sábado, 23 de agosto de 2008

Buscando um novo começo...

Há algumas semanas tive uma conversa muito franca com um dos nossos amigos que nos acompanham neste blog, e foi impressionante ver como, apesar de nossa busca ansiosa por uma experiência mais relevante sobre igreja, este assunto é sensível e mexe com nossas bases.
Começamos a conversar, além das amenidades iniciais costumeiras, sobre o que fazer a respeito destas ansiedades sobre as quais temos conversado neste blog.

O que mais me chamou a atenção é a dificuldade que temos, ou pelo menos eu tenho, de imaginar o que seria uma nova comunidade pra experimentarmos, um novo modelo daquilo que chamamos de igreja. Não me refiro somente ao fato de não saber exatamente o que seria um novo modelo (talvez façamos uma idéia...), mas sim ao fato de que fazer algo diferente, ou um tanto quanto "independente", parece estar traindo certas raízes sobre as quais desenvolvemos nossas primeiras experiências religiosas. É como se fosse algo proibido ou, no mínimo, errado.
Outro aspecto que preocupa é a questão das crianças. O que fazer para dar a atenção e preparação adequada para as crianças? Como oferecer-lhes uma herança religiosa que os conduza no caminho de Deus em um modelo que nunca antes experimentamos? Como ter certeza que isto também funcionará com eles assim como funcionou conosco?

Bem, há duas semanas fizemos uma reunião em casa, no sábado à tarde. Uma tentativa não explícita do que poderia ser um sábado diferente. Foi mais uma reunião na qual buscamos ter um sábado à tarde agradável com amigos... mas confesso que eu ansiava por algo mais. Porém, mais uma vez, o receio de ser julgado não me permitiu abrir esta questão publicamente. Eu não tinha certeza de que todos os que estavam presentes estariam na mesma busca que eu... De qualquer forma, foi uma excelente tarde de sábado! Apreciamos muito os momentos que passamos juntos.

Sábado passado tivemos um momento bastante especial... fizemos um experimento de sábado diferente. Aproveitando a viagem de nossos amigos Adriana e Osmar a São Paulo, reunimos mais um casal e formos ao Jardim Botânico para ali fazermos a nossa igreja naquele dia.
Claro que planejamos nos encontrarmos cedo, porém a "noitada de papo" da sexta madrugada a dentro não deixou que a gente levantasse cedo no dia seguinte. Mas tudo bem... aproveitamos o dia frio e nublado, e fomos. Chegando lá, não tinha quase ninguém (por motivo óbvio: o clima), e fomos conversando e caminhando até um gramado próximo, já no meio das árvores e do ambiente. Fizemos ali uma oração e seguimos caminhando pelos caminhos jardim. Muita foto (câmera fotográfica era o que não faltava) e paisagens de mata atlântica... até que nos sentamos no meio do parque, numa escadaria pequena que dá acesso a umas trilhas na mata, e começamos a conversar.
Claro que, num ambiente como este, o grupo estava bem à vontade, e pudemos trazer a questão de o que seria organizar uma nova comunidade à tona. A coisa rolou meio assim como rolava no GEA, ainda que um pouco acanhado (após algum tempo nos reunindo, eu me lembro que não custava nada para termos uma conversa frutífera e empolgante, mas no princípio não foi assim...), mesmo assim foi muito bom. O interessante foi ver que para alguns não foi fácil conceber a idéia de um grupo ou comunidade informal e desvinculada, mas ainda assim o conceito teve fortes atrativos, mesmo porque estes são de uma geração que tem sentido de perto os problemas de uma igreja institucionalizada. (Osmar, me ajuda aí a lembrar de mais detalhes, dos questionamentos, etc ...)
Bem, após uma boa conversa continuamos caminhando, e pra nossa sorte encontramos alguns tucanos e um bando de macacos, todos livres, se alimentando entre os galhos das árvores no meio do parque. Bem, isto já era o fim da tarde, e nada foi melhor que voltar pra casa e almoçarmos, quero dizer, jantarmos todos aconchegados no quentinho de casa.
Realmente eu curti o sábado como há tempo não curtia...

Claro que ficou faltando a presença de outros que aqui estejam visualizando estas palavras, e tenham a certeza de que vocês fizeram falta...

Quero muito repetir isso, não de vez em quando, mas rotineiramente, talvez em diferentes lugares, também com gente nova e curiosa em participar, e assim termos a chance de desenvolver um ambiente diferente, despretensioso, franco e saudável, onde possamos deixar nossas impressões pessoais sem medo de sermos julgados ou medidos... mas motivados pelo fato de sentirmos prazer em estarmos uns com os outros, ora sendo objeto, ora sendo instrumentos do amor de Deus.
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Então pessoal, que tal começarmos a contribuir em como fazer isto acontecer de verdade?

2 comentários:

Lilian disse...

Muito interessante a experiência de vocês neste sábado "não convencional."

Agora, sobre algumas de suas outras perguntas. No momento, a criação de um grupo alternativo está no passado para eu e o Klebert (todos vocês já devem saber que nós conseguimos estabelecer uma "igreja" não convencional na Universidade do Massachusetts Amherst a qual continua até hoje). E a principal razão para ela estar no passado o Gabriel acertou na mosca: os filhos.

Infelizmente, se queremos que eles tenham a mesma experiência cultural (e vejam que não estou aqui falando de experiência religiosa, estou olhando para a nossa "tradição religiosa" como um fenômeno cultural ou uma "visão de mundo" [worldview]) que nós tivemos, precisaremos continuar frequentando uma congregação, e, no nosso caso, colocando nossos filhos em uma escola denominacional. Os questionamentos virão naturalmente no percurso, eu creio...

bom, quero ler e comentar o post do Osmar, então vou parar por aqui, mas vamos voltar a conversar, pessoal! Nós mesmos estivemos ocupaíssimos nos últimos 2 meses (reformas intermináveis na casa), mas quem sabe logo vamos achar um tempinho pra voltar a conversar por aqui. :-)

Klebert disse...

Olha, até que não estou muito fechado a novas experiências, porém, mais uma vez, preocupa-me muito como vamos passar para os nossos filhos uma herança religiosa forte, umas vez que as amizades da igreja institucional foram tão importantes na nossa herança cultural/religiosa que nos trouxe até aqui. Percebe que pioneirismo tem os seus custos.