sábado, 26 de novembro de 2011

O mistério que se torna presente

Em fevereiro deste ano escrevi um post sobre fé, e como ela estava sendo uma tremenda lição pra mim naquele momento difícil.
Quase 10 meses depois, posso escrever sobre o mistério que se tornou presente. Neste período tive a oportunidade de perceber a mão de Deus em muitas, muitas ocasiões nas quais eu achava que já não haveria mais saída... mas ele sempre manda Seu recado... nem que seja pra te puxar a orelha e te dizer
"Hei! Você não está me vendo aqui?!"
Nesta semana que passou tive que ir a São Paulo, como costumeiramente tem ocorrido 2 a 3 vezes no mês. No caminho de volta, durante o procedimento de descida do avião em Londrina, pude ver pela janela aquele céu azul azul, as casas e edifícios que compõem a cidade, entremeados de árvores e vales gramados. E os lagos refletindo o sol amarelinho de fim de tarde, mostravam a paz que se aproximava de mim dizendo-me
"Relaxa, você já está em casa de novo..."
Fazia muito tempo que eu não tinha essa sensação, a de estar voltando pra onde se pertence. Mesmo que não tenha sido o lugar onde nasci ou onde tenha vivido a maior parte da minha vida, ainda assim me senti  como quem volta ao seu pedaço. Confesso que foi estranho perceber que tal sensação tomou conta de mim, mas ainda assim a alegria de sentí-la era maior do que a falta de senso que aquela situação poderia ter para uma mente racional.
Olhando para trás, algo como uns 5 ou 6 anos, me lembro de pedir a Deus que me desse a oportunidade de viver uma vida mais tranquila, que me tirasse de São Paulo se fosse preciso, para que em família pudéssemos apreciar mais a vida. Também me lembro de questionar a Deus pelas dificuldades financeiras, e pela vontade que eu tinha de novamente ter meu negócio próprio (sim, já tive um bom negócio de 1998 a 2002), fazer e me conduzir pelo meu próprio caminho, afinal eu já tinha investido muito tempo e dinheiro me preparando para isso após alguns fracassos, mas não via como isso poderia se realizar a curto prazo.
Posso dizer que Deus reservou alguns mistérios para que agora eu os conhecesse, e perceber que Ele os estava preparando. Claro que eu digo alguns, pois tenho certeza de que ainda há muitas surpresas e tropeços pela frente, e que nada é plenamente definitivo nesta vida, a qual Deus usa para nos ensinar Suas lições.
Bem, depois do fatídico evento de fevereiro/11, em março eu recebi uma ligação de uma empresa para a qual eu já tinha prospectado vender os serviços da empresa onde eu trabalhava antes. Claro que agora a situação era diferente, mas ainda assim poderia ser uma oportunidade. Assim, fui a São Paulo (capital) pra conversar com um dos sócios da empresa. Na cobertura, no 12o andar de um edifício próximo à Av. Paulista, sentado ao lado de uma parede de vidro com vista à Av. Paulista, o sócio ouviu minhas explicações, e lhe sugeri que poderíamos estruturar uma operação em Londrina-PR para atender às necessidades da empresa, começando modestamente e crescendo conforme o ritmo do projeto. Ele se convenceu, porém ainda havia os demais sócios e diretores que precisavam ser persuadidos, e no dia seguinte conseguimos o feito. Naqueles mesmos dias em São Paulo, liguei para um velho amigo de universidade, para ver se conseguiríamos nos ver, pois fazia muito tempo desde o nosso último encontro. Logo no início da conversa ele me perguntou o que eu estava fazendo, e comentei com ele da minha empreitada que estava começando. Foi quando eu ouvi:
 "Gabriel, é exatamente disso de que estou precisando. Vem falar comigo amanhã!"
Encurtando a história, em meados de abril/11 começamos com 4 pessoas trabalhando para atender estes dois clientes. Claro que houve dificuldades nos primeiros meses, e ainda as há, mas já somos em 7 na equipe, e só não crescemos mais porque ainda não deu tempo de encontrar mais das pessoas certas para o serviço.
Mas as respostas de Deus não pararam por aí. Um amigo que trabalha numa companhia aérea me ligou em março pra saber de nós, e me ofereceu participar do programa de passagens para funcionários que ele dispõe. Isso sem contar os inúmeros convites de pernoite na casa de amigos que me evitam custos enormes com hotel na cidade mais cara do mundo.
Com tudo isso, hoje posso dizer que Deus encontrou um meio de responder minhas orações, ainda que tenha sido de uma forma tão turbulenta e assustadora, mas certamente isto me incentivou (por bem ou por mal) a aproximar-me mais dEle.
Claro que ainda nem tudo está resolvido, muito pelo contrário. Ainda tenho dívidas com o banco e com amigos pra saldar, ainda tenho que fortalecer a operação tão pequena e de tão pouco tempo que iniciamos, ainda tenho o desafio de estruturar um local físico adequado, ainda tenho muito, muito pelo que agradecer.
Contando assim, esta história parece muito cor de rosa, porém seria muito enfadonho detalhar as lágrimas que não tenho conseguido conter durante todo este processo, as horas de madrugada ajoelhado e questionando, as tantas obturações e dentes que quebrei de tanto range-los durante à noite (e pra isso Deus nos concedeu ter uma vizinha dentista muito querida), as incertezas que ainda são tão presentes em um negócio que não tem nem 1 ano de existência, o cansaço e desânimo que constantemente passam na minha frente.
Hoje vejo um pouquinho mais dos mistérios que se tornaram presentes, e percebo que ainda há muitos outros se configurando e outros por serem revelados. A princípio me parece assustador pensar:
 "E o que mais tem por vir ainda?"
Mas talvez, a beleza deste processo seja justamente o fato de que nem tudo nos é revelado para que efetivamente exerçamos nossa confiança, nossa fé em Deus, apesar de nossa cegueira dimensional parcial, onde somente enxergamos o passado e não conseguimos ver o futuro, que um dia se tornará presente, uma dádiva divina a nós, objetos de Seu amor.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Manifesto

“Portanto, meus irmãos, o que é que deve ser feito? Quando vocês se reúnem na igreja, um irmão tem um hino para cantar; outro, alguma coisa para ensinar; outro, uma revelação de Deus; outro, uma mensagem em línguas estranhas; e ainda outro, a interpretação dessa mensagem. Que tudo seja feito para o crescimento espiritual da igreja” (I Coríntios14:26, NVLH).

Procura-se uma igreja em quem não se assistam cultos, mas onde cultos a Deus sejam prestados.

Procura-se uma igreja em quem cada um de seus membros se sinta à vontade para falar, cantar, ler algo que o tocou, onde a adoração seja orgânica e coletiva e aconteça em espírito e em verdade. Uma igreja em quem o louvor seja espontâneo, orgânico, natural como respirar e onde todos tenham a oportunidade de participar, não apenas uns poucos iniciados na arte.

Procura-se uma igreja em quem seus membros tenham tanta ou mais atenção nas necessidades de seus irmãos do que na retórica do que é dito.

Procura-se uma igreja em quem qualquer pessoa seja acolhida com calor, independentemente de estar vestido conforme o padrão cultural momentâneo.

Procura-se uma igreja em quem intuitivamente se odeia a zona de conforto, a estagnação espiritual, a mesmice e o automatismo, em quem nada é feito só porque deve ser feito ou só porque está escrito em algum lugar que deve ser feito.

Procura-se uma igreja em quem a necessidade de haver ordem não seja desculpa para inibir a espontaneidade.

Procura-se uma igreja capaz de respeitar o nível de maturidade espiritual de cada membro.

Procura-se uma igreja que primeiro envolva as pessoas, para só então pontuar a centralidade do amor a Deus e só depois disso, exclusivamente depois disso, aponte para reformas comportamentais.

E, enquanto eu não encontrar uma igreja assim, serei a igreja assim.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

É pela Tua graça...

Quando ninguém me vê na intimidade,
Onde não posso falar mais que a verdade,
Onde não há aparências, onde exposto fica o meu coração.
Ali sou sincero, ali minha aparência de piedade desaparece.
Ali tua graça é o que conta, teu perdão é o que sustenta para me manter em pé.
E eu não poderia aparecer se não fosse porque sou revestido pela graça e pela justiça do Senhor
Se me vissem tal qual eu sou perceberiam que é Jesus, o que viram refletido em mim foi tão somente Sua luz.

E é pela Tua graça e Teu perdão que podemos ser chamados instrumentos do Teu amor.
E é pela Tua graça e Teu perdão,
minha justiça passa longe da Tua perfeição.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

GEA 4a Geração na TV Novo Tempo

Para quem ainda não viu... espero que vocês gostem!!

Abraços!!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Que nome tem?


Há semanas que venho querendo expressar de alguma forma tudo o que tenho sentido, por tudo o que tenho recebido nestes últimos meses. Por favor, permitam-me algumas palavras, enquanto elas ainda conseguem ser escritas.

Quem é aquele que, apesar dos desencontros, te entrega a chave da casa e não se importa com a louça que você esqueceu suja?
Quem é aquela que fica feliz de te receber em casa, mesmo que o marido tenha acabado de voltar de viagem, para dividir sala com você?
Quem é aquele que, mesmo que você não veja, te passa seu carro como se fosse teu?
Quem é aquele que quando te vê, levanta-se de onde está deixando sua roda para vir te dar um abraço?
Quem é aquela que preparou o quarto extra como num hotel, só pra te dar boas vindas?
Quem são aqueles que te fazem sofrer uma avalanche de emoções, que transborda deles, no momento de um reencontro?
Quem é aquela que não julga teu cabelo comprido, e te dá um abraço como quem abraça um filho, pra te dizer que estava com saudades?
Quem é aquele que não sabe o que fazer pra te agradar quando você já se sente mais do que lisongeado pelos cuidados recebidos?
Quem é aquela cuja amizade expressa com palavras que simplesmente te comovem mesmo num mero dia de aniversário?
Quem é aquele que chora emocionado quando você conta os milagres que Deus fez a você na semana passada, sem percerber que ele mesmo fez parte deles?
Quem é aquele que nem te pergunta mas sabe que está te salvando o mês ao cobrir a tua conta num momento de necessidade?
Quem é aquela que pensa nos teus filhos como se fossem os seus próprios, sem medir esforços para atendê-los?
Quem é aquele que te ouve até alta madrugada, pra te fazer perceber que a vontade de Deus está muito além dos teus sentidos?
Quem são aqueles, aos quais você procura fazer de tudo pra devolver uma fração do cuidado provido que você não merecia?

Que nome tem? Se eu chamá-los de amigos, parece tão pouco... se eu os chamasse de irmãos, soaria tão igrejeiro... que nome eles tem?

Eles são como as mãos do Pai, trazendo Seus braços até onde parecia impossível, fazendo o que estava muito além do que eu poderia, muito mais do que eu merecia.
Paizinho, cuida e abençoa estas mãos, que fazem viva e real a Tua presença, constrangendo meu coração a reconhecer o Teu amor no meio de nós.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Big Idea - a história de um sucesso e fracasso de proproções bíblicas

Você já se sentou horrrorizado, perdido no meio do inexplicável fracasso de um empreendimento que você tinha certeza que Deus estava dirigindo, se perguntando porque Deus permitiu que o colapso acontecesse? Ou já contemplou o acidente do outro lado da estrada sem entender como o carro ficou tão acabado? Como alguém explica o espetacular fracasso de um projeto honesto, de intenções tão nobres, onde as digitais divinas podiam ser vistas a cada passo do sucesso?

Acabei de ler o livro Me, Myself and Bob, por indicação de uma blogueira adventista no Canadá, onde Phil Vischer, criador do Veggietales, narra a história do fantástico crescimento e espetacular colapso da sua produtora, Big Idea Productions Inc. Como lí a resenha antes de ler o livro, já sabia o que esperar, mas não estava preparado para a lição que o Phil, de uma maneira tão profunda e tocante, delineou no fim do livro. Nunca fui empreendedor, nem tive grandiosos sonhos realizados e destruídos, mas com certeza já sentei perplexo numa noite muda de céu estrelado perguntando para o Criador das estrelas em que ponto da estrada tomei o desvio que me levou para o beco sem saída. E isso não faz muito tempo. As lições evidentemente são de caráter universal.

Ao final de seu livro, Phil Vicher narra com coração aberto como nos apropriamos dos nossos sonhos, imbídos de altos ideais, e assumimos prontamente que eles são os sonhos de Deus. Como os ideais são tão nobres, e as evidências da aprovação divina são tão claras, seguimos em frente ignorantes do precipício a frente. Na rapidez da colisão nem entedemos direito o acidente, e só refletimos com cuidado no que passou deitados na cama da enfermaria. É nesse instante que Deus, que esteve sempre presente, mostra as razões, aos pouquinhos, porém, pois os ferimentos ainda doem e estamos em recuperação.

Eu não quero e nem consigo reproduzir com brilhantismo as lições do Phil. Mas gostaria de reproduzir uma ilustração do livro e uma citação que ele faz de C.S. Lewis. A primeira é que se você deseja ser um Jedi Cristão, é importante descobrir quem é o seu Yoda. Entender o significado do fracasso e do sucesso refletindo nas palavras sábias e confusas de uma criaturinha verde, de orelhas longas e fala mansa pode ser bem mais fácil. A segunda é que aquele que tem Deus e mais uma porção de coisas, não tem absolutamente nada mais do que aquele que só tem Deus.

Você já encontrou o seu Yoda?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Entrevista, em primeira mão

Decidi publicar aqui uma entrevista que dei para a revista Conexão JA na pessoa do Wendel Lima. O interesse é em minha jornada pelo ministério em campus universitário. Espero que vocês se vejam nas entrelinhas.

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CJ: Recentemente entrevistei uma garota do GEA da USP e ela me falou que o projeto no campus existe desde a década de 1980. Parece que até contou com a participação do Ariney Oliveira, esposo da Alessandra Samadello. Você tem informações mais concretas de quem começou, quando começou, que tipo de atividades eram exercidas?

Como grupo organizado, o GEA USP surgiu no início dos anos 80. Neste período um grupo de estudantes da escola politécnica, comprometidos com as convicções adventistas e sucesso acadêmico, juntaram-se com o objetivo de apoiar colegas que estivessem em dificuldades de conseguir provas de reposição no sábado. A ideia básica era dar visibilidade aos estudantes adventistas no campus, distingui-los por seu sucesso acadêmico, e criar relacionamentos com professores e administradores que facilitassem a observação do sábado. Como parte da estratégia, o GEA da primeira geração participou e promoveu passeatas anti-fumo, apresentação de corais adventistas, venda de livros denominacionais na porta do bandeijão, entre outras atividades. Estudantes adventistas de outras unidades, ouvindo falar do grupo, agregaram-se aos fundadores participando de atividades sociais e evangelísticas tais como almoços semestrais, eventos no CEPEUSP, reuniões semanais de estudos bíblicos, e acampamentos que fortaleceram a amizade do grupo e, não menos importante, geraram casamentos. Foi neste período que o Ariney Oliveira, então estudante da ECA, deu estudos bíblicos para um colega da faculdade de música, o Nelson Ueno, que acabou juntando-se ao GEA, tornando-se adventista e casando-se com uma simpática enfermeira da igreja de Cotia. Um dos valores mais estimados do GEA, desde o início, foi a ausência de uma estrutura hierárquica. Sendo assim, o GEA daquela geração contava com “colaboradores” para organizar e promover as atividades do grupo. Três grandes colaboradores da primeira geração, o Walter Friedrich, o Décio de Souza Jr., e o Helmer Keppke, particularmente inspiraram e impactaram a segunda, a nossa geração.


CJ: Na sua época como funcionava o trabalho? Foi iniciativa sua? Eram reuniões, pequenos grupos, palestras? Naquela época o trabalho devia ser mais embrionário ainda, porque a igreja tinha bem menos universitários.

Entrei na USP em 1988, porém levou 2 anos para eu pudesse ser achado pelo GEA que enfrentava na época a árdua tarefa de passar a tocha para uma nova geração de estudantes. Um anúncio de um encontro do GEA USP no então IAE estampado em um pequeno espaço da Revista Adventista foi a solução encontrada pelo grupo para achar e atrair novos estudantes numa época em que internet era pouco mais que um experimento acadêmico, e mensagens de texto, orkut, twitter e Facebook, ficção científica. (A propósito, durante todo o meu tempo no GEA USP, comunicados de eventos eram enviados por carta selada aos membros do grupo pela Lilian, a incansável colaboradora topa-tudo-pelo-GEA.) A história e a visão dos fundadores deixou nosso pequeno grupo presente no encontro muito motivado. Decidimos que a chama continuaria acesa. Recebemos deles a lista atualizada de estudantes, sugestões de atividades e votos de sucesso. A primeira tarefa foi organizar a reunião semanal no campus. Porém, após algumas tentativas, desanimamos com o miguado grupo de fiéis. Numa reunião particularmente fraca, três de nós debatíamos o que fazer, quando do nada, dois respeitados “dinossauros”, como carinhosamente nos referíamos aos membros da primeira geração, entraram na sala. Com uma sabedoria que somente escamosos dinossauros que sobreviveram a inóspita floresta universitária podem comunicar, fomos encorajados a continuar, escolhendo uma série de temas não convencionais, que desafiavam a acomodação e a letargia denominacional. Logo ficou claro que o nosso chamado era revitalizar a vida espiritual de nossos colegas adventistas na USP. Após este encontro, atravessamos o primeiro semestre com uma frequência de 10 a 15 pessoas por reunião que se manteve durante todo o tempo que fui parte do GEA-USP. Escolhiamos temas para discussão e distribuíamos as responsabilidades de liderança da discussão entre os que frequentavam. As reuniões semanais se tornaram a fonte de alimento espiritual para muitos de nós. Passamos a organizar almoços semestrais com o objetivo de rever colegas que não podiam frequêntar as reuniões semanais, reencontrar membros da primeira geração, recrutar novos estudantes e planejar atividades para o semestre seguinte. Passamos também a organizar acampamentos que ocorriam uma ou duas vezes por ano. A organização era dividida entre o grupo, bem ao molde do mantra de que no GEA éramos todos colaboradores. Convidamos professores do seminário teológico para dirigir as palestras nos acampamentos com o pedido de que eles nos ministrassem assuntos de sua área de especialização. A descontração, a camaradagem e a substância espiritual tornaram-se a característica de nossos acampamentos que chegaram a ter mais de 50 participantes, incluindo estudantes de outras faculdades e universidades. Estes, sendo “doutrinados” nos princípios do GEA, fundaram grupos em suas respectivas escolas (especialmente no Mackenzie e na Escola Paulista de Medicina). Talvez nossa geração não tenha sido tão empreendedora no aspecto evangelístico quanto a primeira, mas creio que foi muito bem sucedida no amparo e revitalização espiritual daqueles que participaram.


CJ: De 1994 a 97, o que você fez no Brasil? Continuou envolvido com a USP?

Depois que me formei continuei fazendo algumas matérias da licenciatura na USP. Já não estava mais ativo como colaborador do GEA, porém participava do máximo de atividades possível, incluindo os acampamentos. A tocha foi passada para a terceira geração, que deve ter tocado atividades até meados de 97-98. Eu continuei muito envolvido com o que chamávamos grupos de estudo na minha igreja, hoje conhecido por pequeno grupo. Muitos dos que frequentavam estes grupos eram universitários que participavam de GEAs em suas escolas. Assim eu continuava de certa forma envolvido com o GEA até a minha ida para os Estados Unidos em junho de 96.


CJ: Como era a mobilização dos universitários na época? Como a igreja olhava para esse grupo?

Havia algumas iniciativas que surgiram aqui e ali, mas nada consistente ou sistemático. Lembro-me que a associação paulistana chegou a organizar um evento no começo dos anos 90 na igreja de Moema com participação de pastores ligados ao ministério jovem, acadêmicos e estudantes. O GEA teve uma presença forte, bem como universitários de outros lugares, porém, como não houve um fórum para partilhar experiências, o impacto do encontro acabou sendo bem modesto. Tivemos vários pastores que interagiram com o GEA durante minha geração. Ao meu ver eles se dividiam em duas classes. Uma delas tinha uma postura de vamos-bajular-essa-turma-para-eles-se-sentirem-bem-em-nossa-igreja. Para estes o universitário era visto com um pouco de desconfiança e um pouco de elitismo. Uma outra fatia do pastorado, tinha uma abordagem mais aberta e não se incomodava em participar das discussões, nem em ouvir ou responder eventuais questionamentos. Internamente críamos que questionar é saudável, desde que estivéssemos verdadeiramente comprometidos com a missão. Naturalmente nem todos se sentiam confortáveis com esta postura.

Com relação a igreja, a grande maioria dos membros tinha cargos em suas respectivas igrejas. Procurávamos contribuir ativamente e da melhor forma possível com a igreja local e em geral o resultado era uma saudável relação das igrejas locais com os universitários. Chegamos a organizar diversos programas em igrejas onde nossos amigos congregavam.


CJ: Como foi sua atuação missionária num campus americano? Quais foram as peculiaridades deste outro contexto? Que referências você buscou?

As respostas a essas perguntas dão um livro! Mas vou tentar ser breve. Nossa transição para a nova cultura foi demorada e dolorosa. Em retrospectro, estávamos atravessando o choque cultural, em um momento em que a própria cultura americana estava vivendo uma transição. O nosso grupo de universitários não partilhava o mesmo entusiasmo do GEA. Ajudávamos o nosso grupo no que podíamos, que na maioria dos casos consistia em oferecer carona aos estudantes aos sábados, contribuir para o junta panelas na pequenina igreja que frequentávamos e participar de caminhadas sábado a tarde. Até que em meados de 2000 nosso pastor, Gary Wagner, teve a brilhante ideia de iniciar um ministério completamente dedicado aos estudantes universitários. Começamos a ler livros sobre como alcançar mentes secularizadas, a participar de seminários sobre evangelismo, e a debater o assunto com os estudantes. Organizamos um retiro de inverno com apoio financeiro da associação local e convidamos o pastor John McGhee, especializado em missiologia. Ficou claro que o que precisávamos era uma proposta revolucionária: organizar uma igreja no campus que tivesse cultos aos sábados pela manhã. Assim fizemos os preparativos para lançar o projeto no campus no início do ano escolar. Decidimos que a cada sábado convidaríamos palestrantes de calibre para abordar um tema que chamasse a atenção dos nossos colegas. Espalharíamos cartazes nos quadros de anúncio. Para o primeiro sabádo, dia 15 de setembro de 2001, decidimos que o tema seria “Similaridades entre o Islã e o Cristianismo” que daria o tom não convencional que despertaria o interesse que esperávamos. Quando planejamos o programa quatro meses antes mal sabíamos quão relevante seria este tema na semana do 11 de setembro! Com esta demonstração sobrenatural da direção divina, prosseguimos confiantes. A frequência aos nossos eventos de sábado de manhã oscilava entre 15 a 30 pessoas, e quase sempre tínhamos colegas não adventistas em nossa companhia. O primeiro ano foi excelente, porém havia a necessidade de se fazer ajustes. Conquanto satisfeitos com a alta qualidade dos nossos palestrantes, este modelo não seria viável, exceto com uma fabulosa verba que permitisse trazer palestrantes de lugares mais distantes. Além disso, alguns se queixavam da profundidade técnica de algumas palestras que faziam a “igreja” mais parecer uma sala de aula. Com isso em mente, e com um revolucionário conceito evangelístico apresentado pelo renomado autor evangélico Brian McLaren (veja a versão em português do livro), simplificamos e passamos a elaborar programas mais interativos, criativos e cristocêntricos. A resposta foi muito positiva e o impacto na vida dos colegas foi real e palpável.Outras mudanças vieram em semestres e anos subsequentes, sempre tentando aprimorar o modelo para alcançar de maneira mais eficaz os corações dos que participavam do projeto. Se o mantra do GEA USP era “todos somos colaboradores do GEA”, o mantra do nosso grupo na UMass era “nunca tenha medo de fazer mudanças”.
Nesta época também organizamos retiros com palestrantes convidados, atividades na igreja local, jantar internacional, estudos bíblicos sextas-feiras a noite, etc. Tínhamos até um pequeno coral que interpretava músicas gospel na linguagem dos sinais (ASL - American Sign Language) que se apresentava no campus (vários membros do coral não eram adventistas). Depois de quatro anos muito produtivos, percebi que existe uma multidão de coisas maravilhosas e diferentes que podem ser feitas no campus de uma universidade secular. Porém o resultado de estudar, debater, entender, meditar e orar para amadurecer a ideia e elaborar uma boa estratégia é significativamente melhor. Em contraste com os meus esforços no Brasil, que foram muito espontâneos, o trabalho aqui foi muito mais dirigido, e intencional. Consequentemente, o meu crescimento espiritual teve uma dimensão bem mais abrangente e o impacto na vida de pessoas bem maior.


QJ: Aliás, teria sites, livros, artigos ou projetos de referência sobre evangelismo em campus não adventistas? Imagino que a Igreja na América seja mais atenta a isso e busque mais especialização.

Por muitos anos nos Estados Unido a igreja como organização tem promovido as faculdades e universidades Adventistas encorajando os jovens a frequentarem nossas escolas. Por esta razão, até recentemente, quase não havia apoio aos ministérios em universidades seculares. Na mesma época que começamos nossas atividades na Universidade do Massachusetts, surgiu na Universidade do Michigan em Ann Arbor o ministério universitário de maior impacto no momento na igreja adventista nos EUA. O grupo, conhecido como CAMPUS tem desenvolvido muitos recursos para este tipo de atividades. Apoiados pela associação do Michigan, eles começaram a promover um congresso anual de jovens universitários com uma forte ênfase em reavivamento e evangelismo. Este grupo, conhecido como GYC, Generation of Youth for Chirst, realizou um enorme congresso de Jovens na última virada do ano em Baltimore. Mais de 7000 jovents participaram do evento. Esta iniciativa, completamente “grass roots,” tem usado a technologia das redes sociais que não dispúnhamos no passado para energizar uma nova geração de jovens com o chamado e a missão da igreja. A resposta tem sido fabulosa. Inúmeros ministérios tem se formado em diversas partes do país. Os estudantes adventistas de minha Universidade, por exemplo começaram um grupo no último ano. Como professor tenho tido a oportunidade de ajudá-los a dar os primeiros passos. Abaixo listo alguns links de interesse para aqueles que desejam conhecer o que se passa no mundo universitário adventista nos EUA.

GYC - Generation of Youth for Christ
CAMPUS -Center for Adventist Ministry to Public University Students - GEA da Universidade do Michigan em Ann Arbor
ACF -
AMICUS
- departamento da associação geral
Dialogue - Revista universitária (defunta?)

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Orei por Bin Laden"

Casualmente navegando na internert nesta manhã, trombei com a quase chocante sentença:

"I have been praying for Osama bin Laden for 10 years."

O autor da sentença é um reverendo que fez uma reflexão sobre o significado da morte do terrorista no blog Belief da CNN. Rev. David Lewicki termina:

"I have wondered over the years what God tried to do to win him back to love. I wonder about the confounding ability of human beings to resist the love of God. I wonder about these things for Osama bin Laden and I wonder about same things with respect to my own life. Today, as I have many days before, I pray for my enemy — I pray him into the hands of the God of justice and of mercy."

Com será que como Cristãos deveríamos encarar questões mais mundanas como o terrorismo e a morte dos terroristas? Como deveriamos celebrar as vitórias? Que fatos podem ser considerados vitórias? Como podemos como cristãos influenciar nossos governos, nossa sociedade e quem sabe até nossos inimigos? Com Bin Laden morto, por quem devo começar a orar para que Deus possa convertê-lo para uma vida de amor e misericódia?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Contra fatos não há argumentos, certo?

Se você ainda não se deu conta, Osama Bin Laden, o "master mind" dos ataques de 11 de setembro de 2001 está morto. Descobri ontem de manhã ouvindo o rádio a caminho do trabalho. Hoje ouvia o rádio novamente e o comentarista discutia a estratégia dos EUA para desacreditar rumores de que o terrorista não foi morto e tudo não passou de uma armação.

Como é que alguém prova que Bin Laden está morto? Exames de DNA? Fotos dele com uma bala na testa? Filme dele resistindo ao ataque? Um funeral de corpo presente com testemunhas? E assim começam a proliferar teorias conspiratórias que desafiam a lógica.

Engraçado. Vivemos em um tempo onde teorias conspiratórias das mais absurdas tomam corpo revestidas de uma racionalidade estapafúrdia. Exemplo: uma fatia não despresível da população americana acredita que o presidente Obama nasceu fora do território americano. A paranóia chegou a tal ponto no cenário político e na mídia que o seu certificado de nascença foi distribuído recentemente pela Casa Branca. Agora vem a parte mais interessante. Seria de se esperar que a apresentação do documento encerrasse o assunto, certo? Errado! Não satisfeitos, os mais teimosos (e lunáticos) incrédulos, propõem intricados desdobramentos para explicar como a evidência é forjada. Não importa o montante de evidências, sempre existe aqueles que creem no que desejam crer contra fatos e evidências. Você já conversou com alguém que defende que a viajem a lua foi na verdade um piquenique no deserto do Arizona? De volta a Bin Laden. Que tal dar para os que defendem que ele não morreu o ônus da prova? Se ele não morreu, que venha a público!

Neste ponto faço uma ligação com a cosmovisão cristã. Por ocasião da ressurreição de Jesus, os líderes que levaram a cabo o assassinato desejavam lançar em descrédito a notícia do Messias ressurreto. A versão conspiratória porém não foi capaz de produzir um corpo morto como prova. Os defensores da ressurreição apontavam como evidência o Cristo vivo, visto em público. Seria isto suficiente para encerrar o assunto?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita a Mars Hill

Há algumas semanas estive em Mars Hill, a megachurch liderada pelo polêmico Rob Bell e queria dividir aqui com vocês umas poucas impressões:

A igreja se reúne em um shopping center desativado. Você entra e no corredor há uma longa mesa com bagels e outros pãezinhos, café, limonada e chá. O povo então vai chegando, pegando um copo, uns pãezinhos e entrando na nave do templo.

Que é um espaço gigantesco. Imagine um Wall Mart americano cheio de cadeiras com um palco de um metro de altura mais ou menos no centro. Acima dele, quatro telões que se incumbem de mandar as imagens para quem está mais no fundo.

A gente chegou bem cedo, então sentamos na segunda fileira e ficamos esperando. Logo o ambiente estava totalmente repleto. Às nove da manhã uma banda subiu ao palco e começou a tocar. Havia uma bateria, uma pianista que tocava também acordeão, um baixo, uma guitarra e a band leader com um violão. A música era super suave, com arranjos intimistas e o mais interessante é que a banda ficava nas bordas do palco, de costas para a congregação. Claramente a intenção era dizer "veja, não olhe pra gente, estamos todos louvando juntos". A letra era projetada nos telões e o pessoal cantava junto mas sem palmas de mão viradas para cima nem nenhuma outra manifestação mais espalhafatosa de êxtase espiritual.

Foram só duas canções e logo um pastor bem jovem e em "casual clothing" estava ali dando alguns recados enquanto Rob Bell, também vestido de forma despojada, sentava em um banquinho no meio do palco. Sua primeira providência ao começar a falar foi pedir que cada pessoa encontrasse alguém que não conhecesse e se apresentasse. Pra gente foi fácil. Mas a iniciativa veio bem a calhar. O casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. Ficaram admirados de saber que vínhamos do Brasil. Foram muito simpáticos.

Rob Bell voltou então e começou a falar. Estava no meio de uma série de pregações sobre as cartas às 7 igrejas de Apocalipse 2 e 3 e o tema daquela manhã era Sardes. Seu sermão teve apenas 20 ou 25 minutos, com algumas fotos de Sardes, alguns detalhes históricos e uma conclusão do texto bastante inusitada, mas não forçada nem distorcida. Em seguida, por ser páscoa, houve uma comunhão. Havia mesas à frente do palco com hóstias e cumbucas com vinho e, sem pressa, as famílias foram se aproximando, tomando as hóstias, molhando no vinho e, com uma breve oração, tomando a comunhão. O casal à nossa frente perguntou se queríamos ir com eles e é claro que fomos. Enquanto havia todo esse deslocamento para a comunhão,a banda voltava a tocar (nós amamos a música!).

Enfim, Bell retornou ao palco, fez uma oração e c'est fini, estava terminado o primeiro serviço de culto. Nossos novos amigos nos tomaram pela mão e saímos correndo para tentarmos falar com Rob Bell, mas nos disseram que ele havia estado muito doente aquelas semanas anteriores e ele precisava descansar antes do segundo serviço.

Agradecemos todo mundo, trocamos figurinhas com o pessoal da banda e sapeamos por ali mais algum tempo. Perguntamos se havia alguma loja que vendesse livros, CDs e coisas assim mas a resposta foi negativa.

A impressão geral foi de uma igreja de culto bastante racional, nada escandaloso, e muito acolhedora. Estranhei não ver naquela multidão nenhum negro, apenas alguns orientais quebrando a mesmice caucasiana. Certamente valeu a experiência.

Economizando para o casamento

O casamento do príncipe William aconteceu estes dias atrás. Foi possivelmente o maior evento já assistido no mundo. Otimistas dizem que mais de 2 bilhões de pessoas assistiram ao impecável cerimonial, o que seria equivalente a dois terços do globo. Se não assistiram ao vivo, notícias do evento e fotos do casal devem ter sido visto por toda a população mundial contectada com a mídia. Imagine o privilegio dos que estiveram em pessoa na abadia!

Ao ver algumas porções das cenas do matrimônio (não vi o casório inteiro), não pude deixar de pensar em nosso antigo estudo biblico "A Verdade Como é em Jesus", onde o tema das bodas do Cordeiro é o foco central. Muito pode ser analisado em paralelo com a parábola de Mateus 22. Até a vergonha do embaixador da Síria em ter o seu convite revogado na última hora, me lembrou do homem da parábola que apareceu para as bodas sem as vestes apropriadas e passou a vergonha de ser excluído das celebrações.

Eventos na terra e nas nações apontam para o fato de que as bodas do Cordeiro se aproximam. Neste último sabado, nosso pastor associado centrou sua mensagem em Apocalipse 7, onde os anjos que teem poder de destruir a terra o mar e as árvores são constrangidos a não levarem a cabo sua obra de destruição até que o servos de Deus sejam selados. Enquanto pinceladas da obra de destruição mostram-se evidentes em catástrofes em Nova Friburgo, Japão, Alabama, o convite para as celebração das bodas prossege.

É curioso que em Lucas 14, a parábola do banquete é seguida do indigesto discurso de Cristo sobre o custo de tornar-se discípulo, ou do convite para as bodas. Enquanto descupas para não ir a festa involvem o genuíno excitamento e interesse por recentes aquisições de propriedade, novos "gadgets", e casamento, Jesus inflaciona desprorpocionalmente os custos dizendo:

"Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo."

Quanto eu daria para ter a oportunidade de sentar-me na primeira fileira da Abadia de Westminster na manhã de sexta feira? Confesso que mesmo com toda a pompa e circunstância do evento, talvez eu não desse muito valor. Certamente não a ponto de renunciar tudo que possuo incluíndo mulher e filhos. Será que que ando fazendo as contas dos custos para estar presente no casamento mais pretigioso de todas as nações? Perdê-lo pode levar-me a eterna vergonha, rancor e ranger de dentes.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"A fé pressupõe a dúvida". É isso mesmo?

Essa frase me surpreendeu quando a li pela primeira vez. Ela parece meio sem sentido, como se os dois conceitos fossem completamente antagônicos, e com um não haveria espaço para o outro. Será sempre assim?

Eu me lembrei de um filme, em que o Indiana Jones seguindo uma série de pistas, vai passando por diversas armadilhas e obstáculos para encontrar o "Santo Graal". O último dos obstáculos era um enorme abismo que separava a trilha por onde ele seguia da cova onde encontraria seu objetivo.O interessante é que a pista que ele tinha em mãos dizia que ele precisaria "dar uma passo de fé". Se lembram da seqüência? Depois de titubear um monte, ele se ergue, fecha os olhos estende o pé como quem vai dar um passo no vazio e... Pois é, vai me dizer que ele sabia o que iria acontecer?! Não mesmo!

Pensando em exemplos menos seculares, aquele centurião preocupado com seu servo doente, foi até Jesus para pedir-lhe que interviesse pela vida do seu servo. "Se o Senhor disser uma palavra, eu sei que ele será curado" (Lc 7:7). Ou daquela mulher cananéia que foi buscar em Jesus a cura para sua filha (Mt 15;27), e apesar da negativa inicial de Jesus, ela continuou insistindo até que lhe foi concedido o milagre.

Estas histórias têm algumas coisas em comum:

  • Todos os sujeitos estavam precisando alcançar algo, algo que eles por si só eram incapazes de obter.
  • Todos os sujeitos sabiam que havia uma possibilidade de obter o que buscavam.
  • Todos os sujeitos não sabiam se lhes seria concedido ou não alcançar o que desejavam.

Eis a dúvida! Sabe quando dizemos que "temos que dar um passo de fé" ? Realmente não sabemos o que vai acontecer, simplesmente fechamos os olhos e avançamos sem saber o que virá. Pois se já soubéssemos de antemão o resultado do "passo de fé", certamente não precisaríamos dela para tomar nossa decisão. Mas se não é assim, o que então nos motivaria a fazer "tamanha estupidez"? Por que razão nos arriscaríamos sem medir conseqüências ou sem planos de contingência?

Se lembramos destas e de outras histórias bíblicas, os que vieram a Jesus sempre sabiam que Ele era capaz de lhes conceder o que pediam, mas também não sabiam se realmente Ele lhes concederia. Portanto, a lição que tiro disto é que para um cristão, ou para um seguidor de Cristo se preferirem, não é na certeza do que virá que está depositada a sua fé, mas é em Quem está conduzindo seus passos, mesmo sem saber o que ocorrerá depois. Então, creio que podemos afirmar que a fé pressupõe a dúvida.

Com esta idéia, fiquei refletindo sobre as vezes que Jesus repreendeu discípulos pela sua "pouca fé". Quando Pedro começou a andar pelas águas, e por causa de um vento ele começou a afundar e gritou desesperado por ajuda. Bem, a bronca que ele levou vocês se lembram:
 "Homem de pouca fé, por que duvidaste?"
Interessante é que Jesus questiona a dúvida de Pedro. Que dúvida era essa?

Dúvida que ele poderia andar pelas águas?
Acho que não, pois ele já estava andando sobre as águas, em direção a Jesus.

Dúvida que ele, Pedro, se sairia bem apesar do vento forte?
Talvez.

Dúvida que Jesus o susteria apesar de estar afundando?
Apesar dos comentários bíblicos que dizem que Pedro olhou para trás, aos seus colegas no barco, para então começar a afundar, eu acho que ele afundou porque Jesus queria que afundasse mesmo, e em vez de Pedro confiar que Jesus estava no controle, ele duvidou e gritou pra Jesus no desespero de sua situação, e aí tomou a bronca:

"Por que duvidaste?"

A meu ver, ele duvidou foi de Jesus. O mesmo podemos dizer dos discípulos no barco no meio da tempestade enquanto Jesus dormia.

Bem, acredito ter chegado ao meu ponto. A nossa fé não deve ser a certeza dos acontecimentos futuros, mas sim a nossa confiança em Jesus que conduz estes acontecimentos...

Isto me lembra de uma frase de que muito gostei, dita por um sábio chinês que vi num filme épico:
Yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the "present".
Nesta semana, exatamente nesta semana faz 1 ano que nos mudamos para Londrina-PR. Hoje, exatamente hoje deixei a empresa em que eu trabalhava aqui, para prosseguir num futuro que me é mistério. No mais, só tenho a agradecer pelo presente que Deus me dá.