quarta-feira, 28 de abril de 2010

A castração do adventismo

Ontem almocei com amigos, adventistas de quem sou cliente. Superado o blábláblá das coisas de trabalho, fiquei surpreso com a primeira pergunta que eles me dispararam: como anda sua fé? Muito bem, obrigado, foi minha resposta. Eles não ficaram decpecionados com ela, mas deu para ver que eles não se surpreenderiam se a resposta fosse outra.

No desenvolvimento da conversa entendi as razões da pergunta: disseram ter informações de fontes fidedignas dando conta que a IASD no Brasil está diminuindo de tamanho. Requentaram a velha problemática da demora da volta de Jesus, de estarmos fazendo a mesma pregação há 160 anos; no fim a dúvida é: não deveríamos falar de outras coisas? Mudar o enfoque? Parar com essa paranóia pré-advento?

Sugeri que eles lessem "A visão apocalíptica e a castração do adventismo", de George Knight, que já temos em português, uma sugestão (para não dizer ordem) de leitura dos compadres Lilian e Klebert.

Podemos até discutir essa mudança de discurso coletivamente. Eu concordo com o Knight de que isso seria tornar a igreja adventista irrelevante, mas ok, podemos discutir. Só que na esfera individual não consigo deixar de ser (logo depois de cristão e um pouco antes de ser do sétimo dia e tantas outras coisas)um adventista. Não quero começar a espancar os conservos, como faz aquele servo da parábola que diz em seu coração "meu Senhor tarda em vir". A quantidade de advertências a viver como se na iminência da volta de Jesus que encontro nos evangelhos não me deixa colocar a questão senão na primeira fila.

E vocês?

domingo, 25 de abril de 2010

A sétima geração

Alguém ai que começou o ano bíblico já chegou em Gênesis 4? Se sim você deve ter se familiarizado com um tal de Lameque, pai de uns meninos prodígios na área de música, ferramentas e pecuária. Pois bem, eu estava lendo esta exótica e obscura passagem da biblia me perguntando por que o tal do Lameque é apresentado com mais detalhes que os demais filhos de Caim.

Anos atrás escrevi e preguei um sermão entitulado Os Dois Enoques no qual comparo os destinos tão diversos dos filhos de Caim e Jarede e como eles caracterizam a distinta separação existente entre os filhos de Deus e filhos dos homens. A distinção chega ao climax por ocasião do dilúvio quando Noé era o único justo em meio a uma geração perversa marcada pela corrupção do matrimônio (Gen 6:2, Mat 24:38) e violência (Gen. 6:11).

Pensando neste antigo sermão, fiz uma descoberta interessante: Lameque, o sétimo depois de Adão pela linhagem de Caim, além de vingativo e zombeteiro dos decretos divinos (Gen. 4:15, 23 e 24), é o primeiro polígamo mencionado na Bíblia. Em outras palavra, mais que ninguém, Lameque representa a geração que entristeceu a Deus e se perdeu no dilúvio. Advinha quem é o sétimo depois de Adão pela linhagem de Sete*, e qual foi o seu destino?

Ah, e para os numerólogos de plantão alguém ai já ouviu falar do número da perfeição?


*A linhagem que invocava o nome do Senhor, como está escrito no fim do capítulo 4 de Gênesis

De volta a ser criança...

Uns dias atrás ganhei um presente do Fred que me fez voltar a ser criança. O presente foi este livro. Se você não clicou no link, informo que não se trata da última versão ilustrada dos tres porquinhos ou da chapeuzinho vermelho, mas do livro que quanto mais eu leio o considero a encarnação (ou deverida dizer encadernação) de tudo que o GEA causou de bom na minha vida, e quando falo vida, refiro-me da vida lá do alto.

Mas antes que alguém objete que eu já não era mais criança quando o GEA foi parte da minha vida no período pre-cambriano, argumento que eu era apenas um bebê nascido lá do alto neste tempo.

E qual é o ponto? O ponto é que o Rob Bell tem um jeito bem GEAno de tratar dos assuntos que ele trata. Por exemplo, ele começa com perguntas; mil perguntas; perguntas ingênuas, atrevidas, sublimes, ousadas. Depois conecta umas idéias simples, mas lindas, profundas, sutis, bem no estilo de nossas antigas discussões no GEA. Estes momentos de arrebatamento, e maravilha só são possíveis quando dois ou mais estão reunidos para livremente descobrir o significado e o mistério da Palavra. Foram estes momentos mágicos na pré-história do GEA que me fizeram nascer... de novo. E produziram aqueles sentimentos de deslumbramento com o mundo que só uma criança pode ter.

Hoje, dinossauro feito, tinha me esquecido dos mesmos deslumbramentos. Refletindo sobre os mesmos após uma passagem particularmente genial do Rob Bell, dei-me conta de que preciso resgatar a mágica de ser criança de novo. Bem como disse Jesus, só assim para ver o reino.

Valeu Fred, por ser instrumental em resgatar o menino adormecido no coração do dino.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Adventismo: a hora da estrela - Longevidade

Anos atrás Dr. Lee, o médico coreano arauto da alimentação saudável, que gostava de cantar aquela musiquinha "smile", dizia que a mensagem de saúde era a "mão mirrada" do Adventismo. É interessante ver que o Adventismo hoje encontra-se na posição mais favorável em mais de um século e meio de existência para dar ênfase ao estilo de vida saudável como parte integrante da cosmovisão Adventista. O mais interessante é que o momento chegou através da prestigiosa revista National Geographic (para aqueles que ainda não viram o link clique aqui).

Mais do que estufar o peito com aquele orgulhosinho enrustido, acho que esta descoberta sobre os princípios de saúde do adventismo e seu resultado direto na longevidade deve servir de encorajamento para darmos mais atenção aos tais princípios, apoiemos iniciativas governamentais e não-governamentais pró-saúde e usemos os mesmos princípios para nos conectar com pessoas seculares que partilhem os mesmo valores. Especialmente no último caso, precisamos ser sérios no exercício dos princípios que julgamos valorizar sob o risco de parecermos incoerentes.

Está na hora da mão mirrada ser curada.

Na contra mão: próximas paradas...

Bem amiguinhos, também estou voltando a blogar, impulsionado pelo post to Gabi. No bom e velho estilo do GEA, aqui vão alguns dos assuntos que espero blogar em breve. A lista serve para me manter motivado e prover inspiração aos demais.

1) Progressistas? Fundamentalistas? uma terceira via? Elucubrações sobre o tema roto, porém ainda atual, de conservadores vs. liberais. Pretendo abordar este assunto usando nossa experiência contemporânea de membros de uma igreja conservadora, com um pastor ovelha-conservardora em pele de lobo-liberal e uns poucos amigos metidos a liberais.

2) Fuga para Deus. O que me cativou na história do Jim Hohnberger e como fiquei perdido mesmo antes de começar a "fugir para Deus". Neste tema pretendo apresentar o que para mim é o melhor mapa da fuga que descobri com um tal de Richard Foster e comparsa de conspiração Dallas Willard.

3) Adventismo: a hora da estrela. Talvez a referência bibliográfica não seja a ideal, mas transmite o que desejo abordar neste tema: nunca na história do adventismo vivemos uma época tão favorável para a divulgação da cosmovisão adventista. Precisamos de uns ajustes, verdade, mas este é o momento. E não me refiro ao clímax escatológico em particular, mas à confluência de valores por ora abraçados no mundo religioso e secular.

Bem turma, tem mais, mas acho que vou parando por aqui, afinal este é apenas um post re-introdutório. Termino com uma antiga idéia que encontrei em um dos livros do Brian McLaren:

Um dos esportes preferidos dos cristãos é chamar os não-cristãos de perdidos. Em Coríntios, Paulo diz que somos a carta de Cristo para os que perecem. Se uma carta não chega ao destinatário, quem está perdido? a carta ou aquele para quem a carta foi endereçada?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

De volta às origens tradicionais

Creio que não tive a oportunidade de contar a todos, mas me mudei de São Paulo para a cidade de Londrina-PR já faz 2 meses.E nesta mudança, outras mudanças também aconteceram, e uma delas foi a de voltar a freqüentar uma igreja tradicional.
É interessante você perceber como rapidamente sua presença é notada, mesmo que pouquíssimos venham falar com você, ainda que a igreja tenha uns 600 membros. Confesso que ri muito, pensando no episódio, quando em um sábado pela manhã eu estava no fundo da igreja, em pé pois havia cedido o meu lugar a uma senhora com bebê, e um pastor (eu sei que era departamental pois o vi fazendo um anúncio na classe da ES) passou por mim, parou, olhou para mim (claro que a visão da minha lustrosa pessoa hoje já não é mais o estereótipo adv) e me perguntou se eu era adventista... eu quase perguntei a ele a mesma coisa mas confesso que me contive rsrs... Ele não perguntou meu nome, não perguntou de onde vim, me perguntou novamente se eu era batizado, e quando disse que sim, bateu no meu ombro e seguiu...
Conheci recentemente o regente do coral, um cara muito legal, empolgado com música, 20 e tantos anos, se esforçando para conduzir um grupo de uns 80 coralistas, na sua maioria mais jovens que ele próprio, buscando louvar e inovar através deste ministério. Claro que no coral não está somente ele na condução, há também um diretor do coral, um diretor de jovens, um pastor de jovens e outros líderes envolvidos. O grande desafio deles que eu percebi nesta noite, ao participar do ensaio, foi a de motivar os coralistas a participarem seriamente da proposta. Antes do ensaio propriamente dito, ouvi uns 15 minutos de "admoestações" sobre o que se espera de um coralista comprometido, do sistema biométrico de controle de presença que será implantado, do sorteio de um "brinde especial" para os assíduos aos ensaios, e dos descontos nas "programações pagas" a que estes assíduos terão direito. Fiquei triste ao perceber porque um outro amigo, que veio de Sampa também (o conheci na NS), se desmotivou a participar do coral... ali hoje, o mesmo estava acontecendo comigo.
No fim do ensaio, peguei uma carona pra casa com o regente e conversamos, durante os parcos 7 minutos que levam da igreja até minha casa, sobre a frustração dele e minha sobre a apresentação do coral que ocorreu no sábado passado. Cantamos no sábado pela manhã esta canção, numa versão em português, com o coral cheio e igreja lotada. A frustração do regente foi o fato de que a apresentação durou somente uma música, e de como é difícil fazer as pessoas participarem, da igreja se envolver, e de que na apresentação do domingo ele "assassinou" a música devido a uma entrada mau indicada... aí eu contei a ele a minha frustração: de que o louvor tenha sido feito somente pelo coral, pois minha filha, na hora do coro, simplesmente abriu boca com toda a vontade a ponto de fazer meia igreja se voltar a ela, e quando ela percebeu se escondeu debaixo do banco. Contei a ele minha frustração por perceber que as motivações por participar do coral me parecem tão distorcidas, e que a expectativa da "audiência" da igreja desvia ainda mais do que eu entendo que deveria ser o foco... Então ele comentou "mas ela já conhecia a música..." e eu disse "o ponto não é se ela já conhecia a música, mas que ela tentou expressar seu louvor a Deus como tinha o costume e se retraiu!"...
Bem, eu conto isto a vocês não porque quero dizer que está tudo errado, e eu é que estou certo. Conto isto a vocês a esperança de que vocês me ajudem a resgatar o sentimento e o envolvimento que um dia tivemos (ou pelo menos eu tive) quando convivíamos e louvávamos juntos em um galpão frio de uma noite de sexta-feira, num sítio próximo a cidade de Juquitiba-SP, por exemplo... não consigo ver saída para esta situação sem criar um sentimento de rompimento, sem chocar as pessoas ou senão me afastar e continuar pedido ao Papai do Céu que me use para o que for da Sua vontade...
Por que é tão difícil transmitir às pessoas uma visão de serviço por amor somente? Cuja motivação não seja o entretenimento emocional ou intelectual mas a satisfação de perceber que Deus nos está usando para fazer milagres a pessoas que jamais imaginariam que um dia seriam tocadas simplesmente por um exemplo de amor, compaixão e serviço?
O que estamos fazendo de errado? O que eu estou fazendo de errado?...

"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno."