terça-feira, 1 de julho de 2008

A Igreja ao Gosto do Freguês

Lindões, o texto abaixo me chegou através da boa e velha mailinglist do GEA (Grupo de Estudantes Adventistas). Trata-se de um artigo publicado na revista evangélica Chamada da Meia-Noite, que aborda profecias bíblicas sob um ponto de vista dispensacionalista, de março de 2005. O link para a matéria é
http://www.chamada. com.br/mensagens /igreja_ao_ gosto.html

Reproduzo a matéria aqui na esperança de que ele possa fomentar alguma discussão. O que acham??


A Igreja ao Gosto do Fregues

O movimento chamado "igreja ao gosto do freguês" está invadindo muitas denominações evangélicas, propondo evangelizar através da aplicação das últimas técnicas de marketing. Tipicamente, ele começa pesquisando os não-crentes (que um dos seus líderes chama de "desigrejados" ou "João e Maria desigrejados" ). A pesquisa questiona os que não freqüentam
quaisquer igrejas sobre o tipo de atração que os motivaria a assistir às reuniões. Os resultados do questionário mostram as mudanças que poderiam ser feitas nos cultos e em outros programas para atrair os "desigrejados" , mantê-los na igreja e ganhá-los para Cristo. Os que desenvolvem esse método garantem o crescimento das igrejas que seguirem cuidadosamente suas diretrizes aprovadas. Praticamente falando, dá certo!

Duas igrejas são consideradas modelos desse movimento: Willow Creek Community Church (perto de Chicago), pastoreada por Bill Hybels, e Saddleback Valley Church (ao sul de Los Angeles) pastoreada por Rick Warren. Sua influência é inacreditável. Willow Creek formou sua própria associação de igrejas, com 9.500 igrejas-membros. Em 2003, 100.000 líderes de igrejas assistiram no mínimo a uma conferência para líderes realizada por Willow Creek. Acima de 250.000 pastores e líderes de mais de 125 países participaram do seminário de Rick Warren ("Uma Igreja com Propósitos"). Mais de 60 mil pastores recebem seu boletim semanal.

Visitamos Willow Creek há algum tempo. Pareceu-nos que essa igreja não poupa despesas em sua missão de atrair as massas. Depois de passar por cisnes deslizando sobre um lago cristalino, vê-se o que poderia ser confundido com a sede de uma corporação ou um shopping center de alto
padrão. Ao lado do templo existe uma grande livraria e uma enorme área de alimentação completa, que oferece cinco cardápios diferentes. Uma tela panorâmica permite aos que não conseguiram lugar no santuário ou que estão na praça de alimentação assistirem aos cultos. O templo é espaçoso e moderno, equipado com três grandes telões e os mais modernos sistemas de som e iluminação para a apresentação de peças de teatro e musicais.

Sem dúvida, Willow Creek é imponente, mas não é a única megaigreja que tem como alvo alcançar os perdidos através dos mais variados métodos. Megaigrejas através dos EUA adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, espaços para guardar equipamentos, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds, tudo para o progresso do Evangelho. Pelo menos é o que dizem. Ainda que algumas igrejas estejam lotadas, sua freqüência não é o único elemento que avaliamos ao analisar essa última moda de "fazer igreja".

O alvo declarado dessas igrejas é alcançar os perdidos, o que é bíblico e digno de louvor. Mas o mesmo não pode ser dito quanto aos métodos usados para alcançar esse alvo. Vamos começar pelo marketing como uma tática para alcançar os perdidos. Fundamentalmente, marketing traça o perfil dos consumidores, descobre suas necessidades e projeta o produto (ou imagem a ser vendida) de tal forma que venha ao encontro dos desejos do consumidor. O resultado esperado é que o consumidor compre o produto. George Barna, a quem a revista Christianity Today
(Cristianismo Hoje) chama de "o guru do crescimento da igreja", diz que tais métodos são essenciais para a igreja de nossa sociedade consumista. Líderes evangélicos do movimento de crescimento da igreja reforçam a idéia de que o método de marketing pode ser aplicado - e
eles o têm aplicado - sem comprometer o Evangelho. Será?

Em primeiro lugar o Evangelho, e mais significativamente a pessoa de Jesus Cristo, não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos. Não podem ser modificados ou adaptados para satisfazer as necessidades de nossa sociedade consumista. Qualquer tentativa nessa direção compromete de algum modo a verdade sobre quem é Cristo e do que Ele fez por nós. Por exemplo, se os perdidos são considerados consumidores, e um mandamento básico de marketing diz que o freguês sempre tem razão, então qualquer coisa que ofenda os perdidos deve ser deixada de lado, modificada ou apresentada como sem importância. A Escritura nos diz claramente que a mensagem da cruz é "loucura para os que se perdem" e que Cristo é uma "pedra de tropeço e rocha de ofensa" (1 Co 1.18 e 1 Pe 2.8).

Megaigrejas adicionam salas de boliche, quadras de basquete, salões de ginástica e sauna, auditórios para concertos e produções teatrais, franquias do McDonalds.

Algumas igrejas voltadas ao consumidor procuram evitar esse aspecto negativo do Evangelho de Cristo enfatizando os benefícios temporais de ser cristão e colocando a pessoa do consumidor como seu principal ponto de interesse. Mesmo que essa abordagem apele para a nossa geração
acostumada à gratificação imediata, ela não é o Evangelho verdadeiro nem o alvo de vida do crente em Cristo.

Em segundo lugar, se você quiser atrair os perdidos oferecendo o que possa interessá-los, na maior parte do tempo estará apelando para seu lado carnal. Querendo ou não, esse parece ser o modus operandi dessas igrejas. Elas copiam o que é popular em nossa cultura - músicas das
paradas de sucesso, produções teatrais, apresentações estimulantes de multimídia e mensagens positivas que não ultrapassam os trinta minutos. Essas mensagens freqüentemente são tópicas, terapêuticas, com ênfase na realização pessoal, salientando o que o Senhor pode oferecer, o que a
pessoa necessita - e ajudando-a na solução de seus problemas.

Essas questões podem não importar a um número cada vez maior de pastores evangélicos, mas, ironicamente, estão se tornando evidentes para alguns observadores seculares. Em seu livro The Little Church Went to Market (A Igrejinha foi ao Mercado), o pastor Gary Gilley observa
que o periódico de marketing American Demographics reconhece que as pessoas estão: ...procurando espiritualidade, não a religião. Por trás dessa mudança está a procura por uma fé experimental, uma religião do coração, não da cabeça. É uma expressão de religiosidade que não dá valor à doutrina, ao dogma, e faz experiências diretamente com a divindade, seja esta
chamada "Espírito Santo" ou "Consciência Cósmica" ou o "Verdadeiro Eu". É pragmática e individual, mais centrada em redução de stress do que em salvação, mais terapêutica do que teológica. Fala sobre sentir-se bem, não sobre ser bom. É centrada no corpo e na alma e não no espírito. Alguns gurus do marketing começaram a chamar esse movimento de "indústria da experiência" (pp. 20-21).

Existe outro item que muitos pastores parecem estar deixando de considerar em seu entusiasmo de promover o crescimento da igreja atraindo os não-salvos. Mesmo que os números pareçam falar mais alto nessas "igrejas ao gosto do freguês" (um número surpreendente de igrejas nos EUA (841) alcançaram a categoria de megaigreja, com 2.000 a 25.000 pessoas presentes nos finais de semana), poucos perceberam que o aumento no número de membros não se deve a um grande número de "desigrejados" juntando-se à igreja.

Durante os últimos 70 anos, a percentagem da população dos EUA que vai à igreja tem sido relativamente constante (mais ou menos 43%). Houve um crescimento, chegando a 49% em 1991 (no tempo do surgimento dessa nova modalidade de igreja), mas tal crescimento diminuiu gradualmente, retornando a 42% em 2002 (www.barna.org) . De onde, então, essas megaigrejas, que têm se esforçado para acomodar pessoas que nunca se interessaram pelo Evangelho, conseguem seus membros? Na maior parte, de igrejas menores que não estão interessadas ou não têm condições financeiras de propiciar tais atrações mundanas. O que dizer das
multidões de "desigrejados" que supostamente se chegaram a essas igrejas? Essas pessoas constituem uma parcela muito pequena das congregações. G.A. Pritchard estudou Willow Creek por um ano e escreveu um livro intitulado Willow Creek Seeker Services (Baker Book House,
1996). Nesse livro ele estima que os "desigrejados" , que seriam o público-alvo, constituem somente 10 ou 15% dos 16.000 membros que freqüentam os cultos de Willow Creek.

O Evangelho e a pessoa de Jesus Cristo não cabem em nenhuma estratégia de mercado. Não são produtos a serem vendidos.

Se essa percentagem é típica entre igrejas "ao gosto do freguês", o que provavelmente é o caso, então a situação é bastante perturbadora. Milhares de igrejas nos EUA e em outros países se reestruturaram completamente, transformando- se em centros de atração para "desigrejados" . Isso, aliás, não é bíblico. A igreja é para a maturidade e crescimento dos santos, que saem pelo mundo para alcançar os perdidos. Contudo, essas igrejas voltaram-se para o entretenimento e
a conveniência na tentativa de atrair "João e Maria", fazendo-os sentirem-se confortáveis no ambiente da igreja. Para que eles continuem freqüentando a "igreja ao gosto do freguês", evita-se o ensino profundo das Escrituras em favor de mensagens positivas, destinadas a fazer as
pessoas sentirem-se bem consigo mesmas. À medida que "João e Maria" continuarem freqüentando a igreja, irão assimilar apenas uma vaga alusão ao ensino bíblico que poderá trazer convicção de pecado e verdadeiro arrependimento. O que é ainda pior, os novos membros recebem uma visão psicologizada de si mesmos que deprecia essas verdades. Contudo, por pior que seja a situação, o problema não termina por aí.

A maior parte dos que freqüentam as "igrejas ao gosto do freguês" professam ser cristãos. No entanto, eles foram atraídos a essas igrejas pelas mesmas coisas que atraíram os não-crentes, e continuam sendo alimentados pela mesma dieta biblicamente anêmica, inicialmente
elaborada para não-cristãos. Na melhor das hipóteses, eles recebem leite aguado; na pior das hipóteses, "alimento" contaminado com "falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam" (2 Tm 6.20). Certamente uma igreja pode crescer numericamente seguindo esses moldes, mas não espiritualmente.

Além do mais, não há oportunidades para os crentes crescerem na fé e tornarem-se maduros em tal ambiente. Tentando defender a "igreja ao gosto do freguês", alguns têm argumentado que os cultos durante a semana são separados para discipulado e para o estudo profundo das Escrituras. Se esse é o caso, trata-se de uma rara exceção e não da regra!

Como já notamos, a maioria dessas igrejas, no uso do seu tempo, energia e finanças tem como alvo acomodar os "desigrejados" . Conseqüentemente, semana após semana, o total da congregação recebe uma mensagem diluída e requentada. Então, na quarta-feira, quando a congregação usualmente se reduz a um quarto ou a um terço do tamanho normal, será que esse
pequeno grupo recebe alimentação sólida da Palavra de Deus, ensino expositivo e uma ênfase na sã doutrina? Dificilmente. Nunca encontramos uma "igreja ao gosto do freguês" onde isso acontecesse. As "refeições espirituais" oferecidas nos cultos durante a semana geralmente são
reuniões de grupos e aulas visando o discernimento dos dons espirituais, ou o estudo de um "best-seller" psico-cristão, ao invés do estudo da Bíblia.

Talvez o aspecto mais negativo dessas igrejas seja sua tentativa de impressionar os "desigrejados" ao mencionar especialistas considerados autoridades em resolver todos os problemas mentais, emocionais e comportamentais das pessoas: psicólogos e psicanalistas. Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão. Seus milhares de conceitos e centenas de metodologias não-comprovados são contraditórios e não científicos, totalmente não-bíblicos, como já documentamos em nossos livros e artigos anteriores. Pritchard observa: ...em Willow Creek, Hybels não somente ensina princípios psicológicos, mas freqüentemente usa esses mesmos princípios como guias interpretativos para sua exegese das Escrituras - o rei Davi teve uma crise de identidade, o apóstolo Paulo encorajou Timóteo a fazer análise e Pedro teve problemas em estabelecer seus limites. O ponto crítico é que princípios psicológicos são constantemente adicionados ao ensino de Hybels" (p. 156).

Durante minha visita a Willow Creek, o pastor Hybels trouxe uma mensagem que começou com as Escrituras e se referia aos problemas que surgem quando as pessoas mentem. Contudo, ele se apoiou no psiquiatra M. Scott Peck, o autor de The Road Less Travelled (Simon & Schuster, 1978) quanto às conseqüências desastrosas da mentira. Nesse livro, M. Scott Peck declara (pp. 269-70): "Deus quer que nos tornemos como Ele mesmo (ou Ela mesma)"!

Nada na história da Igreja tem diminuído tanto a verdade da suficiência da Palavra de Deus no tocante a "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pe 1.3) como a introdução da pseudociência da psicoterapia no meio cristão.

A Saddleback Community Church está igualmente envolvida com a psicoterapia. Apesar de se dizer cristocêntrica e não centrada na psicologia, essa igreja tem um dos maiores números de centros dos Alcoólicos Anônimos e patrocina mais de uma dúzia de grupos de ajuda
como "Filho s Adultos Co-Dependentes de Viciados em Drogas", "Mulheres Co-Viciadas Casadas com Homens Compulsivos Sexuais ou com Desordens de Alimentação" e daí por diante. Cada grupo é normalmente liderado por alguém "em recuperação" e os autores dos livros usados incluem psicólogos e psiquiatras (www.celebraterecov ery.com). Apesar de negar o uso de psicologia popular, muito dela permeia o trabalho de Rick Warren, incluindo seu best-seller The Purpose Driven Life (A Vida Com Propósito), que já rendeu sete milhões de dólares. Em sua maior parte, o livro fala de satisfação pessoal, promove a celebração da recuperação e está cheio de psicoreferências tais como "Sansão era dependente".

A mensagem principal vinda das igrejas psicologicamente motivadas de Willow Creek e Saddleback é a de que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo são insuficientes para livrar uma pessoa de um pecado habitual e para transformá-la em alguém cuja vida seja cheia de fruto e agradável a Deus. Entretanto, o que essas igrejas dizem e fazem tem sido exportado para centenas de milhares de igrejas ao redor do mundo.

Grande parte da igreja evangélica desenvolveu uma mentalidade de viagem de recreio em um cruzeiro cheio de atrações, mas isso vai resultar num "Titanic espiritual". Os pastores de "igrejas ao gosto do freguês" (e aqueles que estão desejando viajar ao lado deles) precisam cair de
joelhos e ler as palavras de Jesus aos membros da igreja de Laodicéia (Ap 3.14-21). Eles eram "ricos e abastados" e, no entanto, deixaram de reconhecer que aos olhos de Deus eram "infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus". Jesus, fora da porta dessas igrejas, onde O colocaram
desapercebidamente, oferece Seu conselho, a verdade da Sua Palavra, o único meio que pode fazer com que suas vidas sejam vividas conforme Sua vontade. Não pode existir nada melhor aqui na terra e na Eternidade!

7 comentários:

Gabriel Henríquez disse...

Oi Marcão! Excelente texto para comentar...
Até o quarto parágrafo, o texto é bem informativo e isento. Eu mesmo tive a oportunidade de visitar a igreja de Willow Creek e ver com meus próprios olhos o que o autor descreve aqui.
Mas do quinto parágrafo em diante, ele me soou um tanto preconceituoso e com um tom de julgamento nada elegante, como quem está com dor de cotovelo...
O autor insiste em que estes métodos baseados nos princípios de marketing, entre outras técnicas, não são bíblicas... bem, acredito que até poderíamos discutir esta questão. Mas nem mesmo o modelo que hoje temos de igreja (clero - pastores - e leigos, culto, etc.) é bíblico, pior: é de orígem pagã, graco-romana.
Logo, o discurso em contra esta ou aquela técnica se torna vazia, como quem "advoga em causa própria", ainda que possa ter alguma razão em seus comentários.
Minha percepção é que faltou maturidade na análise...

cibele disse...

Uau! Questão bastante relevante, considerando que eu faço parte de uma comunidade que aparentemente se espelha nem alguns aspectos dessas igrejas citadas, ainda que isso não seja oficial = e também que sou fruto da igreja tradicional (no seu sentido mais pleno, rs) e nunca visitei as igrejas dos USA, apesar de ter lido os livros de Rick Warren, Larry Crab e conhecer um pouco o trabalho deles...

1 - estudei marketing, e tive muita dúvida sobre isso porque descobri que eu gosto mesmo é de comunicação e relacionamento, não de manipulação. Assim, creio que os métodos de comunicação são válidos. Se as mensagens não condizem com a doutrina, então, nada feito... Se cremos na mensagem de saúde e abrimos um McDonalds dentro do espaço de reuniões, estamos sendo totalmente incoerentes. Mas isso não me assusta mais do que saber que as reuniões de líderes da igreja adventista ocorrem em sua maioria em churrascarias, e que o povo adora coca-cola. Então acho que o ponto não é a idéia de usar um recursos de comunicação, é COMO usar e ter coerência com a doutrina. Uma lanchonete é legal, mas... McDonalds? Reuniões com refeição são legais, mas... churrascaria? (e não me venha com o papo de que é o melhor lugar pra comer salada, porque não é isso que o povo come lá). E a Bíblia fala sim, de nos adaptarmos à cultura para pregar. Paulo disse para os "x" me faço "x"... não disse?)

2- Sobre o aspecto de utilizar mensagens confortadoras, baseadas em psicologia e psiquiatria. Realmente, estamos numa época de muita carência de conforto emocional. Todo mundo sofre ou de depressão ou de ansiedade, tomam remedinhos, têm famílias desfaceladas de uma forma ou de outra. E eu creio que a palavra de Deus pode, sim, oferecer conforto (aliás, sou um exemplo disso). Aplicar a Palavra a essas necessidades, ok. Usar a palavra para apoiar simplesmente conceitos provenientes dessas "ciências" ao custo de distorcê-la - nananão. Difícil julgar. Vai depender mesmo de sermos como os bereanos e fazer a nossa tarefa de casa.

3 - tipo de público que atrai: é, essa parte é difícil. Tem um pessoal que aproveita pra soltar a franga, e no mau sentido. Veja bem, se um aspecto cultural (não doutrinário, veja bem!) pode ser adaptado ao público porque não é relevante do ponto de vista da salvação, logo, eu que cresci na cultura da igreja, não preciso me prender a eles, ou seja: posso fazer ou não fazer, TANTO FAZ. E é muito mais lógico que eu acolha os que vêm de outra cultura, sem precisar imitá-los nem negar veementemente meus costumes - senão passo a brigar do outro lado e dou relevância ao que não é relevante. Sem contar que soa meio falso. Além disso, é de se esperar que esse seja o verdadeiro desprendimento a qual as pessoas que chegam estão supostamente habituadas e esperam ver em nós.

To caindo de sono, espero que tenha conseguido me expressar bem.

Mandem seus tomates, estou esperando! rs

Klebert disse...

Sem comentários a opinião destrambelhada e anacrônica do autor desta matéria. Estou aqui sentado com o livro "Inside the mind of unchurched Harry and Mary" me perguntando se a referência do artigo é para este livro... Se for, custa-me crêr que este indivíduo se deu ao trabalho de atacar a inteligente, sensata e correta análise dos "desigrejados" feita por Lee Strobel, um ex-ateu, repórter criminalista do chicago tribune, atraído para Cristo ao desembrular a embalagem contemporânea do evangelho oferecida na igreja de Willow Creeck. Lee Strobel não se converteu para um evangelho de paçoca com coca-cola, e como testemunha, leia seu clássico livro "The case for Christ".

Entre muitos pontos que eu discordo diametralmente do autor, cito alguns:

1. Desde quando igrejas, para serem legítimas, tem que ser de reboco e banco duro? Note que as pessoas preferem pagar para ouvir o que as mentes de hollywood tem a dizer do que ouvir de graça ministros tresloucados gritando em microfones em salões abafados que elas acharam o tesouro escondido. E bota escondido nisso...

2. Na minha infância, a maioria das igrejas que passei tinha o sonho de ter uma quadra para os "jovens" jogarem um volley no sábado a noite ao invés de debandarem para programas escusos. O que há de errado nesta nobre aspiração? Por que então criticar as megachurches que simplesmente levaram estas aspirações às últimas consequências?

3. Métodos. Jesus usou métodos dos seus contemporâneos para ensinar princípios opostos aos do mundo de então. Segundo a análise do autor ele deve ser criticado por isso...

4. Sobre marketing. Posso estar dando a maior bola fora da minha vida aqui, mas para mim quando Jesus mandava os ex-aleijados, -endemoniados, -cegos, ex-coitados irem embora de bico calado, não seria isso uma estratégia de marketig? Ok tô viajando aqui, mas essa ordem de Cristo é um total contra-senso da sua máxima -- fazei discípulos.

5. Quem disse que o evangelho não traz gratificação imediata??? O freguês que desceu do buraco no telhado não só saiu perdoado como curado de sua paralisia imediatamente. E, como a biblia fala, receberemos não só nesta vida, mas muito mais no porvir.

6. É engraçado ver o autor criticar uma mensagem de salvação que se concentra em achar soluções para os problemas reais das pessoas (stress, ansiedade, auto-estima) e defender uma religião teológica e intelectual. De que lado ele está? Dos teólogos com pedras nas mãos ou da coitada semi-nua com as roupas nas mãos. Felizmente Jesus sempre estave do lado dos estressados, ansiosos, desprezados, fracos, enrolados, ladrões, deprimidos, desolados procurando resolver seus problemas reais, não teológicos (observe a maneira como Jesus lidou com os grilos teológicos da mulher samaritana).

7. O autor cita que de 10 a 15% de "desigrejados" frequentam as megachurches regularmente. Teria o imenso prazer de perguntar quantos "desigrejados" frequentam a igreja do autor. Ficaria chocado se ele tivesse um número maior com o seu evangelho purista e igreja legítima. Ok estou julgando, o que me reprova como cristão, e põe na lona com argumento sem fundamento. Porém, me admira o espírito do autor, cristão, criticar igrejas que consistentemente atraem semanalmente de 200 a 3500 pessoas que não frequentam igreja e que se não fossem as megachurches estariam perdendo de ouvir falar de Deus.

Gente acho que já deu para pegar o espírito da coisa. No fim tenho minhas dúvidas se vale a pena mesmo entrar em uma discussão desta natureza. Às vezes soa para mim como um degrau mais sofisticado do infindável debate sobre música na igreja, por ex. Mas já que o Marcão quer ver sangue jorrando, dei as minhas esfaqueadas...

Marco Aurelio Brasil disse...

Well, nosso amigo aí está suficientemente esfaqueado, muito obrigado. Comecei a ler o texto crente que ia ver uma discussão equilibrada com base em pregações e livros equivocados, mas, para variar, nosso fundamentalista aí centrou-se na forma. Como vocês bem notaram, a forma das igrejas tradicionais também não tem qualquer "assim diz o Senhor" que lhe endosse... Valeu pra tirar o pó do blog. Hugs!

Gabriel Henríquez disse...

Oi Klebert...
Essa americanização travestida de brasilidade (paçoca com coca-cola) deixa saudades do velho e bom "bolo com guaraná"...hehehehehe

Abração!

Lilian disse...

Desculpe o comentário nada a ver, mas, Gabi, "paçoca com coca-cola" é uma brilhante colocação tropicalista. Não é nada de americanização ;-)

Ah, e nem tive estômago pra ler o tal artigo todo, o comentário do meu caríssimo marido (bem como os do Gabi e da minha querida amiga Ci) -- estou com ele e não abro nem pro trem. :-D

Lilian disse...

(completando meu comentário incompleto)

Eu quis dizer que bastou ler os comentários de vocês e do Klebert para que eu nem quisesse ler o tal artigo. mas cliquei no link e dei uma olhadinha no infame site... Depois qdo eu tiver um tempinho eu leio e volto a comentar, ou esfaquear, como queiram.