quarta-feira, 11 de maio de 2011

Big Idea - a história de um sucesso e fracasso de proproções bíblicas

Você já se sentou horrrorizado, perdido no meio do inexplicável fracasso de um empreendimento que você tinha certeza que Deus estava dirigindo, se perguntando porque Deus permitiu que o colapso acontecesse? Ou já contemplou o acidente do outro lado da estrada sem entender como o carro ficou tão acabado? Como alguém explica o espetacular fracasso de um projeto honesto, de intenções tão nobres, onde as digitais divinas podiam ser vistas a cada passo do sucesso?

Acabei de ler o livro Me, Myself and Bob, por indicação de uma blogueira adventista no Canadá, onde Phil Vischer, criador do Veggietales, narra a história do fantástico crescimento e espetacular colapso da sua produtora, Big Idea Productions Inc. Como lí a resenha antes de ler o livro, já sabia o que esperar, mas não estava preparado para a lição que o Phil, de uma maneira tão profunda e tocante, delineou no fim do livro. Nunca fui empreendedor, nem tive grandiosos sonhos realizados e destruídos, mas com certeza já sentei perplexo numa noite muda de céu estrelado perguntando para o Criador das estrelas em que ponto da estrada tomei o desvio que me levou para o beco sem saída. E isso não faz muito tempo. As lições evidentemente são de caráter universal.

Ao final de seu livro, Phil Vicher narra com coração aberto como nos apropriamos dos nossos sonhos, imbídos de altos ideais, e assumimos prontamente que eles são os sonhos de Deus. Como os ideais são tão nobres, e as evidências da aprovação divina são tão claras, seguimos em frente ignorantes do precipício a frente. Na rapidez da colisão nem entedemos direito o acidente, e só refletimos com cuidado no que passou deitados na cama da enfermaria. É nesse instante que Deus, que esteve sempre presente, mostra as razões, aos pouquinhos, porém, pois os ferimentos ainda doem e estamos em recuperação.

Eu não quero e nem consigo reproduzir com brilhantismo as lições do Phil. Mas gostaria de reproduzir uma ilustração do livro e uma citação que ele faz de C.S. Lewis. A primeira é que se você deseja ser um Jedi Cristão, é importante descobrir quem é o seu Yoda. Entender o significado do fracasso e do sucesso refletindo nas palavras sábias e confusas de uma criaturinha verde, de orelhas longas e fala mansa pode ser bem mais fácil. A segunda é que aquele que tem Deus e mais uma porção de coisas, não tem absolutamente nada mais do que aquele que só tem Deus.

Você já encontrou o seu Yoda?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Entrevista, em primeira mão

Decidi publicar aqui uma entrevista que dei para a revista Conexão JA na pessoa do Wendel Lima. O interesse é em minha jornada pelo ministério em campus universitário. Espero que vocês se vejam nas entrelinhas.

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CJ: Recentemente entrevistei uma garota do GEA da USP e ela me falou que o projeto no campus existe desde a década de 1980. Parece que até contou com a participação do Ariney Oliveira, esposo da Alessandra Samadello. Você tem informações mais concretas de quem começou, quando começou, que tipo de atividades eram exercidas?

Como grupo organizado, o GEA USP surgiu no início dos anos 80. Neste período um grupo de estudantes da escola politécnica, comprometidos com as convicções adventistas e sucesso acadêmico, juntaram-se com o objetivo de apoiar colegas que estivessem em dificuldades de conseguir provas de reposição no sábado. A ideia básica era dar visibilidade aos estudantes adventistas no campus, distingui-los por seu sucesso acadêmico, e criar relacionamentos com professores e administradores que facilitassem a observação do sábado. Como parte da estratégia, o GEA da primeira geração participou e promoveu passeatas anti-fumo, apresentação de corais adventistas, venda de livros denominacionais na porta do bandeijão, entre outras atividades. Estudantes adventistas de outras unidades, ouvindo falar do grupo, agregaram-se aos fundadores participando de atividades sociais e evangelísticas tais como almoços semestrais, eventos no CEPEUSP, reuniões semanais de estudos bíblicos, e acampamentos que fortaleceram a amizade do grupo e, não menos importante, geraram casamentos. Foi neste período que o Ariney Oliveira, então estudante da ECA, deu estudos bíblicos para um colega da faculdade de música, o Nelson Ueno, que acabou juntando-se ao GEA, tornando-se adventista e casando-se com uma simpática enfermeira da igreja de Cotia. Um dos valores mais estimados do GEA, desde o início, foi a ausência de uma estrutura hierárquica. Sendo assim, o GEA daquela geração contava com “colaboradores” para organizar e promover as atividades do grupo. Três grandes colaboradores da primeira geração, o Walter Friedrich, o Décio de Souza Jr., e o Helmer Keppke, particularmente inspiraram e impactaram a segunda, a nossa geração.


CJ: Na sua época como funcionava o trabalho? Foi iniciativa sua? Eram reuniões, pequenos grupos, palestras? Naquela época o trabalho devia ser mais embrionário ainda, porque a igreja tinha bem menos universitários.

Entrei na USP em 1988, porém levou 2 anos para eu pudesse ser achado pelo GEA que enfrentava na época a árdua tarefa de passar a tocha para uma nova geração de estudantes. Um anúncio de um encontro do GEA USP no então IAE estampado em um pequeno espaço da Revista Adventista foi a solução encontrada pelo grupo para achar e atrair novos estudantes numa época em que internet era pouco mais que um experimento acadêmico, e mensagens de texto, orkut, twitter e Facebook, ficção científica. (A propósito, durante todo o meu tempo no GEA USP, comunicados de eventos eram enviados por carta selada aos membros do grupo pela Lilian, a incansável colaboradora topa-tudo-pelo-GEA.) A história e a visão dos fundadores deixou nosso pequeno grupo presente no encontro muito motivado. Decidimos que a chama continuaria acesa. Recebemos deles a lista atualizada de estudantes, sugestões de atividades e votos de sucesso. A primeira tarefa foi organizar a reunião semanal no campus. Porém, após algumas tentativas, desanimamos com o miguado grupo de fiéis. Numa reunião particularmente fraca, três de nós debatíamos o que fazer, quando do nada, dois respeitados “dinossauros”, como carinhosamente nos referíamos aos membros da primeira geração, entraram na sala. Com uma sabedoria que somente escamosos dinossauros que sobreviveram a inóspita floresta universitária podem comunicar, fomos encorajados a continuar, escolhendo uma série de temas não convencionais, que desafiavam a acomodação e a letargia denominacional. Logo ficou claro que o nosso chamado era revitalizar a vida espiritual de nossos colegas adventistas na USP. Após este encontro, atravessamos o primeiro semestre com uma frequência de 10 a 15 pessoas por reunião que se manteve durante todo o tempo que fui parte do GEA-USP. Escolhiamos temas para discussão e distribuíamos as responsabilidades de liderança da discussão entre os que frequentavam. As reuniões semanais se tornaram a fonte de alimento espiritual para muitos de nós. Passamos a organizar almoços semestrais com o objetivo de rever colegas que não podiam frequêntar as reuniões semanais, reencontrar membros da primeira geração, recrutar novos estudantes e planejar atividades para o semestre seguinte. Passamos também a organizar acampamentos que ocorriam uma ou duas vezes por ano. A organização era dividida entre o grupo, bem ao molde do mantra de que no GEA éramos todos colaboradores. Convidamos professores do seminário teológico para dirigir as palestras nos acampamentos com o pedido de que eles nos ministrassem assuntos de sua área de especialização. A descontração, a camaradagem e a substância espiritual tornaram-se a característica de nossos acampamentos que chegaram a ter mais de 50 participantes, incluindo estudantes de outras faculdades e universidades. Estes, sendo “doutrinados” nos princípios do GEA, fundaram grupos em suas respectivas escolas (especialmente no Mackenzie e na Escola Paulista de Medicina). Talvez nossa geração não tenha sido tão empreendedora no aspecto evangelístico quanto a primeira, mas creio que foi muito bem sucedida no amparo e revitalização espiritual daqueles que participaram.


CJ: De 1994 a 97, o que você fez no Brasil? Continuou envolvido com a USP?

Depois que me formei continuei fazendo algumas matérias da licenciatura na USP. Já não estava mais ativo como colaborador do GEA, porém participava do máximo de atividades possível, incluindo os acampamentos. A tocha foi passada para a terceira geração, que deve ter tocado atividades até meados de 97-98. Eu continuei muito envolvido com o que chamávamos grupos de estudo na minha igreja, hoje conhecido por pequeno grupo. Muitos dos que frequentavam estes grupos eram universitários que participavam de GEAs em suas escolas. Assim eu continuava de certa forma envolvido com o GEA até a minha ida para os Estados Unidos em junho de 96.


CJ: Como era a mobilização dos universitários na época? Como a igreja olhava para esse grupo?

Havia algumas iniciativas que surgiram aqui e ali, mas nada consistente ou sistemático. Lembro-me que a associação paulistana chegou a organizar um evento no começo dos anos 90 na igreja de Moema com participação de pastores ligados ao ministério jovem, acadêmicos e estudantes. O GEA teve uma presença forte, bem como universitários de outros lugares, porém, como não houve um fórum para partilhar experiências, o impacto do encontro acabou sendo bem modesto. Tivemos vários pastores que interagiram com o GEA durante minha geração. Ao meu ver eles se dividiam em duas classes. Uma delas tinha uma postura de vamos-bajular-essa-turma-para-eles-se-sentirem-bem-em-nossa-igreja. Para estes o universitário era visto com um pouco de desconfiança e um pouco de elitismo. Uma outra fatia do pastorado, tinha uma abordagem mais aberta e não se incomodava em participar das discussões, nem em ouvir ou responder eventuais questionamentos. Internamente críamos que questionar é saudável, desde que estivéssemos verdadeiramente comprometidos com a missão. Naturalmente nem todos se sentiam confortáveis com esta postura.

Com relação a igreja, a grande maioria dos membros tinha cargos em suas respectivas igrejas. Procurávamos contribuir ativamente e da melhor forma possível com a igreja local e em geral o resultado era uma saudável relação das igrejas locais com os universitários. Chegamos a organizar diversos programas em igrejas onde nossos amigos congregavam.


CJ: Como foi sua atuação missionária num campus americano? Quais foram as peculiaridades deste outro contexto? Que referências você buscou?

As respostas a essas perguntas dão um livro! Mas vou tentar ser breve. Nossa transição para a nova cultura foi demorada e dolorosa. Em retrospectro, estávamos atravessando o choque cultural, em um momento em que a própria cultura americana estava vivendo uma transição. O nosso grupo de universitários não partilhava o mesmo entusiasmo do GEA. Ajudávamos o nosso grupo no que podíamos, que na maioria dos casos consistia em oferecer carona aos estudantes aos sábados, contribuir para o junta panelas na pequenina igreja que frequentávamos e participar de caminhadas sábado a tarde. Até que em meados de 2000 nosso pastor, Gary Wagner, teve a brilhante ideia de iniciar um ministério completamente dedicado aos estudantes universitários. Começamos a ler livros sobre como alcançar mentes secularizadas, a participar de seminários sobre evangelismo, e a debater o assunto com os estudantes. Organizamos um retiro de inverno com apoio financeiro da associação local e convidamos o pastor John McGhee, especializado em missiologia. Ficou claro que o que precisávamos era uma proposta revolucionária: organizar uma igreja no campus que tivesse cultos aos sábados pela manhã. Assim fizemos os preparativos para lançar o projeto no campus no início do ano escolar. Decidimos que a cada sábado convidaríamos palestrantes de calibre para abordar um tema que chamasse a atenção dos nossos colegas. Espalharíamos cartazes nos quadros de anúncio. Para o primeiro sabádo, dia 15 de setembro de 2001, decidimos que o tema seria “Similaridades entre o Islã e o Cristianismo” que daria o tom não convencional que despertaria o interesse que esperávamos. Quando planejamos o programa quatro meses antes mal sabíamos quão relevante seria este tema na semana do 11 de setembro! Com esta demonstração sobrenatural da direção divina, prosseguimos confiantes. A frequência aos nossos eventos de sábado de manhã oscilava entre 15 a 30 pessoas, e quase sempre tínhamos colegas não adventistas em nossa companhia. O primeiro ano foi excelente, porém havia a necessidade de se fazer ajustes. Conquanto satisfeitos com a alta qualidade dos nossos palestrantes, este modelo não seria viável, exceto com uma fabulosa verba que permitisse trazer palestrantes de lugares mais distantes. Além disso, alguns se queixavam da profundidade técnica de algumas palestras que faziam a “igreja” mais parecer uma sala de aula. Com isso em mente, e com um revolucionário conceito evangelístico apresentado pelo renomado autor evangélico Brian McLaren (veja a versão em português do livro), simplificamos e passamos a elaborar programas mais interativos, criativos e cristocêntricos. A resposta foi muito positiva e o impacto na vida dos colegas foi real e palpável.Outras mudanças vieram em semestres e anos subsequentes, sempre tentando aprimorar o modelo para alcançar de maneira mais eficaz os corações dos que participavam do projeto. Se o mantra do GEA USP era “todos somos colaboradores do GEA”, o mantra do nosso grupo na UMass era “nunca tenha medo de fazer mudanças”.
Nesta época também organizamos retiros com palestrantes convidados, atividades na igreja local, jantar internacional, estudos bíblicos sextas-feiras a noite, etc. Tínhamos até um pequeno coral que interpretava músicas gospel na linguagem dos sinais (ASL - American Sign Language) que se apresentava no campus (vários membros do coral não eram adventistas). Depois de quatro anos muito produtivos, percebi que existe uma multidão de coisas maravilhosas e diferentes que podem ser feitas no campus de uma universidade secular. Porém o resultado de estudar, debater, entender, meditar e orar para amadurecer a ideia e elaborar uma boa estratégia é significativamente melhor. Em contraste com os meus esforços no Brasil, que foram muito espontâneos, o trabalho aqui foi muito mais dirigido, e intencional. Consequentemente, o meu crescimento espiritual teve uma dimensão bem mais abrangente e o impacto na vida de pessoas bem maior.


QJ: Aliás, teria sites, livros, artigos ou projetos de referência sobre evangelismo em campus não adventistas? Imagino que a Igreja na América seja mais atenta a isso e busque mais especialização.

Por muitos anos nos Estados Unido a igreja como organização tem promovido as faculdades e universidades Adventistas encorajando os jovens a frequentarem nossas escolas. Por esta razão, até recentemente, quase não havia apoio aos ministérios em universidades seculares. Na mesma época que começamos nossas atividades na Universidade do Massachusetts, surgiu na Universidade do Michigan em Ann Arbor o ministério universitário de maior impacto no momento na igreja adventista nos EUA. O grupo, conhecido como CAMPUS tem desenvolvido muitos recursos para este tipo de atividades. Apoiados pela associação do Michigan, eles começaram a promover um congresso anual de jovens universitários com uma forte ênfase em reavivamento e evangelismo. Este grupo, conhecido como GYC, Generation of Youth for Chirst, realizou um enorme congresso de Jovens na última virada do ano em Baltimore. Mais de 7000 jovents participaram do evento. Esta iniciativa, completamente “grass roots,” tem usado a technologia das redes sociais que não dispúnhamos no passado para energizar uma nova geração de jovens com o chamado e a missão da igreja. A resposta tem sido fabulosa. Inúmeros ministérios tem se formado em diversas partes do país. Os estudantes adventistas de minha Universidade, por exemplo começaram um grupo no último ano. Como professor tenho tido a oportunidade de ajudá-los a dar os primeiros passos. Abaixo listo alguns links de interesse para aqueles que desejam conhecer o que se passa no mundo universitário adventista nos EUA.

GYC - Generation of Youth for Christ
CAMPUS -Center for Adventist Ministry to Public University Students - GEA da Universidade do Michigan em Ann Arbor
ACF -
AMICUS
- departamento da associação geral
Dialogue - Revista universitária (defunta?)

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Orei por Bin Laden"

Casualmente navegando na internert nesta manhã, trombei com a quase chocante sentença:

"I have been praying for Osama bin Laden for 10 years."

O autor da sentença é um reverendo que fez uma reflexão sobre o significado da morte do terrorista no blog Belief da CNN. Rev. David Lewicki termina:

"I have wondered over the years what God tried to do to win him back to love. I wonder about the confounding ability of human beings to resist the love of God. I wonder about these things for Osama bin Laden and I wonder about same things with respect to my own life. Today, as I have many days before, I pray for my enemy — I pray him into the hands of the God of justice and of mercy."

Com será que como Cristãos deveríamos encarar questões mais mundanas como o terrorismo e a morte dos terroristas? Como deveriamos celebrar as vitórias? Que fatos podem ser considerados vitórias? Como podemos como cristãos influenciar nossos governos, nossa sociedade e quem sabe até nossos inimigos? Com Bin Laden morto, por quem devo começar a orar para que Deus possa convertê-lo para uma vida de amor e misericódia?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Contra fatos não há argumentos, certo?

Se você ainda não se deu conta, Osama Bin Laden, o "master mind" dos ataques de 11 de setembro de 2001 está morto. Descobri ontem de manhã ouvindo o rádio a caminho do trabalho. Hoje ouvia o rádio novamente e o comentarista discutia a estratégia dos EUA para desacreditar rumores de que o terrorista não foi morto e tudo não passou de uma armação.

Como é que alguém prova que Bin Laden está morto? Exames de DNA? Fotos dele com uma bala na testa? Filme dele resistindo ao ataque? Um funeral de corpo presente com testemunhas? E assim começam a proliferar teorias conspiratórias que desafiam a lógica.

Engraçado. Vivemos em um tempo onde teorias conspiratórias das mais absurdas tomam corpo revestidas de uma racionalidade estapafúrdia. Exemplo: uma fatia não despresível da população americana acredita que o presidente Obama nasceu fora do território americano. A paranóia chegou a tal ponto no cenário político e na mídia que o seu certificado de nascença foi distribuído recentemente pela Casa Branca. Agora vem a parte mais interessante. Seria de se esperar que a apresentação do documento encerrasse o assunto, certo? Errado! Não satisfeitos, os mais teimosos (e lunáticos) incrédulos, propõem intricados desdobramentos para explicar como a evidência é forjada. Não importa o montante de evidências, sempre existe aqueles que creem no que desejam crer contra fatos e evidências. Você já conversou com alguém que defende que a viajem a lua foi na verdade um piquenique no deserto do Arizona? De volta a Bin Laden. Que tal dar para os que defendem que ele não morreu o ônus da prova? Se ele não morreu, que venha a público!

Neste ponto faço uma ligação com a cosmovisão cristã. Por ocasião da ressurreição de Jesus, os líderes que levaram a cabo o assassinato desejavam lançar em descrédito a notícia do Messias ressurreto. A versão conspiratória porém não foi capaz de produzir um corpo morto como prova. Os defensores da ressurreição apontavam como evidência o Cristo vivo, visto em público. Seria isto suficiente para encerrar o assunto?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita a Mars Hill

Há algumas semanas estive em Mars Hill, a megachurch liderada pelo polêmico Rob Bell e queria dividir aqui com vocês umas poucas impressões:

A igreja se reúne em um shopping center desativado. Você entra e no corredor há uma longa mesa com bagels e outros pãezinhos, café, limonada e chá. O povo então vai chegando, pegando um copo, uns pãezinhos e entrando na nave do templo.

Que é um espaço gigantesco. Imagine um Wall Mart americano cheio de cadeiras com um palco de um metro de altura mais ou menos no centro. Acima dele, quatro telões que se incumbem de mandar as imagens para quem está mais no fundo.

A gente chegou bem cedo, então sentamos na segunda fileira e ficamos esperando. Logo o ambiente estava totalmente repleto. Às nove da manhã uma banda subiu ao palco e começou a tocar. Havia uma bateria, uma pianista que tocava também acordeão, um baixo, uma guitarra e a band leader com um violão. A música era super suave, com arranjos intimistas e o mais interessante é que a banda ficava nas bordas do palco, de costas para a congregação. Claramente a intenção era dizer "veja, não olhe pra gente, estamos todos louvando juntos". A letra era projetada nos telões e o pessoal cantava junto mas sem palmas de mão viradas para cima nem nenhuma outra manifestação mais espalhafatosa de êxtase espiritual.

Foram só duas canções e logo um pastor bem jovem e em "casual clothing" estava ali dando alguns recados enquanto Rob Bell, também vestido de forma despojada, sentava em um banquinho no meio do palco. Sua primeira providência ao começar a falar foi pedir que cada pessoa encontrasse alguém que não conhecesse e se apresentasse. Pra gente foi fácil. Mas a iniciativa veio bem a calhar. O casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. Ficaram admirados de saber que vínhamos do Brasil. Foram muito simpáticos.

Rob Bell voltou então e começou a falar. Estava no meio de uma série de pregações sobre as cartas às 7 igrejas de Apocalipse 2 e 3 e o tema daquela manhã era Sardes. Seu sermão teve apenas 20 ou 25 minutos, com algumas fotos de Sardes, alguns detalhes históricos e uma conclusão do texto bastante inusitada, mas não forçada nem distorcida. Em seguida, por ser páscoa, houve uma comunhão. Havia mesas à frente do palco com hóstias e cumbucas com vinho e, sem pressa, as famílias foram se aproximando, tomando as hóstias, molhando no vinho e, com uma breve oração, tomando a comunhão. O casal à nossa frente perguntou se queríamos ir com eles e é claro que fomos. Enquanto havia todo esse deslocamento para a comunhão,a banda voltava a tocar (nós amamos a música!).

Enfim, Bell retornou ao palco, fez uma oração e c'est fini, estava terminado o primeiro serviço de culto. Nossos novos amigos nos tomaram pela mão e saímos correndo para tentarmos falar com Rob Bell, mas nos disseram que ele havia estado muito doente aquelas semanas anteriores e ele precisava descansar antes do segundo serviço.

Agradecemos todo mundo, trocamos figurinhas com o pessoal da banda e sapeamos por ali mais algum tempo. Perguntamos se havia alguma loja que vendesse livros, CDs e coisas assim mas a resposta foi negativa.

A impressão geral foi de uma igreja de culto bastante racional, nada escandaloso, e muito acolhedora. Estranhei não ver naquela multidão nenhum negro, apenas alguns orientais quebrando a mesmice caucasiana. Certamente valeu a experiência.

Economizando para o casamento

O casamento do príncipe William aconteceu estes dias atrás. Foi possivelmente o maior evento já assistido no mundo. Otimistas dizem que mais de 2 bilhões de pessoas assistiram ao impecável cerimonial, o que seria equivalente a dois terços do globo. Se não assistiram ao vivo, notícias do evento e fotos do casal devem ter sido visto por toda a população mundial contectada com a mídia. Imagine o privilegio dos que estiveram em pessoa na abadia!

Ao ver algumas porções das cenas do matrimônio (não vi o casório inteiro), não pude deixar de pensar em nosso antigo estudo biblico "A Verdade Como é em Jesus", onde o tema das bodas do Cordeiro é o foco central. Muito pode ser analisado em paralelo com a parábola de Mateus 22. Até a vergonha do embaixador da Síria em ter o seu convite revogado na última hora, me lembrou do homem da parábola que apareceu para as bodas sem as vestes apropriadas e passou a vergonha de ser excluído das celebrações.

Eventos na terra e nas nações apontam para o fato de que as bodas do Cordeiro se aproximam. Neste último sabado, nosso pastor associado centrou sua mensagem em Apocalipse 7, onde os anjos que teem poder de destruir a terra o mar e as árvores são constrangidos a não levarem a cabo sua obra de destruição até que o servos de Deus sejam selados. Enquanto pinceladas da obra de destruição mostram-se evidentes em catástrofes em Nova Friburgo, Japão, Alabama, o convite para as celebração das bodas prossege.

É curioso que em Lucas 14, a parábola do banquete é seguida do indigesto discurso de Cristo sobre o custo de tornar-se discípulo, ou do convite para as bodas. Enquanto descupas para não ir a festa involvem o genuíno excitamento e interesse por recentes aquisições de propriedade, novos "gadgets", e casamento, Jesus inflaciona desprorpocionalmente os custos dizendo:

"Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo."

Quanto eu daria para ter a oportunidade de sentar-me na primeira fileira da Abadia de Westminster na manhã de sexta feira? Confesso que mesmo com toda a pompa e circunstância do evento, talvez eu não desse muito valor. Certamente não a ponto de renunciar tudo que possuo incluíndo mulher e filhos. Será que que ando fazendo as contas dos custos para estar presente no casamento mais pretigioso de todas as nações? Perdê-lo pode levar-me a eterna vergonha, rancor e ranger de dentes.