procuram Jesus. Então a igreja faz séries de conferência e dá um caderninho básico com as crenças que a massa tem de ter. Mas sempre acontece que não é isso que as pessoas procuram. As pessoas procuram outras pessoas. As pessoas procuram Jesus, por diferentes formas. Hoje, procuro entender as necessidades e aí eu estudo para poder suprir essas necessidades. Claro eu gosto muito de estudar sobre o santuário, e por isso, eu sempre achei que essa era a maior necessidade de conhecimento das pessoas. E não é. Santuário e coisas afins são a minha necessidade.

Acho que atender essas pessoas nas suas necessidades é que fará nossa igreja. Isso será nossa igreja. Como o Klébert citou e estamos carecas de saber é que a Dona Branca já dizia que um cara do Reino já nasce missionário. Penso que sempre tivemos a concepção errada sobre isso. Estou atualmente entendendo que esse ser missionário envolve o atendimento às necessidades das pessoas. Assim como Jesus atendia às necessidades reais.

Por isso, nessa semana comecei a pensar que cada um de nós vai descobrir a melhor forma de ser a sua igreja. De agregar a essa igreja seus mais próximos e estimular que cada um também faça isso, mas como serão pessoas diferentes, serão formas diferentes, atendendo a necessidades de pessoas diferentes, e creio que Deus as atenderá a cada um, conforme a necessidade de cada um.

Como seria interessante um encontro dessas pessoas. Todos contando como Deus operou nelas de formas diferentes, em tempos diferentes, e acho que isso faria melhorar inclusive nossa própria compreensão do evangelho.

Isso seria uma igreja "Contemporânea pós-moderna"?

Isso renegaria o princípio da unidade em Cristo?


Bom pessoal, é isso aí. Vamos discutir isso.