sábado, 26 de novembro de 2011

O mistério que se torna presente

Em fevereiro deste ano escrevi um post sobre fé, e como ela estava sendo uma tremenda lição pra mim naquele momento difícil.
Quase 10 meses depois, posso escrever sobre o mistério que se tornou presente. Neste período tive a oportunidade de perceber a mão de Deus em muitas, muitas ocasiões nas quais eu achava que já não haveria mais saída... mas ele sempre manda Seu recado... nem que seja pra te puxar a orelha e te dizer
"Hei! Você não está me vendo aqui?!"
Nesta semana que passou tive que ir a São Paulo, como costumeiramente tem ocorrido 2 a 3 vezes no mês. No caminho de volta, durante o procedimento de descida do avião em Londrina, pude ver pela janela aquele céu azul azul, as casas e edifícios que compõem a cidade, entremeados de árvores e vales gramados. E os lagos refletindo o sol amarelinho de fim de tarde, mostravam a paz que se aproximava de mim dizendo-me
"Relaxa, você já está em casa de novo..."
Fazia muito tempo que eu não tinha essa sensação, a de estar voltando pra onde se pertence. Mesmo que não tenha sido o lugar onde nasci ou onde tenha vivido a maior parte da minha vida, ainda assim me senti  como quem volta ao seu pedaço. Confesso que foi estranho perceber que tal sensação tomou conta de mim, mas ainda assim a alegria de sentí-la era maior do que a falta de senso que aquela situação poderia ter para uma mente racional.
Olhando para trás, algo como uns 5 ou 6 anos, me lembro de pedir a Deus que me desse a oportunidade de viver uma vida mais tranquila, que me tirasse de São Paulo se fosse preciso, para que em família pudéssemos apreciar mais a vida. Também me lembro de questionar a Deus pelas dificuldades financeiras, e pela vontade que eu tinha de novamente ter meu negócio próprio (sim, já tive um bom negócio de 1998 a 2002), fazer e me conduzir pelo meu próprio caminho, afinal eu já tinha investido muito tempo e dinheiro me preparando para isso após alguns fracassos, mas não via como isso poderia se realizar a curto prazo.
Posso dizer que Deus reservou alguns mistérios para que agora eu os conhecesse, e perceber que Ele os estava preparando. Claro que eu digo alguns, pois tenho certeza de que ainda há muitas surpresas e tropeços pela frente, e que nada é plenamente definitivo nesta vida, a qual Deus usa para nos ensinar Suas lições.
Bem, depois do fatídico evento de fevereiro/11, em março eu recebi uma ligação de uma empresa para a qual eu já tinha prospectado vender os serviços da empresa onde eu trabalhava antes. Claro que agora a situação era diferente, mas ainda assim poderia ser uma oportunidade. Assim, fui a São Paulo (capital) pra conversar com um dos sócios da empresa. Na cobertura, no 12o andar de um edifício próximo à Av. Paulista, sentado ao lado de uma parede de vidro com vista à Av. Paulista, o sócio ouviu minhas explicações, e lhe sugeri que poderíamos estruturar uma operação em Londrina-PR para atender às necessidades da empresa, começando modestamente e crescendo conforme o ritmo do projeto. Ele se convenceu, porém ainda havia os demais sócios e diretores que precisavam ser persuadidos, e no dia seguinte conseguimos o feito. Naqueles mesmos dias em São Paulo, liguei para um velho amigo de universidade, para ver se conseguiríamos nos ver, pois fazia muito tempo desde o nosso último encontro. Logo no início da conversa ele me perguntou o que eu estava fazendo, e comentei com ele da minha empreitada que estava começando. Foi quando eu ouvi:
 "Gabriel, é exatamente disso de que estou precisando. Vem falar comigo amanhã!"
Encurtando a história, em meados de abril/11 começamos com 4 pessoas trabalhando para atender estes dois clientes. Claro que houve dificuldades nos primeiros meses, e ainda as há, mas já somos em 7 na equipe, e só não crescemos mais porque ainda não deu tempo de encontrar mais das pessoas certas para o serviço.
Mas as respostas de Deus não pararam por aí. Um amigo que trabalha numa companhia aérea me ligou em março pra saber de nós, e me ofereceu participar do programa de passagens para funcionários que ele dispõe. Isso sem contar os inúmeros convites de pernoite na casa de amigos que me evitam custos enormes com hotel na cidade mais cara do mundo.
Com tudo isso, hoje posso dizer que Deus encontrou um meio de responder minhas orações, ainda que tenha sido de uma forma tão turbulenta e assustadora, mas certamente isto me incentivou (por bem ou por mal) a aproximar-me mais dEle.
Claro que ainda nem tudo está resolvido, muito pelo contrário. Ainda tenho dívidas com o banco e com amigos pra saldar, ainda tenho que fortalecer a operação tão pequena e de tão pouco tempo que iniciamos, ainda tenho o desafio de estruturar um local físico adequado, ainda tenho muito, muito pelo que agradecer.
Contando assim, esta história parece muito cor de rosa, porém seria muito enfadonho detalhar as lágrimas que não tenho conseguido conter durante todo este processo, as horas de madrugada ajoelhado e questionando, as tantas obturações e dentes que quebrei de tanto range-los durante à noite (e pra isso Deus nos concedeu ter uma vizinha dentista muito querida), as incertezas que ainda são tão presentes em um negócio que não tem nem 1 ano de existência, o cansaço e desânimo que constantemente passam na minha frente.
Hoje vejo um pouquinho mais dos mistérios que se tornaram presentes, e percebo que ainda há muitos outros se configurando e outros por serem revelados. A princípio me parece assustador pensar:
 "E o que mais tem por vir ainda?"
Mas talvez, a beleza deste processo seja justamente o fato de que nem tudo nos é revelado para que efetivamente exerçamos nossa confiança, nossa fé em Deus, apesar de nossa cegueira dimensional parcial, onde somente enxergamos o passado e não conseguimos ver o futuro, que um dia se tornará presente, uma dádiva divina a nós, objetos de Seu amor.