sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"A fé pressupõe a dúvida". É isso mesmo?

Essa frase me surpreendeu quando a li pela primeira vez. Ela parece meio sem sentido, como se os dois conceitos fossem completamente antagônicos, e com um não haveria espaço para o outro. Será sempre assim?

Eu me lembrei de um filme, em que o Indiana Jones seguindo uma série de pistas, vai passando por diversas armadilhas e obstáculos para encontrar o "Santo Graal". O último dos obstáculos era um enorme abismo que separava a trilha por onde ele seguia da cova onde encontraria seu objetivo.O interessante é que a pista que ele tinha em mãos dizia que ele precisaria "dar uma passo de fé". Se lembram da seqüência? Depois de titubear um monte, ele se ergue, fecha os olhos estende o pé como quem vai dar um passo no vazio e... Pois é, vai me dizer que ele sabia o que iria acontecer?! Não mesmo!

Pensando em exemplos menos seculares, aquele centurião preocupado com seu servo doente, foi até Jesus para pedir-lhe que interviesse pela vida do seu servo. "Se o Senhor disser uma palavra, eu sei que ele será curado" (Lc 7:7). Ou daquela mulher cananéia que foi buscar em Jesus a cura para sua filha (Mt 15;27), e apesar da negativa inicial de Jesus, ela continuou insistindo até que lhe foi concedido o milagre.

Estas histórias têm algumas coisas em comum:

  • Todos os sujeitos estavam precisando alcançar algo, algo que eles por si só eram incapazes de obter.
  • Todos os sujeitos sabiam que havia uma possibilidade de obter o que buscavam.
  • Todos os sujeitos não sabiam se lhes seria concedido ou não alcançar o que desejavam.

Eis a dúvida! Sabe quando dizemos que "temos que dar um passo de fé" ? Realmente não sabemos o que vai acontecer, simplesmente fechamos os olhos e avançamos sem saber o que virá. Pois se já soubéssemos de antemão o resultado do "passo de fé", certamente não precisaríamos dela para tomar nossa decisão. Mas se não é assim, o que então nos motivaria a fazer "tamanha estupidez"? Por que razão nos arriscaríamos sem medir conseqüências ou sem planos de contingência?

Se lembramos destas e de outras histórias bíblicas, os que vieram a Jesus sempre sabiam que Ele era capaz de lhes conceder o que pediam, mas também não sabiam se realmente Ele lhes concederia. Portanto, a lição que tiro disto é que para um cristão, ou para um seguidor de Cristo se preferirem, não é na certeza do que virá que está depositada a sua fé, mas é em Quem está conduzindo seus passos, mesmo sem saber o que ocorrerá depois. Então, creio que podemos afirmar que a fé pressupõe a dúvida.

Com esta idéia, fiquei refletindo sobre as vezes que Jesus repreendeu discípulos pela sua "pouca fé". Quando Pedro começou a andar pelas águas, e por causa de um vento ele começou a afundar e gritou desesperado por ajuda. Bem, a bronca que ele levou vocês se lembram:
 "Homem de pouca fé, por que duvidaste?"
Interessante é que Jesus questiona a dúvida de Pedro. Que dúvida era essa?

Dúvida que ele poderia andar pelas águas?
Acho que não, pois ele já estava andando sobre as águas, em direção a Jesus.

Dúvida que ele, Pedro, se sairia bem apesar do vento forte?
Talvez.

Dúvida que Jesus o susteria apesar de estar afundando?
Apesar dos comentários bíblicos que dizem que Pedro olhou para trás, aos seus colegas no barco, para então começar a afundar, eu acho que ele afundou porque Jesus queria que afundasse mesmo, e em vez de Pedro confiar que Jesus estava no controle, ele duvidou e gritou pra Jesus no desespero de sua situação, e aí tomou a bronca:

"Por que duvidaste?"

A meu ver, ele duvidou foi de Jesus. O mesmo podemos dizer dos discípulos no barco no meio da tempestade enquanto Jesus dormia.

Bem, acredito ter chegado ao meu ponto. A nossa fé não deve ser a certeza dos acontecimentos futuros, mas sim a nossa confiança em Jesus que conduz estes acontecimentos...

Isto me lembra de uma frase de que muito gostei, dita por um sábio chinês que vi num filme épico:
Yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the "present".
Nesta semana, exatamente nesta semana faz 1 ano que nos mudamos para Londrina-PR. Hoje, exatamente hoje deixei a empresa em que eu trabalhava aqui, para prosseguir num futuro que me é mistério. No mais, só tenho a agradecer pelo presente que Deus me dá.