sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Marketing

A máxima refrescância. Prazer em dobro. Surpreenda os seus sentidos. Experimenta! Uma aventura de tirar o fôlego. Adrenalina total. Você merece. Sofisticação ao seu alcance. Para poucos. Você merece. Você merece. Você precisa.

As mensagens que nos embalam (no sentido de embalagem mesmo) dizem que precisamos experimentar sensações-limites, devemos viver intensamente, devemos ter êxtases sensoriais cada vez maiores, sob pena de não estarmos "vivendo". O que ontem nos surpreendeu, hoje é corriqueiro, precisamos de uma dose maior.

É estranho que fiquemos assustados quando os adolescentes submetidos a esse discurso desde bebês se lancem nas drogas. Eles "precisam" viver, "precisam" sentir emoções fortes, "precisam" tirar os pés do mundo ordinário! Caso contrário, terão apenas existido, e a vida é pra ser vivida...

Mas não "precisamos" apenas experimentar, sentir, viver; "precisamos" ostentar. Um carro não serve mais apenas para nos deslocar por aí. O comercial mostra o sujeito orgulhoso de sua nova aquisição deixando a garagem entreaberta ou cortando a cerca viva de sua casa para que quem passa por fora possa ver aonde ele chegou, possa ver que, a julgar pelo objeto de luxo que ele adquiriu, "ele chegou lá". Ele não é
qualquer um, ele não é condicionado pelo mundo ordinário. Um celular faz tempo que não serve mais apenas para comunicação e uma televisão para assistir programas de péssima qualidade. Eles "precisam" ter o máximo de funções agregadas, porque são objetos de exposição e porque "precisamos" do máximo conforto, da máxima conveniência.

O mundo gira graças ao combustível desse monte de necessidades artificiais. É para consumir que nos esfalfamos, porque o consumo nos permite viver as sensações que nós acreditamos que precisamos viver para continuar existindo e porque ele nos permite alcançar aceitação em uma coletividade ou destaque dentro dela. E, se o consumo não
basta, nós nos consumimos a nós mesmos, e o caso das drogas citado aí acima é só um exemplo. Sexo, pornografia, poder, sucesso, manipulação, trabalho excessivo, são todas formas de auto-consumo, tentativa vã de entregar à vida algum sentido ou propósito.

Como se fosse antevendo esse estado de coisas que Paulo suplicou: "não vos conformeis a este mundo, mas transformai- vos pela renovação de vossa mente, para que experimenteis [isso sim vale a pena "experimentar" ] qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Não conformar-se, amigo, significa não consentir em entrar na mesma fôrma. Viver é muito mais do que dizem por aí.

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