quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Minhas impressões sobre o Pagan Christianity

Olá!
Fazendo jus ao voto de confiança dos moderadores, já estava na hora de eu postar alguma coisa aqui, né? Haha

Para começar, gostaria de compartilhar um post que escrevi no meu blog no clássico sistema ctrl+C, ctrl+V rs:

(...)
Bem, vamos ao que interessa: a coisa terrivelmente importante que aconteceu dessa vez [para entender o contexto, visite meu blog] foi a leitura de um livro, por indicação do Gabriel, um veterano geano, chamado Pagan Christianity, escrito por Frank Viola e George Barna. Pra vocês terem uma noção do drama, o cara me trouxe o livro dos Estados Unidos (hoje, o livro está disponível em português) e eu demorei 6 meses para lê-lo. Há algumas semanas atrás um rapaz que já havia lido o livro me viu com ele e me disse em tom de brincadeira: “Cuidado com esse livro! É perigoso! Quando você terminar de lê-lo você vai sair da igreja”. Eu repliquei: “Perigoso nada, até que é levinho”. Até então eu tinha lido 1/3 do livro. Os outros 2/3 eu li nas ultimas duas semanas. Eu mal sabia o quanto eu estava enganado.

Ok, sensacionalismos à parte, o Frank Viola é um dos caras mais influentes no movimento das “house churches”, tendo nos últimos 20 anos se reunido com várias delas nos EUA. Ele é nacionalmente reconhecido como uma das grandes vozes quando se trata de novas tendências para a igreja e realiza conferências sobre aprofundamento na vida cristã. Escreveu vários livros revolucionários sobre uma restauração radical da igreja. O George Barna é o presidente da Good News Holdings, uma empresa de multimídia em LA, produzindo filmes e programas para a TV. Ele é também fundador e diretor do Barna Group que é uma empresa de pesquisa voltada aos cristãos, para fins estatísticos e de direcionamento de mercado.

A idéia central do livro é a seguinte: os cristãos em geral costumam estufar o peito e dizer que fazem tudo de acordo com a Bíblia, tintim por tintim. Contudo, essas práticas atuais diferem muito das práticas da igreja primitiva. E qual não é a surpresa ao descobrir que o prédio da igreja, a ordem do culto de adoração (liturgia), o sermão, o pastor, as roupas "de ir no culto", os ministros de música, o dízimo e o salário pastoral, as formas atuais do batismo e da santa ceia e a educação cristã tem todos raízes pagãs, sem nenhuma relação com o modelo neotestamentário! Isso vai totalmente contra aquela idéia de que fazemos tudo “de acordo com a Bíblia”. Segundo os autores, é esse o motivo de grande parte dos problemas básicos que enfrentamos como igreja na nossa experiência religiosa (haha esse termo é bem útil, Gabriel) atual, independente da denominação cristã a que se pertença. Ainda mais, essas práticas entram EM CONFLITO com a receita original da igreja.

Só por aí já dá pra você prever porque o rapaz lá em cima me falou que esse livro é perigoso, rs. Bem, se tudo fosse conjectura isso não seria problema. Acontece que a idéia dos caras não foi logo de início refutar o sistema atual, mas procurar as raízes das práticas atuais. E qual não foi a surpresa ao constatar a controversa origem de cada um desses itens que eu citei. Eles fizeram uma extensa pesquisa bibliográfica para analisar cada um desses pontos (no mínimo uns 30% em área do livro é nota de rodapé. Em fonte tamanho 8. Vocês imaginem o quanto de referências o livro tem.).

Eu fiz um resumo do livro (bem meia boca) se você for preguiçoso/a e não quiser lê-lo. Apenas para você ter uma noção geral. O livro referencia todas as afirmações que faz, dando a base histórica e sua fonte. Vocês podem conferir o resumo no post anterior. Eu os encorajo a ler o livro inteiro. Será um tempo investido em algo valioso.

A minha primeira conclusão lógica foi a seguinte: ora, nesse contexto todo você tem duas opções. Ou eu parto do pressuposto de que a origem de uma prática determina sua natureza (Fulano não pode ser bom, olha de onde ele veio; bateria na igreja não é bom porque sua origem vem dos cafundós dos macumbeiros etc), ou eu avalio a natureza dessa prática por outros parâmetros (vejo os "frutos" do Fulano; vejo a atual função da bateria e suas implicações, etc): ou eu falo que uma prática é ruim por ser pagã ou eu avalio se ela é ruim por outros parâmetros. Eu achava que o livro iria atacar as práticas e justificar o ataque a elas pela sua origem pagã. Mas, de fato, eles demonstraram como essas práticas são danosas simplesmente por serem conflituosas com a forma como a igreja original funcionava (invenção de Deus).

Meu, estufa-se o peito para falar que a Reforma de Saúde é urgente e necessária pois afinal, Deus conhece o nosso maquinário, e sabe a melhor forma dele funcionar (e ainda assim há controvérsias). Raios, porque não há tanta preocupação assim em relação a como o Corpo de Cristo deveria funcionar? Até quando irá se transgredir o mandamento de Deus em função da tradição?

Bem, isso não quer dizer que Deus não trabalhe nas instituições, apesar do status quo. Apesar disso, esses estudos não deixam de me causar um certo amargor. Como ir às reuniões da igreja sabendo disso sem sentir desaprovação, e pensar que tudo poderia ser diferente, melhor? Mais triste ainda é notar que vários problemas que são enfrentados na igreja hoje seriam totalmente ausentes caso não ocorressem várias dessas práticas desnecessárias. Quanto esforço é gastado nesses problemas "criados", energia que poderia ser usada em relacionamentos, ajuda a outros, amor genuíno! Quanto desperdício!

É claro, há aí também uma oportunidade de desenvolver algo totalmente novo. Mas como é difícil mudar!
Eu acredito que Deus não permita que certas informações cheguem a nós por caso, e nenhum sentimento surja sem propósito (mesmo que seja o de mostrar que todo tempo estávamos errados, por vezes).

O livro me ofereceu um senso de libertação. Muito tempo antes de ler seu livro eu já sentia que a minha experiência religiosa, nos moldes em que sempre aconteceram, limitaram a minha visão de como Deus pode atuar. Deus não é apenas um conceito, uma filosofia, uma idéia que a gente coloca dentro da cabeça e pronto. Deus está vivo! E como está vivo, não está parado. Que grande erro é pensar que não há muito mais a se estudar, a se conhecer, a se experimentar! (Pode parecer bobagem, mas é algo muito importante, principalmente quando se nasce e cresce no meio institucional, no qual todos "deduzem" que aquilo já é "natural" pra você).

No momento sou forçado a refletir, como naquela música do Leonardo Gonçalves: "Agora é o momento em que tenho que decidir/Se ao Deus verdadeiro ou à imagem que dEle criei quero servir". Não faz sentido que aquilo a que chamamos "experiência com Deus" seja algo estático, apenas um conjunto de doutrinas como costumeiramente é tratada. E, querendo ou não, quando se fala que se "tem a verdade" (postura muito comum, principalmente entre os adv), é fácil cair no típico conformismo laodiceano. O capítulo sobre Educação Cristã foi muito útil em elucidar as origens do ensino formal e estático das escrituras de hoje. Não é de se admirar que conforme o tempo passe, teias de aranha se instalem nos estudos bíblicos que passam a sofrer de anacronismo. Me parece claro que esse problema não ocorreria se a transmissão de conhecimento se desse de forma dinâmica e experimental. O essencial seria propagado e posto em prática. Não daria para negar sua eficácia. As coisas não seriam pensadas em termos de "refutável" e "não refutável". E seriam altamente relevantes. Como Jesus já disse: "Com isto todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês amarem uns aos outros" João 13:35. Quer necessidade maior do que essa?

Será que uma home church é a solução? Não sei. Muitas home churches dão errado também, assim como muitas igrejas primitivas deram errado.
Será que sair da igreja institucionalizada é uma solução? Também não vejo como isso pode ser construtivo. (Afinal, uma analogia que meu pai usa muito é a de que "a igreja é um hospital". Logo, se enxergamos problemas, no mínimo é nosso dever solucioná-los. É uma ótima e válida motivação. É aí que se precisa ser um idealista...)

Por enquanto, sou obrigado a me colocar nas mãos de Deus e apostar na sinceridade das pessoas, do mesmo jeito que Ele faz.

Deus não nos fez apenas para sermos resgatados, mas para viver uma vida junto dEle com o máximo com o que ela tem a oferecer! (vulgo abundância)

No momento estou cansado. Cansado das mesmas coisas, cansado de ruminar uma velha esperança. Cansado de apoiar convicções de vida sobre uma cartilha.

Contudo, ao pensarmos que, com Deus, já estamos vivendo a Eternidade, tudo ganha outra perspectiva.

Pois é, mais do que nunca, "é preciso saber viver..."

domingo, 2 de agosto de 2009

Explorando evangelismo

Lendo recentemente o novo livro do Dallas Willard, Knowing Christ Today --- why we can trust spiritual knowledge (espero fazer uma resenha dele um dia desses), deparei-me com uma interessante discussão sobre o conhecimento de Cristo, e o pluralismo e a exclusividade. A pergunta central da análise é algo do tipo:

É arrogante e destituido de amor pensar que você está correto e outros estão errados sobre as questões mais fundamentais da existência humana?

Matutando sobre esta questão percebí que ela se coloca no cruzamento central da gerras geradas por motivos religiosos, da multidão de denominações na religião cristã, e mesmo dos cismas dentro da própria igreja adventista. O que me preocupa mais ainda é que evangelismo necessariamente implica exclusivimo. Nesse contexto gostaria de propor, no velho estilo do GEA-USP, uma troca de idéias sobre o que é, e o que deve ser de fato evangelismo.

Não sei como vocês se sentem, mas sinto que esta seja uma palavra carregada, que evocam reações conflitantes no íntimo de muitos, tal qual a expressão "reforma de saúde", por exemplo. Arriscaria dizer que as reações variam e provavelmente distinguem os quentes (primeiro amor) dos mornos (laodiceanos) e frios (cínicos) dentro da igreja. Porém, queira ou não, este é um tema central para a experiência religiosa, para justificar a existência de organizações e denominações, e, claro, para explicar a igreja, o que quer que este nome represente. O que vocês conseguem ver sobre o tema do seu lado da rua?