segunda-feira, 2 de maio de 2011

Visita a Mars Hill

Há algumas semanas estive em Mars Hill, a megachurch liderada pelo polêmico Rob Bell e queria dividir aqui com vocês umas poucas impressões:

A igreja se reúne em um shopping center desativado. Você entra e no corredor há uma longa mesa com bagels e outros pãezinhos, café, limonada e chá. O povo então vai chegando, pegando um copo, uns pãezinhos e entrando na nave do templo.

Que é um espaço gigantesco. Imagine um Wall Mart americano cheio de cadeiras com um palco de um metro de altura mais ou menos no centro. Acima dele, quatro telões que se incumbem de mandar as imagens para quem está mais no fundo.

A gente chegou bem cedo, então sentamos na segunda fileira e ficamos esperando. Logo o ambiente estava totalmente repleto. Às nove da manhã uma banda subiu ao palco e começou a tocar. Havia uma bateria, uma pianista que tocava também acordeão, um baixo, uma guitarra e a band leader com um violão. A música era super suave, com arranjos intimistas e o mais interessante é que a banda ficava nas bordas do palco, de costas para a congregação. Claramente a intenção era dizer "veja, não olhe pra gente, estamos todos louvando juntos". A letra era projetada nos telões e o pessoal cantava junto mas sem palmas de mão viradas para cima nem nenhuma outra manifestação mais espalhafatosa de êxtase espiritual.

Foram só duas canções e logo um pastor bem jovem e em "casual clothing" estava ali dando alguns recados enquanto Rob Bell, também vestido de forma despojada, sentava em um banquinho no meio do palco. Sua primeira providência ao começar a falar foi pedir que cada pessoa encontrasse alguém que não conhecesse e se apresentasse. Pra gente foi fácil. Mas a iniciativa veio bem a calhar. O casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. Ficaram admirados de saber que vínhamos do Brasil. Foram muito simpáticos.

Rob Bell voltou então e começou a falar. Estava no meio de uma série de pregações sobre as cartas às 7 igrejas de Apocalipse 2 e 3 e o tema daquela manhã era Sardes. Seu sermão teve apenas 20 ou 25 minutos, com algumas fotos de Sardes, alguns detalhes históricos e uma conclusão do texto bastante inusitada, mas não forçada nem distorcida. Em seguida, por ser páscoa, houve uma comunhão. Havia mesas à frente do palco com hóstias e cumbucas com vinho e, sem pressa, as famílias foram se aproximando, tomando as hóstias, molhando no vinho e, com uma breve oração, tomando a comunhão. O casal à nossa frente perguntou se queríamos ir com eles e é claro que fomos. Enquanto havia todo esse deslocamento para a comunhão,a banda voltava a tocar (nós amamos a música!).

Enfim, Bell retornou ao palco, fez uma oração e c'est fini, estava terminado o primeiro serviço de culto. Nossos novos amigos nos tomaram pela mão e saímos correndo para tentarmos falar com Rob Bell, mas nos disseram que ele havia estado muito doente aquelas semanas anteriores e ele precisava descansar antes do segundo serviço.

Agradecemos todo mundo, trocamos figurinhas com o pessoal da banda e sapeamos por ali mais algum tempo. Perguntamos se havia alguma loja que vendesse livros, CDs e coisas assim mas a resposta foi negativa.

A impressão geral foi de uma igreja de culto bastante racional, nada escandaloso, e muito acolhedora. Estranhei não ver naquela multidão nenhum negro, apenas alguns orientais quebrando a mesmice caucasiana. Certamente valeu a experiência.

4 comentários:

Klebert disse...

Mars Hill! Que louco! Que legal! Interessante que você tenha escolhido Mars Hill ao invés de Willow Creek... Já leu o novo livro do Bell? O que esta causando polêmica sobre o universalismo? Eu ainda não.

Parece que você ficou surpreso com o que encontrou. Você esperava que a igreja fosse tão polêmica quanto o Rob Bell?

Lilian disse...

hmmm... interessante o seu comentário sobre a congregação ser tão "desbotada" (a nossa igreja também é e eu não curto NADINHA, eu gostava muito da nossa antiga igreja super diversa). Imagino que seja parecido em Willow Creek e muito provavelmente também na Saddleback church (apesar de q a Califórnia parece ser mais "diversa" por natureza).

A verdade é que religiosamente os Estados Unidos é altíssimamente segregado racialmente -- apesar de apenas informalmente, na prática. Oficialmente, a IASD é a única denominação do país que é segregada DE FATO, com associações especificamente administrando igrejas "coloridas" (e não por região como é comum aqui e no resto do mundo). Isso ocorre por duas principais razões: 1) razão histórica -- estas associações foram criadas para que as igrejas afro-americanas pudessem receber recursos de maneira justa e desenvolver-se bem numa época em que o país políticas; 2) razão política: os líderes destas associações não querem que elas sejam desegregadas e se unam às associações geográficas, pois perderiam influência política dentro da obra. Além disso as associações afro estão indo bem melhor economicamente (dízimo)que as outras, com as igrejas mais vibrante e ativas.

É um problema altamente complexo e muitos obreiros ou ex-obreiros americanos protestam vêementemente contra esta segregação (a maioria dos "protestantes" são brancos, eu acho). Isso aqui dava um post, mas este não é um blog sobre a igreja nos States, né? ;)

Marco Aurelio Brasil disse...

Levemente supreso, sim. Esperava encontrar algo mais penteca rock'n roll, sei lá. Gostei do que vi, só acho difícil desenvolver num ambiente daquele um espírito de igreja, espírito de um grupo com algo mais em comum do que se encontrar uma vez por semana junto a outros milhares de pessoas. Não li o último livro dele, só vi que está causando o maior bafafá. Estou lendo o Jesus wants to save christians, e gostando. Lili, isso de termos associações black or white é mesmo de arrepiar os cabelos.

cibele disse...

Marcão, muito interessante, adoraria fazer uma visita como essa!! Gostei do tema da mensagem e fiquei curiosíssima sobre a música!