sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"Como entrar no Reino em dois dias"

Um fato que o leitor da Bíblia logo descobre é que ela é impiedosa na hora de dizer quem ele é. Não precisa chegar lá em Romanos e ler que “todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus” (3:23), logo nos primeiros capítulos de Gênesis fica bem claro o tipo de sujeitos que nós, como pertencentes da raça humana, somos. Mas o leitor da Bíblia consegue continuar a leitura e então descobre um outro fato: a Bíblia também carrega nas tintas na hora de descrever o tipo de pessoas que nós podemos ser. Vencedores, impolutos, justos, amorosos, benignos, fiéis, corajosos, compassivos, misericordiosos, cheios de paz e serenidade e movidos a esperança.

Em suma, o leitor da Bíblia logo descobre que há algo que ele é e algo radicalmente diferente no que ele deve se tornar. Há um abismo aparentemente intransponível entre um momento e outro. A distância é grande demais! Muitos desanimam e deixam pra lá, se conformando com alguns ajustezinhos exteriores (estilo de vida, vestuário, etc). Mas há alguns outros que querem realmente saber como sair do momento A para o momento B, aquele no qual ele se torna o que Deus sonhou para ele.

Bem, a idéia tradicionalmente pregada por aí a respeito do programa “como se tornar um cidadão do reino de Deus” envolve, basicamente, começar a freqüentar uma igreja, aonde, com alguma sorte, ele vai ser encorajado a ler alguns versos da Bíblia por dia, a orar antes das refeições e/ou antes de dormir e a prestar atenção no que um líder espiritual vai falar durante trinta ou quarenta minutos uma vez por semana. Isso, mais a participação em alguns sacramentos (que variam de igreja para igreja), seria o programa completo.

Seria esse o caminho? Bem, voltemos a nossa condição de leitores da Bíblia e aí vamos ser forçados a identificar nas biografias de praticamente todos os grandes homens ali mencionados um período em que o contato com Deus foi intenso – e não de apenas uns curtos momentos diários. Moisés passou 40 anos no deserto, Paulo passou 3 anos na Arábia, Jonas passou 3 dias no ventre de um peixe, José teve seu período decisivo enquanto era levado como escravo até o Egito. O próprio Jesus passou 40 dias no deserto e Seus discípulos, 50 dias reunidos “e perseveravam unânimes em oração” (Atos 1:14). Isso evidencia que o tempo varia de um para outro, mas o padrão é repetido vezes demais para ser negligenciado. Em suma, a conclusão é: precisamos de um período de intenso contato com Deus. Precisamos de um tempo de “deserto”.

Dallas Willard usa uma ilustração do fato que vale a pena repetir: postar-se abaixo de um chuveiro que deixa cair um pingo a cada 5 minutos, ainda que durante horas ou dias inteiros, não vai fazer você tomar banho.

Faça seus planos. Projete seu tempo de deserto. Um final de semana, um feriado. Um lugar sem televisão, sem muita gente, de preferência sem ninguém que você conhece. Tenha por companhia uma Bíblia, um hinário, talvez um bom livro. Mas o vital é não ter um programa cheio. Você precisa de tempo, muito tempo livre. E o mais importante: você precisa de sede e fome de conhecer a Deus.

Ou então, contente-se com as gotas esparsas que você tem permitido caírem sobre você.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Em retrospecto, uma palavra de gratidão.

Um dia a jornada vai chegar ao fim. Se alcançarmos a vitória poderemos olhar para trás e ver que a batalha foi travada e ganha pelo nosso amigo Jesus. Veremos quantas vezes caímos distraídos, cansados ou enganados. Veremos sua serena e constante paciência tomando-nos pela mão, atando as feridas e oferecendo-nos encorajamento. Veremos como vencemos pequenas lutas diárias apenas invocando o Seu poderoso Nome. Veremos quantas vezes legiões de anjos ofereceram um escudo impenetrável contra o ódio do inimigo e suas tentativas assassinas contra a nossa vida. Veremos como titubeamos, mas prosseguimos sendo relembrados a manter nossos olhos concentrados em nosso amado salvador. Veremos com que cuidado e carinho ele nos levou nos braços enquanto atravessamos delirantes de dor, tristeza, revolta e medo o monstruoso vale da morte. Veremos como ele se alegrou, cantou, sorriu e dançou conosco quando celebramos os nossos sucessos. O nosso coração não vai se conter de gratidão! A eternidade será curta demais para expressarmos a genuína e profunda gratidão pelo nosso amorável amigo, salvador e redentor. Nossas palavras serão tacanhas. Nossas tentativas serão vãns para dizer o quanto amamos a Jesus e o quanto somos agradecidos a Ele por nossa vitória. Mas ele sabe tudo. Ele sabe até que não temos palavras! O nosso cântico e o nosso olhar vai traduzir tudo! O abraço apertado de boas vindas nos fará esquecer o passado, e nos fará lembrar do futuro brilhante que teremos pela frente.