Decidi publicar aqui uma entrevista que dei para a revista Conexão JA na pessoa do Wendel Lima. O interesse é em minha jornada pelo ministério em campus universitário. Espero que vocês se vejam nas entrelinhas.
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CJ: Recentemente entrevistei uma garota do GEA da USP e ela me falou que o projeto no campus existe desde a década de 1980. Parece que até contou com a participação do Ariney Oliveira, esposo da Alessandra Samadello. Você tem informações mais concretas de quem começou, quando começou, que tipo de atividades eram exercidas?
Como grupo organizado, o GEA USP surgiu no início dos anos 80. Neste período um grupo de estudantes da escola politécnica, comprometidos com as convicções adventistas e sucesso acadêmico, juntaram-se com o objetivo de apoiar colegas que estivessem em dificuldades de conseguir provas de reposição no sábado. A ideia básica era dar visibilidade aos estudantes adventistas no campus, distingui-los por seu sucesso acadêmico, e criar relacionamentos com professores e administradores que facilitassem a observação do sábado. Como parte da estratégia, o GEA da primeira geração participou e promoveu passeatas anti-fumo, apresentação de corais adventistas, venda de livros denominacionais na porta do bandeijão, entre outras atividades. Estudantes adventistas de outras unidades, ouvindo falar do grupo, agregaram-se aos fundadores participando de atividades sociais e evangelísticas tais como almoços semestrais, eventos no CEPEUSP, reuniões semanais de estudos bíblicos, e acampamentos que fortaleceram a amizade do grupo e, não menos importante, geraram casamentos. Foi neste período que o Ariney Oliveira, então estudante da ECA, deu estudos bíblicos para um colega da faculdade de música, o Nelson Ueno, que acabou juntando-se ao GEA, tornando-se adventista e casando-se com uma simpática enfermeira da igreja de Cotia. Um dos valores mais estimados do GEA, desde o início, foi a ausência de uma estrutura hierárquica. Sendo assim, o GEA daquela geração contava com “colaboradores” para organizar e promover as atividades do grupo. Três grandes colaboradores da primeira geração, o Walter Friedrich, o Décio de Souza Jr., e o Helmer Keppke, particularmente inspiraram e impactaram a segunda, a nossa geração.
CJ: Na sua época como funcionava o trabalho? Foi iniciativa sua? Eram reuniões, pequenos grupos, palestras? Naquela época o trabalho devia ser mais embrionário ainda, porque a igreja tinha bem menos universitários.
Entrei na USP em 1988, porém levou 2 anos para eu pudesse ser achado pelo GEA que enfrentava na época a árdua tarefa de passar a tocha para uma nova geração de estudantes. Um anúncio de um encontro do GEA USP no então IAE estampado em um pequeno espaço da Revista Adventista foi a solução encontrada pelo grupo para achar e atrair novos estudantes numa época em que internet era pouco mais que um experimento acadêmico, e mensagens de texto, orkut, twitter e Facebook, ficção científica. (A propósito, durante todo o meu tempo no GEA USP, comunicados de eventos eram enviados por carta selada aos membros do grupo pela Lilian, a incansável colaboradora topa-tudo-pelo-GEA.) A história e a visão dos fundadores deixou nosso pequeno grupo presente no encontro muito motivado. Decidimos que a chama continuaria acesa. Recebemos deles a lista atualizada de estudantes, sugestões de atividades e votos de sucesso. A primeira tarefa foi organizar a reunião semanal no campus. Porém, após algumas tentativas, desanimamos com o miguado grupo de fiéis. Numa reunião particularmente fraca, três de nós debatíamos o que fazer, quando do nada, dois respeitados “dinossauros”, como carinhosamente nos referíamos aos membros da primeira geração, entraram na sala. Com uma sabedoria que somente escamosos dinossauros que sobreviveram a inóspita floresta universitária podem comunicar, fomos encorajados a continuar, escolhendo uma série de temas não convencionais, que desafiavam a acomodação e a letargia denominacional. Logo ficou claro que o nosso chamado era revitalizar a vida espiritual de nossos colegas adventistas na USP. Após este encontro, atravessamos o primeiro semestre com uma frequência de 10 a 15 pessoas por reunião que se manteve durante todo o tempo que fui parte do GEA-USP. Escolhiamos temas para discussão e distribuíamos as responsabilidades de liderança da discussão entre os que frequentavam. As reuniões semanais se tornaram a fonte de alimento espiritual para muitos de nós. Passamos a organizar almoços semestrais com o objetivo de rever colegas que não podiam frequêntar as reuniões semanais, reencontrar membros da primeira geração, recrutar novos estudantes e planejar atividades para o semestre seguinte. Passamos também a organizar acampamentos que ocorriam uma ou duas vezes por ano. A organização era dividida entre o grupo, bem ao molde do mantra de que no GEA éramos todos colaboradores. Convidamos professores do seminário teológico para dirigir as palestras nos acampamentos com o pedido de que eles nos ministrassem assuntos de sua área de especialização. A descontração, a camaradagem e a substância espiritual tornaram-se a característica de nossos acampamentos que chegaram a ter mais de 50 participantes, incluindo estudantes de outras faculdades e universidades. Estes, sendo “doutrinados” nos princípios do GEA, fundaram grupos em suas respectivas escolas (especialmente no Mackenzie e na Escola Paulista de Medicina). Talvez nossa geração não tenha sido tão empreendedora no aspecto evangelístico quanto a primeira, mas creio que foi muito bem sucedida no amparo e revitalização espiritual daqueles que participaram.
CJ: De 1994 a 97, o que você fez no Brasil? Continuou envolvido com a USP?
Depois que me formei continuei fazendo algumas matérias da licenciatura na USP. Já não estava mais ativo como colaborador do GEA, porém participava do máximo de atividades possível, incluindo os acampamentos. A tocha foi passada para a terceira geração, que deve ter tocado atividades até meados de 97-98. Eu continuei muito envolvido com o que chamávamos grupos de estudo na minha igreja, hoje conhecido por pequeno grupo. Muitos dos que frequentavam estes grupos eram universitários que participavam de GEAs em suas escolas. Assim eu continuava de certa forma envolvido com o GEA até a minha ida para os Estados Unidos em junho de 96.
CJ: Como era a mobilização dos universitários na época? Como a igreja olhava para esse grupo?
Havia algumas iniciativas que surgiram aqui e ali, mas nada consistente ou sistemático. Lembro-me que a associação paulistana chegou a organizar um evento no começo dos anos 90 na igreja de Moema com participação de pastores ligados ao ministério jovem, acadêmicos e estudantes. O GEA teve uma presença forte, bem como universitários de outros lugares, porém, como não houve um fórum para partilhar experiências, o impacto do encontro acabou sendo bem modesto. Tivemos vários pastores que interagiram com o GEA durante minha geração. Ao meu ver eles se dividiam em duas classes. Uma delas tinha uma postura de vamos-bajular-essa-turma-para-eles-se-sentirem-bem-em-nossa-igreja. Para estes o universitário era visto com um pouco de desconfiança e um pouco de elitismo. Uma outra fatia do pastorado, tinha uma abordagem mais aberta e não se incomodava em participar das discussões, nem em ouvir ou responder eventuais questionamentos. Internamente críamos que questionar é saudável, desde que estivéssemos verdadeiramente comprometidos com a missão. Naturalmente nem todos se sentiam confortáveis com esta postura.
Com relação a igreja, a grande maioria dos membros tinha cargos em suas respectivas igrejas. Procurávamos contribuir ativamente e da melhor forma possível com a igreja local e em geral o resultado era uma saudável relação das igrejas locais com os universitários. Chegamos a organizar diversos programas em igrejas onde nossos amigos congregavam.
CJ: Como foi sua atuação missionária num campus americano? Quais foram as peculiaridades deste outro contexto? Que referências você buscou?
As respostas a essas perguntas dão um livro! Mas vou tentar ser breve. Nossa transição para a nova cultura foi demorada e dolorosa. Em retrospectro, estávamos atravessando o choque cultural, em um momento em que a própria cultura americana estava vivendo uma transição. O nosso grupo de universitários não partilhava o mesmo entusiasmo do GEA. Ajudávamos o nosso grupo no que podíamos, que na maioria dos casos consistia em oferecer carona aos estudantes aos sábados, contribuir para o junta panelas na pequenina igreja que frequentávamos e participar de caminhadas sábado a tarde. Até que em meados de 2000 nosso pastor, Gary Wagner, teve a brilhante ideia de iniciar um ministério completamente dedicado aos estudantes universitários. Começamos a ler livros sobre como alcançar mentes secularizadas, a participar de seminários sobre evangelismo, e a debater o assunto com os estudantes. Organizamos um retiro de inverno com apoio financeiro da associação local e convidamos o pastor John McGhee, especializado em missiologia. Ficou claro que o que precisávamos era uma proposta revolucionária: organizar uma igreja no campus que tivesse cultos aos sábados pela manhã. Assim fizemos os preparativos para lançar o projeto no campus no início do ano escolar. Decidimos que a cada sábado convidaríamos palestrantes de calibre para abordar um tema que chamasse a atenção dos nossos colegas. Espalharíamos cartazes nos quadros de anúncio. Para o primeiro sabádo, dia 15 de setembro de 2001, decidimos que o tema seria “Similaridades entre o Islã e o Cristianismo” que daria o tom não convencional que despertaria o interesse que esperávamos. Quando planejamos o programa quatro meses antes mal sabíamos quão relevante seria este tema na semana do 11 de setembro! Com esta demonstração sobrenatural da direção divina, prosseguimos confiantes. A frequência aos nossos eventos de sábado de manhã oscilava entre 15 a 30 pessoas, e quase sempre tínhamos colegas não adventistas em nossa companhia. O primeiro ano foi excelente, porém havia a necessidade de se fazer ajustes. Conquanto satisfeitos com a alta qualidade dos nossos palestrantes, este modelo não seria viável, exceto com uma fabulosa verba que permitisse trazer palestrantes de lugares mais distantes. Além disso, alguns se queixavam da profundidade técnica de algumas palestras que faziam a “igreja” mais parecer uma sala de aula. Com isso em mente, e com um revolucionário conceito evangelístico apresentado pelo renomado autor evangélico Brian McLaren (veja a versão em português do livro), simplificamos e passamos a elaborar programas mais interativos, criativos e cristocêntricos. A resposta foi muito positiva e o impacto na vida dos colegas foi real e palpável.Outras mudanças vieram em semestres e anos subsequentes, sempre tentando aprimorar o modelo para alcançar de maneira mais eficaz os corações dos que participavam do projeto. Se o mantra do GEA USP era “todos somos colaboradores do GEA”, o mantra do nosso grupo na UMass era “nunca tenha medo de fazer mudanças”.
Nesta época também organizamos retiros com palestrantes convidados, atividades na igreja local, jantar internacional, estudos bíblicos sextas-feiras a noite, etc. Tínhamos até um pequeno coral que interpretava músicas gospel na linguagem dos sinais (ASL - American Sign Language) que se apresentava no campus (vários membros do coral não eram adventistas). Depois de quatro anos muito produtivos, percebi que existe uma multidão de coisas maravilhosas e diferentes que podem ser feitas no campus de uma universidade secular. Porém o resultado de estudar, debater, entender, meditar e orar para amadurecer a ideia e elaborar uma boa estratégia é significativamente melhor. Em contraste com os meus esforços no Brasil, que foram muito espontâneos, o trabalho aqui foi muito mais dirigido, e intencional. Consequentemente, o meu crescimento espiritual teve uma dimensão bem mais abrangente e o impacto na vida de pessoas bem maior.
QJ: Aliás, teria sites, livros, artigos ou projetos de referência sobre evangelismo em campus não adventistas? Imagino que a Igreja na América seja mais atenta a isso e busque mais especialização.
Por muitos anos nos Estados Unido a igreja como organização tem promovido as faculdades e universidades Adventistas encorajando os jovens a frequentarem nossas escolas. Por esta razão, até recentemente, quase não havia apoio aos ministérios em universidades seculares. Na mesma época que começamos nossas atividades na Universidade do Massachusetts, surgiu na Universidade do Michigan em Ann Arbor o ministério universitário de maior impacto no momento na igreja adventista nos EUA. O grupo, conhecido como CAMPUS tem desenvolvido muitos recursos para este tipo de atividades. Apoiados pela associação do Michigan, eles começaram a promover um congresso anual de jovens universitários com uma forte ênfase em reavivamento e evangelismo. Este grupo, conhecido como GYC, Generation of Youth for Chirst, realizou um enorme congresso de Jovens na última virada do ano em Baltimore. Mais de 7000 jovents participaram do evento. Esta iniciativa, completamente “grass roots,” tem usado a technologia das redes sociais que não dispúnhamos no passado para energizar uma nova geração de jovens com o chamado e a missão da igreja. A resposta tem sido fabulosa. Inúmeros ministérios tem se formado em diversas partes do país. Os estudantes adventistas de minha Universidade, por exemplo começaram um grupo no último ano. Como professor tenho tido a oportunidade de ajudá-los a dar os primeiros passos. Abaixo listo alguns links de interesse para aqueles que desejam conhecer o que se passa no mundo universitário adventista nos EUA.
GYC - Generation of Youth for Christ
CAMPUS -Center for Adventist Ministry to Public University Students - GEA da Universidade do Michigan em Ann Arbor
ACF -
AMICUS - departamento da associação geral
Dialogue - Revista universitária (defunta?)
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terça-feira, 10 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
"Orei por Bin Laden"
Casualmente navegando na internert nesta manhã, trombei com a quase chocante sentença:
O autor da sentença é um reverendo que fez uma reflexão sobre o significado da morte do terrorista no blogBelief da CNN. Rev. David Lewicki termina:
Com será que como Cristãos deveríamos encarar questões mais mundanas como o terrorismo e a morte dos terroristas? Como deveriamos celebrar as vitórias? Que fatos podem ser considerados vitórias? Como podemos como cristãos influenciar nossos governos, nossa sociedade e quem sabe até nossos inimigos? Com Bin Laden morto, por quem devo começar a orar para que Deus possa convertê-lo para uma vida de amor e misericódia?
"I have been praying for Osama bin Laden for 10 years."
O autor da sentença é um reverendo que fez uma reflexão sobre o significado da morte do terrorista no blog
"I have wondered over the years what God tried to do to win him back to love. I wonder about the confounding ability of human beings to resist the love of God. I wonder about these things for Osama bin Laden and I wonder about same things with respect to my own life. Today, as I have many days before, I pray for my enemy — I pray him into the hands of the God of justice and of mercy."
Com será que como Cristãos deveríamos encarar questões mais mundanas como o terrorismo e a morte dos terroristas? Como deveriamos celebrar as vitórias? Que fatos podem ser considerados vitórias? Como podemos como cristãos influenciar nossos governos, nossa sociedade e quem sabe até nossos inimigos? Com Bin Laden morto, por quem devo começar a orar para que Deus possa convertê-lo para uma vida de amor e misericódia?
terça-feira, 3 de maio de 2011
Contra fatos não há argumentos, certo?
Se você ainda não se deu conta, Osama Bin Laden, o "master mind" dos ataques de 11 de setembro de 2001 está morto. Descobri ontem de manhã ouvindo o rádio a caminho do trabalho. Hoje ouvia o rádio novamente e o comentarista discutia a estratégia dos EUA para desacreditar rumores de que o terrorista não foi morto e tudo não passou de uma armação.
Como é que alguém prova que Bin Laden está morto? Exames de DNA? Fotos dele com uma bala na testa? Filme dele resistindo ao ataque? Um funeral de corpo presente com testemunhas? E assim começam a proliferar teorias conspiratórias que desafiam a lógica.
Engraçado. Vivemos em um tempo onde teorias conspiratórias das mais absurdas tomam corpo revestidas de uma racionalidade estapafúrdia. Exemplo: uma fatia não despresível da população americana acredita que o presidente Obama nasceu fora do território americano. A paranóia chegou a tal ponto no cenário político e na mídia que o seu certificado de nascença foi distribuído recentemente pela Casa Branca. Agora vem a parte mais interessante. Seria de se esperar que a apresentação do documento encerrasse o assunto, certo? Errado! Não satisfeitos, os mais teimosos (e lunáticos) incrédulos, propõem intricados desdobramentos para explicar como a evidência é forjada. Não importa o montante de evidências, sempre existe aqueles que creem no que desejam crer contra fatos e evidências. Você já conversou com alguém que defende que a viajem a lua foi na verdade um piquenique no deserto do Arizona? De volta a Bin Laden. Que tal dar para os que defendem que ele não morreu o ônus da prova? Se ele não morreu, que venha a público!
Neste ponto faço uma ligação com a cosmovisão cristã. Por ocasião da ressurreição de Jesus, os líderes que levaram a cabo o assassinato desejavam lançar em descrédito a notícia do Messias ressurreto. A versão conspiratória porém não foi capaz de produzir um corpo morto como prova. Os defensores da ressurreição apontavam como evidência o Cristo vivo, visto em público. Seria isto suficiente para encerrar o assunto?
Como é que alguém prova que Bin Laden está morto? Exames de DNA? Fotos dele com uma bala na testa? Filme dele resistindo ao ataque? Um funeral de corpo presente com testemunhas? E assim começam a proliferar teorias conspiratórias que desafiam a lógica.
Engraçado. Vivemos em um tempo onde teorias conspiratórias das mais absurdas tomam corpo revestidas de uma racionalidade estapafúrdia. Exemplo: uma fatia não despresível da população americana acredita que o presidente Obama nasceu fora do território americano. A paranóia chegou a tal ponto no cenário político e na mídia que o seu certificado de nascença foi distribuído recentemente pela Casa Branca. Agora vem a parte mais interessante. Seria de se esperar que a apresentação do documento encerrasse o assunto, certo? Errado! Não satisfeitos, os mais teimosos (e lunáticos) incrédulos, propõem intricados desdobramentos para explicar como a evidência é forjada. Não importa o montante de evidências, sempre existe aqueles que creem no que desejam crer contra fatos e evidências. Você já conversou com alguém que defende que a viajem a lua foi na verdade um piquenique no deserto do Arizona? De volta a Bin Laden. Que tal dar para os que defendem que ele não morreu o ônus da prova? Se ele não morreu, que venha a público!
Neste ponto faço uma ligação com a cosmovisão cristã. Por ocasião da ressurreição de Jesus, os líderes que levaram a cabo o assassinato desejavam lançar em descrédito a notícia do Messias ressurreto. A versão conspiratória porém não foi capaz de produzir um corpo morto como prova. Os defensores da ressurreição apontavam como evidência o Cristo vivo, visto em público. Seria isto suficiente para encerrar o assunto?
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Visita a Mars Hill
Há algumas semanas estive em Mars Hill, a megachurch liderada pelo polêmico Rob Bell e queria dividir aqui com vocês umas poucas impressões:
A igreja se reúne em um shopping center desativado. Você entra e no corredor há uma longa mesa com bagels e outros pãezinhos, café, limonada e chá. O povo então vai chegando, pegando um copo, uns pãezinhos e entrando na nave do templo.
Que é um espaço gigantesco. Imagine um Wall Mart americano cheio de cadeiras com um palco de um metro de altura mais ou menos no centro. Acima dele, quatro telões que se incumbem de mandar as imagens para quem está mais no fundo.
A gente chegou bem cedo, então sentamos na segunda fileira e ficamos esperando. Logo o ambiente estava totalmente repleto. Às nove da manhã uma banda subiu ao palco e começou a tocar. Havia uma bateria, uma pianista que tocava também acordeão, um baixo, uma guitarra e a band leader com um violão. A música era super suave, com arranjos intimistas e o mais interessante é que a banda ficava nas bordas do palco, de costas para a congregação. Claramente a intenção era dizer "veja, não olhe pra gente, estamos todos louvando juntos". A letra era projetada nos telões e o pessoal cantava junto mas sem palmas de mão viradas para cima nem nenhuma outra manifestação mais espalhafatosa de êxtase espiritual.
Foram só duas canções e logo um pastor bem jovem e em "casual clothing" estava ali dando alguns recados enquanto Rob Bell, também vestido de forma despojada, sentava em um banquinho no meio do palco. Sua primeira providência ao começar a falar foi pedir que cada pessoa encontrasse alguém que não conhecesse e se apresentasse. Pra gente foi fácil. Mas a iniciativa veio bem a calhar. O casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. Ficaram admirados de saber que vínhamos do Brasil. Foram muito simpáticos.
Rob Bell voltou então e começou a falar. Estava no meio de uma série de pregações sobre as cartas às 7 igrejas de Apocalipse 2 e 3 e o tema daquela manhã era Sardes. Seu sermão teve apenas 20 ou 25 minutos, com algumas fotos de Sardes, alguns detalhes históricos e uma conclusão do texto bastante inusitada, mas não forçada nem distorcida. Em seguida, por ser páscoa, houve uma comunhão. Havia mesas à frente do palco com hóstias e cumbucas com vinho e, sem pressa, as famílias foram se aproximando, tomando as hóstias, molhando no vinho e, com uma breve oração, tomando a comunhão. O casal à nossa frente perguntou se queríamos ir com eles e é claro que fomos. Enquanto havia todo esse deslocamento para a comunhão,a banda voltava a tocar (nós amamos a música!).
Enfim, Bell retornou ao palco, fez uma oração e c'est fini, estava terminado o primeiro serviço de culto. Nossos novos amigos nos tomaram pela mão e saímos correndo para tentarmos falar com Rob Bell, mas nos disseram que ele havia estado muito doente aquelas semanas anteriores e ele precisava descansar antes do segundo serviço.
Agradecemos todo mundo, trocamos figurinhas com o pessoal da banda e sapeamos por ali mais algum tempo. Perguntamos se havia alguma loja que vendesse livros, CDs e coisas assim mas a resposta foi negativa.
A impressão geral foi de uma igreja de culto bastante racional, nada escandaloso, e muito acolhedora. Estranhei não ver naquela multidão nenhum negro, apenas alguns orientais quebrando a mesmice caucasiana. Certamente valeu a experiência.
A igreja se reúne em um shopping center desativado. Você entra e no corredor há uma longa mesa com bagels e outros pãezinhos, café, limonada e chá. O povo então vai chegando, pegando um copo, uns pãezinhos e entrando na nave do templo.
Que é um espaço gigantesco. Imagine um Wall Mart americano cheio de cadeiras com um palco de um metro de altura mais ou menos no centro. Acima dele, quatro telões que se incumbem de mandar as imagens para quem está mais no fundo.
A gente chegou bem cedo, então sentamos na segunda fileira e ficamos esperando. Logo o ambiente estava totalmente repleto. Às nove da manhã uma banda subiu ao palco e começou a tocar. Havia uma bateria, uma pianista que tocava também acordeão, um baixo, uma guitarra e a band leader com um violão. A música era super suave, com arranjos intimistas e o mais interessante é que a banda ficava nas bordas do palco, de costas para a congregação. Claramente a intenção era dizer "veja, não olhe pra gente, estamos todos louvando juntos". A letra era projetada nos telões e o pessoal cantava junto mas sem palmas de mão viradas para cima nem nenhuma outra manifestação mais espalhafatosa de êxtase espiritual.
Foram só duas canções e logo um pastor bem jovem e em "casual clothing" estava ali dando alguns recados enquanto Rob Bell, também vestido de forma despojada, sentava em um banquinho no meio do palco. Sua primeira providência ao começar a falar foi pedir que cada pessoa encontrasse alguém que não conhecesse e se apresentasse. Pra gente foi fácil. Mas a iniciativa veio bem a calhar. O casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. Ficaram admirados de saber que vínhamos do Brasil. Foram muito simpáticos.
Rob Bell voltou então e começou a falar. Estava no meio de uma série de pregações sobre as cartas às 7 igrejas de Apocalipse 2 e 3 e o tema daquela manhã era Sardes. Seu sermão teve apenas 20 ou 25 minutos, com algumas fotos de Sardes, alguns detalhes históricos e uma conclusão do texto bastante inusitada, mas não forçada nem distorcida. Em seguida, por ser páscoa, houve uma comunhão. Havia mesas à frente do palco com hóstias e cumbucas com vinho e, sem pressa, as famílias foram se aproximando, tomando as hóstias, molhando no vinho e, com uma breve oração, tomando a comunhão. O casal à nossa frente perguntou se queríamos ir com eles e é claro que fomos. Enquanto havia todo esse deslocamento para a comunhão,a banda voltava a tocar (nós amamos a música!).
Enfim, Bell retornou ao palco, fez uma oração e c'est fini, estava terminado o primeiro serviço de culto. Nossos novos amigos nos tomaram pela mão e saímos correndo para tentarmos falar com Rob Bell, mas nos disseram que ele havia estado muito doente aquelas semanas anteriores e ele precisava descansar antes do segundo serviço.
Agradecemos todo mundo, trocamos figurinhas com o pessoal da banda e sapeamos por ali mais algum tempo. Perguntamos se havia alguma loja que vendesse livros, CDs e coisas assim mas a resposta foi negativa.
A impressão geral foi de uma igreja de culto bastante racional, nada escandaloso, e muito acolhedora. Estranhei não ver naquela multidão nenhum negro, apenas alguns orientais quebrando a mesmice caucasiana. Certamente valeu a experiência.
Economizando para o casamento
O casamento do príncipe William aconteceu estes dias atrás. Foi possivelmente o maior evento já assistido no mundo. Otimistas dizem que mais de 2 bilhões de pessoas assistiram ao impecável cerimonial, o que seria equivalente a dois terços do globo. Se não assistiram ao vivo, notícias do evento e fotos do casal devem ter sido visto por toda a população mundial contectada com a mídia. Imagine o privilegio dos que estiveram em pessoa na abadia!
Ao ver algumas porções das cenas do matrimônio (não vi o casório inteiro), não pude deixar de pensar em nosso antigo estudo biblico "A Verdade Como é em Jesus", onde o tema das bodas do Cordeiro é o foco central. Muito pode ser analisado em paralelo com a parábola de Mateus 22. Até a vergonha do embaixador da Síria em ter o seu convite revogado na última hora, me lembrou do homem da parábola que apareceu para as bodas sem as vestes apropriadas e passou a vergonha de ser excluído das celebrações.
Eventos na terra e nas nações apontam para o fato de que as bodas do Cordeiro se aproximam. Neste último sabado, nosso pastor associado centrou sua mensagem em Apocalipse 7, onde os anjos que teem poder de destruir a terra o mar e as árvores são constrangidos a não levarem a cabo sua obra de destruição até que o servos de Deus sejam selados. Enquanto pinceladas da obra de destruição mostram-se evidentes em catástrofes em Nova Friburgo, Japão, Alabama, o convite para as celebração das bodas prossege.
É curioso que em Lucas 14, a parábola do banquete é seguida do indigesto discurso de Cristo sobre o custo de tornar-se discípulo, ou do convite para as bodas. Enquanto descupas para não ir a festa involvem o genuíno excitamento e interesse por recentes aquisições de propriedade, novos"gadgets" , e casamento, Jesus inflaciona desprorpocionalmente os custos dizendo:
"Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo."
Quanto eu daria para ter a oportunidade de sentar-me na primeira fileira da Abadia de Westminster na manhã de sexta feira? Confesso que mesmo com toda a pompa e circunstância do evento, talvez eu não desse muito valor. Certamente não a ponto de renunciar tudo que possuo incluíndo mulher e filhos. Será que que ando fazendo as contas dos custos para estar presente no casamento mais pretigioso de todas as nações? Perdê-lo pode levar-me a eterna vergonha, rancor e ranger de dentes.
Ao ver algumas porções das cenas do matrimônio (não vi o casório inteiro), não pude deixar de pensar em nosso antigo estudo biblico "A Verdade Como é em Jesus", onde o tema das bodas do Cordeiro é o foco central. Muito pode ser analisado em paralelo com a parábola de Mateus 22. Até a vergonha do embaixador da Síria em ter o seu convite revogado na última hora, me lembrou do homem da parábola que apareceu para as bodas sem as vestes apropriadas e passou a vergonha de ser excluído das celebrações.
Eventos na terra e nas nações apontam para o fato de que as bodas do Cordeiro se aproximam. Neste último sabado, nosso pastor associado centrou sua mensagem em Apocalipse 7, onde os anjos que teem poder de destruir a terra o mar e as árvores são constrangidos a não levarem a cabo sua obra de destruição até que o servos de Deus sejam selados. Enquanto pinceladas da obra de destruição mostram-se evidentes em catástrofes em Nova Friburgo, Japão, Alabama, o convite para as celebração das bodas prossege.
É curioso que em Lucas 14, a parábola do banquete é seguida do indigesto discurso de Cristo sobre o custo de tornar-se discípulo, ou do convite para as bodas. Enquanto descupas para não ir a festa involvem o genuíno excitamento e interesse por recentes aquisições de propriedade, novos
"Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo."
Quanto eu daria para ter a oportunidade de sentar-me na primeira fileira da Abadia de Westminster na manhã de sexta feira? Confesso que mesmo com toda a pompa e circunstância do evento, talvez eu não desse muito valor. Certamente não a ponto de renunciar tudo que possuo incluíndo mulher e filhos. Será que que ando fazendo as contas dos custos para estar presente no casamento mais pretigioso de todas as nações? Perdê-lo pode levar-me a eterna vergonha, rancor e ranger de dentes.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
"A fé pressupõe a dúvida". É isso mesmo?
Essa frase me surpreendeu quando a li pela primeira vez. Ela parece meio sem sentido, como se os dois conceitos fossem completamente antagônicos, e com um não haveria espaço para o outro. Será sempre assim?
Eu me lembrei de um filme, em que o Indiana Jones seguindo uma série de pistas, vai passando por diversas armadilhas e obstáculos para encontrar o "Santo Graal". O último dos obstáculos era um enorme abismo que separava a trilha por onde ele seguia da cova onde encontraria seu objetivo.O interessante é que a pista que ele tinha em mãos dizia que ele precisaria "dar uma passo de fé". Se lembram da seqüência? Depois de titubear um monte, ele se ergue, fecha os olhos estende o pé como quem vai dar um passo no vazio e... Pois é, vai me dizer que ele sabia o que iria acontecer?! Não mesmo!
Pensando em exemplos menos seculares, aquele centurião preocupado com seu servo doente, foi até Jesus para pedir-lhe que interviesse pela vida do seu servo. "Se o Senhor disser uma palavra, eu sei que ele será curado" (Lc 7:7). Ou daquela mulher cananéia que foi buscar em Jesus a cura para sua filha (Mt 15;27), e apesar da negativa inicial de Jesus, ela continuou insistindo até que lhe foi concedido o milagre.
Estas histórias têm algumas coisas em comum:
Eis a dúvida! Sabe quando dizemos que "temos que dar um passo de fé" ? Realmente não sabemos o que vai acontecer, simplesmente fechamos os olhos e avançamos sem saber o que virá. Pois se já soubéssemos de antemão o resultado do "passo de fé", certamente não precisaríamos dela para tomar nossa decisão. Mas se não é assim, o que então nos motivaria a fazer "tamanha estupidez"? Por que razão nos arriscaríamos sem medir conseqüências ou sem planos de contingência?
Se lembramos destas e de outras histórias bíblicas, os que vieram a Jesus sempre sabiam que Ele era capaz de lhes conceder o que pediam, mas também não sabiam se realmente Ele lhes concederia. Portanto, a lição que tiro disto é que para um cristão, ou para um seguidor de Cristo se preferirem, não é na certeza do que virá que está depositada a sua fé, mas é em Quem está conduzindo seus passos, mesmo sem saber o que ocorrerá depois. Então, creio que podemos afirmar que a fé pressupõe a dúvida.
Com esta idéia, fiquei refletindo sobre as vezes que Jesus repreendeu discípulos pela sua "pouca fé". Quando Pedro começou a andar pelas águas, e por causa de um vento ele começou a afundar e gritou desesperado por ajuda. Bem, a bronca que ele levou vocês se lembram:
Dúvida que ele poderia andar pelas águas?
Acho que não, pois ele já estava andando sobre as águas, em direção a Jesus.
Dúvida que ele, Pedro, se sairia bem apesar do vento forte?
Talvez.
Dúvida que Jesus o susteria apesar de estar afundando?
Apesar dos comentários bíblicos que dizem que Pedro olhou para trás, aos seus colegas no barco, para então começar a afundar, eu acho que ele afundou porque Jesus queria que afundasse mesmo, e em vez de Pedro confiar que Jesus estava no controle, ele duvidou e gritou pra Jesus no desespero de sua situação, e aí tomou a bronca:
"Por que duvidaste?"
A meu ver, ele duvidou foi de Jesus. O mesmo podemos dizer dos discípulos no barco no meio da tempestade enquanto Jesus dormia.
Bem, acredito ter chegado ao meu ponto. A nossa fé não deve ser a certeza dos acontecimentos futuros, mas sim a nossa confiança em Jesus que conduz estes acontecimentos...
Isto me lembra de uma frase de que muito gostei, dita por um sábio chinês que vi num filme épico:
Eu me lembrei de um filme, em que o Indiana Jones seguindo uma série de pistas, vai passando por diversas armadilhas e obstáculos para encontrar o "Santo Graal". O último dos obstáculos era um enorme abismo que separava a trilha por onde ele seguia da cova onde encontraria seu objetivo.O interessante é que a pista que ele tinha em mãos dizia que ele precisaria "dar uma passo de fé". Se lembram da seqüência? Depois de titubear um monte, ele se ergue, fecha os olhos estende o pé como quem vai dar um passo no vazio e... Pois é, vai me dizer que ele sabia o que iria acontecer?! Não mesmo!
Pensando em exemplos menos seculares, aquele centurião preocupado com seu servo doente, foi até Jesus para pedir-lhe que interviesse pela vida do seu servo. "Se o Senhor disser uma palavra, eu sei que ele será curado" (Lc 7:7). Ou daquela mulher cananéia que foi buscar em Jesus a cura para sua filha (Mt 15;27), e apesar da negativa inicial de Jesus, ela continuou insistindo até que lhe foi concedido o milagre.
Estas histórias têm algumas coisas em comum:
- Todos os sujeitos estavam precisando alcançar algo, algo que eles por si só eram incapazes de obter.
- Todos os sujeitos sabiam que havia uma possibilidade de obter o que buscavam.
- Todos os sujeitos não sabiam se lhes seria concedido ou não alcançar o que desejavam.
Eis a dúvida! Sabe quando dizemos que "temos que dar um passo de fé" ? Realmente não sabemos o que vai acontecer, simplesmente fechamos os olhos e avançamos sem saber o que virá. Pois se já soubéssemos de antemão o resultado do "passo de fé", certamente não precisaríamos dela para tomar nossa decisão. Mas se não é assim, o que então nos motivaria a fazer "tamanha estupidez"? Por que razão nos arriscaríamos sem medir conseqüências ou sem planos de contingência?
Se lembramos destas e de outras histórias bíblicas, os que vieram a Jesus sempre sabiam que Ele era capaz de lhes conceder o que pediam, mas também não sabiam se realmente Ele lhes concederia. Portanto, a lição que tiro disto é que para um cristão, ou para um seguidor de Cristo se preferirem, não é na certeza do que virá que está depositada a sua fé, mas é em Quem está conduzindo seus passos, mesmo sem saber o que ocorrerá depois. Então, creio que podemos afirmar que a fé pressupõe a dúvida.
Com esta idéia, fiquei refletindo sobre as vezes que Jesus repreendeu discípulos pela sua "pouca fé". Quando Pedro começou a andar pelas águas, e por causa de um vento ele começou a afundar e gritou desesperado por ajuda. Bem, a bronca que ele levou vocês se lembram:
"Homem de pouca fé, por que duvidaste?"Interessante é que Jesus questiona a dúvida de Pedro. Que dúvida era essa?
Dúvida que ele poderia andar pelas águas?
Acho que não, pois ele já estava andando sobre as águas, em direção a Jesus.
Dúvida que ele, Pedro, se sairia bem apesar do vento forte?
Talvez.
Dúvida que Jesus o susteria apesar de estar afundando?
Apesar dos comentários bíblicos que dizem que Pedro olhou para trás, aos seus colegas no barco, para então começar a afundar, eu acho que ele afundou porque Jesus queria que afundasse mesmo, e em vez de Pedro confiar que Jesus estava no controle, ele duvidou e gritou pra Jesus no desespero de sua situação, e aí tomou a bronca:
"Por que duvidaste?"
A meu ver, ele duvidou foi de Jesus. O mesmo podemos dizer dos discípulos no barco no meio da tempestade enquanto Jesus dormia.
Bem, acredito ter chegado ao meu ponto. A nossa fé não deve ser a certeza dos acontecimentos futuros, mas sim a nossa confiança em Jesus que conduz estes acontecimentos...
Isto me lembra de uma frase de que muito gostei, dita por um sábio chinês que vi num filme épico:
Yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the "present".Nesta semana, exatamente nesta semana faz 1 ano que nos mudamos para Londrina-PR. Hoje, exatamente hoje deixei a empresa em que eu trabalhava aqui, para prosseguir num futuro que me é mistério. No mais, só tenho a agradecer pelo presente que Deus me dá.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Liberdade
Muitos anos atrás tive um professor de inglês que era Marxista. Além de ser Marxista, ele era Adventista, o que na época me parecia um inexplicável paradoxo. Isto me fascinava e me atraía a gastar horas conversando com ele sobre suas idéias completamente bizarras que iam desde as razões porque a União Soviética era o melhor país do mundo para se viver (!?), até porque Deus na verdade não deu ao ser humano autêntico livre arbítrio. A questão do livre arbítio em particular causou-me uma profunda impressão e estendeu significativamente os meus horizontes sobre o complexo tema da soberania e onisciência de Deus e sua intervenção na vida humana. Professor Luis argumentava que de acordo com Gênesis, havia uma terceira via para o primeiro casal: viver eternamente em pecado. Mas como o acesso a árvore da vida fora bloqueado, Adão e Eva não tiveram o direito de escolher esta opção. Ainda não resolví o mérito do argumento, mas desde então seguiram-se outros encontros marcantes com o tema.
Um deles ocorreu numa pregação do Dr. Orlando Ritter na qual ele deu uma boa explicação para a aparente demora do breve retorno de Jesus. Segundo ele, o problema do pecado é complexo pois envolve a liberdade de escolha. Como Deus está sujeito aos limites da liberdade dos seres humanos, a solução definitiva exige um progresso lento. Certamente podemos identificar a cosmovisão adventista no raciocínio do Dr. Ritter, que estabelece o livre arbítrio como a raiz e a solução do pecado.
Anos atrás li um conto de ficção científica escrito por Robert A. Heinlein entitulado "By His Bootsraps". O excelente conto trata de um personagem que faz sucessivas viagens no tempo e ao reencontrar o seu antigo eu tenta persuadi-lo a mudar uma decisão chave que interromperia uma indesejável cadeia de eventos. Para a sua surpresa a tentativa de interferir no evento é o que em última instância causa a fatídica decisão. Fatalismo ou livre arbítrio?
Em certo sentido arrependo-me de ter assistido o filme O Advogado do Diabo pela atmosfera pesada e degradante. Porém não posso esconder minha surpresa com o desfecho quando o Diabo em pessoa falha em persuadir o seu "filho", um refinado e ambicioso advogado, a perpetuar a diabólica espécie. O thriller encerra-se quando inesperadamente o jovem decide fazer uso do seu livre direito de escolha. A famosa trilogia de George Lucas tem um desfecho similar.
Na mesma semana que este blog nasceu, este artigo sobre livre arbítrio publicado no New York Times me chamou a atenção. Nele o articulista expõe o corrente questionamento no meio científico sobre se a capacidade de escolha e decisão não se tratar meramente de uma ilusão da mente consciente. Evidências apontam para o fato de que o que chamamos de vontade é na verdade um reflexo da consciência sobre um processo que já está em andamento. Em outras palavras, a "escolha" foi tomada no subconsciente. Sendo assim, seriam nossas escolhas, em um nível primitivo, frutos do acaso, determinísticas, ou genuino exercício da vontade?
Mais recentemente a leitura de Philip Yancey expandiu minhas reflexões sobre o assunto da liberdade de escolha. No capítulo sobre a tentação de Jesus em seu livro, The Jesus I Never New, Yancey argumenta que, no deserto, Jesus e Satanás encenaram uma batalha sobre que estratégia usar para ganhar o coração do homem. Nesta ocasião o inimigo ofereceu a Jesus a oportunidade de um atalho, que envolvia uma majestosa demonstração de milagre, mistério e poder que fosse suficiente para causar o temor e admiração dos potenciais seguidores. Poderia Jesus ser verdadeiramente humano? Seria Ele mesmo Deus conosco? Porém, nesta ocasião a divindade manifestada na arquejante humanidade escolheu tomar o caminho mais longo com um único propósito de "permitir que os seres humanos pudessem escolher livremente o que fazer com ele." Em uma passagem memorável, Yancey escreve:
"A terrivel insistência de Deus na liberdade humana é tão absoluta que ele nos outorgou o poder de viver como se ele não existisse, cuspir em sua face e crucificá-lo. Tudo isso Jesus devia saber quando ele enfrentou o tentador no deserto, focalizando seu magnífico poder na energia de se reprimir."
Após ler o capítulo meditei nas implicações do deserto. Lá Deus restringiu sua liberdade de ser Deus, para dar-nos a liberdade de O escolhermos como Deus. Yancey ainda reflete que Jesus mostrou um incrível respeito pela liberdade humana oferecendo o convite menos manipulador jamais enviado: toma a tua cruz e segue-me. Aqui os métodos de Deus completamente se contrastam com os nossos. É por isso que muitas vezes ele insiste no silêncio quando nossos pedidos por intervenções miraculosas ecoam as palavras do deserto. É também nesta demonstração de "divina timidez" que a verdadeira natureza da faculdade de escolha humana se revela. Não faria sentido sua estratégia de resistência se não fôssemos livres para escolher amá-lo.
Eu gostaria muito de encontrar-me com o professor Luis e conversar sobre todas estas novas nuances sobre o livre arbítrio. A escolha divina de se ocultar e nos deixar viver como se Ele não existisse tornou-se para mim uma das mais sublimes revelações do método de Deus. Nesta semana fui tomado de um profundo senso dos métodos divinos quando senti o suave e quase imperceptível convite de Deus para voltar a passar mais tempo com Ele. E tive a sensação de que Ele não estava irritado com minha recente falta de tempo para Ele, apenas saudoso, como é do seu feitio.
Deus é assim. Sua soberania e onipotência não suplantam a vastidão de sua sabedoria e gentileza. Por isso ele está à porta. E bate. Sempre será minha a escolha de abrir.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Teste de Fé
Olá Moçada, td bem?
Resolvi colocar aqui algo que vem me incomodando há um tempo e acho que aqui podemos falar e conversar sobre isso.
O conceito de fé é interessante... A certeza daquilo que não vemos, que abrange desde os tempos anteriores à Criação, inclusive do universo até o infinito futuro, de como as coisas serão.
Mas me surgiu uma dúvida sobre o conceito de teste de fé.
Acho que muitos já ouviram isso, quando alguém passa um perrengue qualquer e a galera fala: -Meu irmão... fortaleça sua fé, Deus está lhe testando a sua fé.
Algumas perguntas que me faço então:
1) Fé precisa ser testada?
2) Fé precisa aumentar? - Eu sempre imaginei que a fé era na base do tudo ou nada, tem, não tem, senão como a fézinha iria passar adiante a montanha?
3) Deus faz reuniões diárias no final do expediente para ficar sabendo como estão as fés das pessoas e então determina no dia seguinte quem vai passar o perrengue para melhorar a fé, e assim, melhorar a contabilidade celestial?
4) E se é assim, o que acontece se a pessoa que passa o aperto resolve chutar o pau da barraca e e começa a achar que Deus nem existe mais? Prejuízo certo e reto para Deus? Ou Deus aí passou da conta?
5) O que ganha a pessoa que aumenta em fé?
6) Uma pessoa pode sair de uma situações ruim com menos fé, mas sem perdê-la totalmente?
7) Como Deus aumenta a fé?
Que tal essas perguntas para um bom início de dezembro onde as pessoas tem a fé que no ano que vem as coisas serão diferentes?
Abraços a todos,
Osmar
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Antigas ideias, palavras modernas...
Se Lucas tivesse escrito 2000 anos depois, talvez saisse assim:
"Aquele que almeja meu estilo de vida deve abandonar a fascinação do carro novo, casa grande, viagens caras e dinheiro, sentar-se diariamente na cadeira elétrica e seguir-me no twitter."
Encorajo o exercício.
"Aquele que almeja meu estilo de vida deve abandonar a fascinação do carro novo, casa grande, viagens caras e dinheiro, sentar-se diariamente na cadeira elétrica e seguir-me no twitter."
Encorajo o exercício.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Pra espantar essa poeira
O blog está empoeirado. Tomei um antialérgico e resolvi espanar a poeira. O subterfúgio foi esse texto, postado outro dia pelo Yancey em seu site (confiram!):
http://www.philipyancey.com/archives/1841
(Desisti de ativar o hiperlink. Sorry. Copiem a URL e tasquem no browser, please!)
http://www.philipyancey.com/archives/1841
(Desisti de ativar o hiperlink. Sorry. Copiem a URL e tasquem no browser, please!)
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