sábado, 25 de julho de 2009
Smile
Michael Jackson morreu. O Rei do Pop. Quanto tempo vai levar para desconfiados de plantão detectarem a fraude? Não estaria ele agora em Barhein, consciente e vivo desfrutanto docemente do influxo de caixa promovido pelo golpe e finalmente livre de ter seus passos perseguidos por fãns, familia e inescrupulosos ou qualquer combinação dos tres?
Interessante que a morte do Rei dos Judeus também foi suspeita de fraude. Só que no caso dele, ao contrário de Elvis e outros ídolos, ninguém negou sua morte. Com tal convulsão em Jerusalém naquele longínquo ano 30, seria impossível negá-la. Não surpreende o fato de que os discípulos a caminho de Emaús estavam estuperfatos de que seu companheiro de jornada parecia ignorante aos últimos acontecimentos. Nem mesmo seus mais ardentes inimigos seriam capazes de negá-la---a morte de Jesus é um fato histórico. Assim, trataram de articular e espalhar a teoria do corpo roubado. Uma das fortes evidências de que o corpo de fato não fora roubado foi o cuidado que tiveram em garantir a segurança da tumba do Cristo morto (Mat.27:62-66). Eles não calcularam que seu proceder astuto acabaria por dar muito mais credibilidade à teoria do Cristo vivo, ressurreto.
Um Cristo vivo vale mais do que um ídolo morto. Guardada as devidas proporções, imagino que a morte de Jesus deve ter trazido uma comoção tal qual a manifestada globalmente pela morte do Rei do Pop. A semelhança, porém, durou somente até o terceiro dia.
"Smile... You'll see the sun come shining through." If you belive him, just smile!
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Necessidade presente
No fim deste papo, surgiu um assunto cuja motivação já vem há algum tempo cutucando os geanos atuais: criar a igreja do GEA. Há muitos anos eu ouço falar nisto, mas esta foi a primeira vez onde eu vi (talvez tenha acontecido antes, com outros grupos, e eu não estive presente) este assunto sendo levantado seriamente.
Interessante foi perceber que a motivação para uma igreja geana, apesar de parecer óbvia, não estava muito clara ou coesa no grupo. Alguns diziam que faltava uma igreja na região da Cidade Universitária, outros que precisavam evangelizar os universitários da USP, outros queriam um lugar mais fixo ou confortável para se reunirem (tava frio pra caramba nessa noite) ...
Uma das grandes questões apresentadas nesta discussão foi: como é que se forma uma igreja? O Francisco (pai de um dos geanos presente) nos contou como, em 2 experiências anteriores vividas por ele, foi o processo de organizar o grupo fundador, encontrar um local, levantar fundos para construção, enfrentar situações complicadas com a comunidade local, etc., até que enfim a igreja estava construída e as pessoas freqüentando. Foi interessante perceber que estas experiências estavam fortemente focadas em atender às necessidades das comunidades locais. Uma luta muito difícil, sem dúvida.
Então fiquei me perguntando:
"Para que queremos, como geanos, estabelecer uma igreja?"Até o próprio conceito "igreja" estava meio confuso na cabeça da moçada: igreja prédio, igreja comunidade, igreja organização... e por aí vai. Tinha de tudo na discussão, e claro que, como estes conceitos não são naturalmente explícitos, estava difícil chegar num consenso que conduzisse a uma convergência nos interesses e ações propostas.
Isso me lembrou uma sessão de Discipulado V que tivemos na Nova Semente há pouco mais de um ano atrás. Estávamos discutindo comunidade e igreja com um grupo de umas 20 pessoas, e eu pedi a todos que respondessem uma pergunta, que escreverei a seguir, porém que guardassem a primeira resposta que viesse a cabeça, sem muitos esclarecimentos, sem pensar muito, mas só a primeira resposta, para no fim discutirmos a respeito. Eis a pergunta:
"Preciso ser membro de uma igreja para ser salvo?"Depois da pergunta, cada um guardou para si a sua resposta intuitiva, e continuamos com a discussão planejada para aquela manhã. No fim da discussão eu retomei a questão, perguntando quais foram as respostas obtidas daquela questão no início da nossa sessão de Discipulado V. O interessante desta questão não é a resposta em si, mas as premissas intuitivamente assumidas para chegar a uma ou a outra resposta. Me explico: obviamente - e provavelmente semelhante à sua resposta, meu leitor - a grande maioria optou pela resposta negativa, e foi apresentada uma série de razões para isso:
- "Minha salvação não depende de um livro de membros de uma igreja."
- "Quem concede a salvação é Deus, e não uma religião."
- "Esta é uma questão que só depende de Deus e de mim, e não de uma instituição humana."
- ... entre outras tantas...
"A minha resposta é SIM!"Sem demora, todos quase que gritando ficaram perguntando que como isso era possível, e como ele poderia dizer tal coisa, e por aí vai... claro que pediram a ele que se explicasse para que pudéssemos, por mais louco que parecesse, entender as razões dele para tal afirmação. Foi nesse momento que ouvi a lição para a qual eu não estava preparado, para a qual eu não tinha mais nada a dizer... Ele disse:
"Claro que é sim... Turma, se não fosse por vocês, eu não estaria aqui!!"Foi aí que caiu a ficha, e que todos tivemos a oportunidade de perceber que o nosso conceito intuitivo de igreja estava mais do que torcido... que o seu conceito original já não mais estava vivo entre nós, presente como uma chama viva que aquece só em lembrar dela. Para este amigo, a resposta era diferente somente porque seu conceito de igreja era diferente, e claro que ele não estaria ali conosco se não o tivéssemos acolhido, abraçado, amado antes de qualquer coisa. Será que conseguiremos resgatar esta visão de igreja?
Voltando à nossa reunião na Praça do Relógio, após contar sobre este evento do Discipulado, ficamos discutindo sobre este assunto, de como "criar uma igreja" não tem nada a ver com prédio, lugar para se reunir, estilo de adoração, doutrina ou mesmo com quem apresentará as mensagens. Igreja, meus queridos, tem a ver com gente, pessoas, almas... tem a ver com o que há de mais precioso para o coração de Deus, pois Ele entregou o próprio Filho para isso. E nós, muitas vezes, colocamos nossas forças e intelecto em tantas outras coisas, e ficamos chamando isso de igreja...
Bem, claro que esta discussão no GEA ainda tem pra dar muito pano pra manga, mas estou feliz em saber que este sentimento, esta necessidade por uma experiência mais relevante com Deus está se tornando mais real e presente, a ponto de levantar iniciativas como esta. Que Deus os abençoe, e muito.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Mankind is no Island
Encontrei este vídeo entre as minhas navegações diárias e pensei em compartilhá-lo com vocês, caso ainda não o tenham visto.
Fiquei imaginando qual seria a influência que esta consideração voltada aos menos favorecidos faria...
Será que realmente eu aprendería a amar ao próximo conforme Mat 22:39? Ou faria isto somente para me sentir melhor em relação a mim mesmo? Isto soa um pouco cínico...
Será que eu estaria cumprindo a vontade do nosso Deus em agir assim? Ou estaria somente encontrando uma forma piedosa de parecer cumprir a vontade dEle?
Aprenderia a prestar atenção ao meu próximo (neste sentido, próximo é alguém que está por perto), ou ainda seria mais fácil abordar um desconhecido por não ter nenhum vínculo ou histórico que me denuncie ou me faça sentir desconfortável?
Paizinho, me ajuda discernir meu coração e saber qual a minha motivação em tudo isso... talvez somente assim eu consiga sentir Você de perto, pra valer...
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Por que ser adventista?



No primeiro capítulo, Knight contextualiza sem preâmbulos o tema, expondo a questão da relevância do adventismo no século XXI. Em sua opinião, a abordagem politicamente correta do evangelho, que evita o tema apocalíptico e a sua herança histórica, em companhia do que ele chama de "pregação bestial", ou seja, obsecada com simbolismos apocalípticos, estão "castrando" o adventismo contemporâneo tornando-o literalmente improdutivo, o que pode ser visto no baixíssimo número de novos conversos nos países desenvolvidos. Ele defende que uma pregação balanceada da mensagem do Cordeiro-Leão da tribo de Judá, o autor e figura central do Apocalipse, pode tornar o adventismo produtivo novamente.
Dentro deste contexto, Knight embarca em uma breve, mas excelente revisão histórica do adventismo e suas raízes proféticas. Sua análise indica que o principal problema do Adventismo--o fato de que Jesus ainda não voltou--trás consigo uma gama de dificuldades para quem tem pregado por quase dois séculos a breve volta de Jesus. Defendendo uma visão global do Apocalipse ao invés de uma apresentação minuciosa dos simbolos proféticos, George Knight admite que seu maior problema com o apocalipse não está na interpretação historicista, nem no princípio dia-ano, nem nos temas do grande conflito, do remanecente ou mesmo da purificação do santuário, mas no ensino Adventista tradicional do Juízo Investigativo, onde conceitos não bíblicos de pecado e perfeição tem levado a um sentimendo de medo, temor e insegurança.
Subsequente à apresentação da sua visão global, George Knight ataca o que ele chama de "pensamento linear", defendido por adventistas que advogam a impossibilidade de um término abrupto para a história humana. Baseando-se em exemplos históricos tais como 11 de setembro ou a ascenção de Hitler, ele defende que a mensagem apocalíptica da queda de babilônia em "uma hora" é mais do que plausível, é presente, e mais do que nunca relevante. Neste contexto, o Apocalipse apresenta não somente o inescapável fim de todas as coisas, mas a única solução definitiva para os problemas da humanidade.
A visão evangélica da prática da justiça social em detrimento da mensagem escatológica defendida por uma crescente parcela de adventistas contemporâneos é tratada no contexto das narrativas proféticas dos evangelhos. Em sua abordagem, Knight aponta que Jesus não fez o foco do seu ministério a "justiça social", apesar de praticá-la e não negar a importância da mesma. Porém, o tema da justiça social está conjugado aos eventos escatológicos na parábola das ovelhas e dos bodes em Mateus 25:31-46, onde a prática da religião verdadeira está associada à guarda do segundo grande mandamento. Sendo assim, alimentar os pobres e cuidar dos doentes é de fato um aspecto fundamental do panorama profético.
George Knight conclui propondo um renovação da mensagem apocalíptica para Jesus nossa única esperança, que pode restaurar a 'virilidade' da mensagem adventista e a razão de ser adventista.
Ao concluir a leitura, fiquei matutando no paralelo entre o tema final do livro e o slogan de campanha do atual presidente Obama: HOPE. Será que nós adventistas poderíamos nos tornar relevantes retornando ao Apocalipse sem cair na tentação de propagar um alarmismo vazio e barato? Talvez a resposta esteja em outro slogan da campanha: Yes, we can!
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Sistema de consumo
Este sábado tive a feliz experiência de acompanhar nosso amigo Marcão em sua classe da ES. Como foi bacana ver em alguns que ali estavam a expressão, nas palavras compartilhadas, de uma busca por uma religião mais genuína e relevante à nossa vida.
Pensando mais sobre este assunto, lembrei-me de um post que encontrei há meses atrás num blog, cujo autor chamado Paulo Brabo eu desconheço completamente, e cujas palavras me fizeram refletir mais recentemente sobre a minha relação com a igreja institucionalizada, e também agregam um pouco mais de pimenta às discussões que temos tido aqui.
Tomo a liberdade de transcrever abaixo um trecho que me pareceu central à sua ácida discussão, cuja leitura completa eu mais do que recomendo. Aliás, creio que uma análise crítica sobre o post aqui citado pode por uma boa dose de reflexões e discussão neste nosso contexto.
Bem, aí vai o trecho e o post está nos links dos parágrafos acima:
"As pessoas que consomem igreja não têm em geral qualquer consciência de que estão se dobrando a um sistema de consumo, mas as evidências estão ali para quem quiser ver. A igreja não é um lugar a que se vai ou um grupo de pessoas que se abraça, mas uma marca que se veste, um produto que se consome continuamente. Tudo de bom que costumamos dizer sobre a igreja reflete, secretamente, essa nossa obsessão com o consumo – “o louvor foi uma benção”, “o sermão foi profundo”, “o coro cantou com perfeição”, “a palavra atingiu os corações”, “Deus falou comigo”. Em outra palavras, tudo que temos a dizer sobre a experiência da igreja são slogans. Na qualidade de consumidores, o que fazemos é retroalimentar nossa dependência, promovendo continuamente nosso produto na esperança de angariar mais consumidores e portanto mais legitimação." Paulo BraboO que acharam de suas idéias?
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Obama e a religião
Em tempo: meus aplausos à visão geral externada pelo presidente.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Contextos sócio-culturais
Bom, isto que vou escrever aqui em resposta ao meu amigo Gabriel e seu post anterior é apenas a minha opinião e também fruto de algumas conversas com o Klebert não fruto de leituras extensas ou profundas análises, viu? Então, lá vai o post que começou comentário e virou post.
Este lance da "salvação pessoal" reflete a influência do contexto sócio-cultural e da "visão de mundo" na qual os teólogos e as pessoas que organizam igrejas estão/estavam inseridos. No caso da nossa denominação e do protestantismo moderno, é o contexto sócio cultural protestante norte-americano, que sempre valorizou a individualidade e o esforço pessoal de cada pessoa.
É natural então que conforme a visão de mundo mude na era "pós moderna" (a passada seria chamada "moderna" e a os métodos de proselitismo do protestantismo moderno, até os anos 90 ainda, são calcados num raciocínio lógico "moderno" e na ênfase na salvação pessoal) comecemos a questionar o que veio antes, não somente baseado num desejo sincero de ir mais fundo, de questionar as normas pré-estabelecidas, mas também, buscando conciliar nossa nova visão de mundo (adquirida praticamente por osmose, por apenas existirmos e vivermos nesta época da história) à nossa crença religiosa. Hoje a ênfase é na comunidade, no grupo, preocupamo-nos mais com a igualdade social, com a autenticidade do que fazemos. E eu não quero questionar os autores que você está lendo, estou apenas tentando olhar o contexto histórico, “the big picture.”
Com sinceridade, eu acho impossível conseguir realmente voltar às origens, recapturar exatamente aquilo que seria o “puro evangelho,” a essência da jornada cristã. Mesmo naquela época, as pessoas, os escritos, estavam calcados numa realidade, num contexto sócio cultural que aparece claramente nas escrituras. Não temos problemas em analisar certos textos bíblicos como pertinentes apenas para a sociedade judaica da época, mas às vezes não conseguimos olhar para as nossas próprias doutrinas e práticas como fruto de um condicionamento (inconsciente) cultural e ideológico apenas (OK, agora parece que estou falando a mesma coisa que você, mas o ponto em que quero chegar é outro). O que e u quero dizer é que mesmo estes questionamentos (válidos, eu creio) com o qual você está envolvido, são parte do contexto sócio-cultural pós moderno.
Na opinião do Klebert, o Jim Hornberger (escritor de Fuga para Deus dentre outros), com a sua ênfase em ouvirmos a voz de Deus, é a pessoa que chega mais perto (na sua experiência e seus escritos) de uma resposta a esta pergunta do Gabriel: “Quais motivações seriam legítimas para conduzir nossa busca por respostas que tornem nossa vida cristã mais real e autêntica?” Eu ainda não tenho uma opinião formada. Eu me preocupo um pouco com o isolamento da experiência do Jim, mas talvez fosse isto que ele e sua família precisassem e cada um de nós deve buscar o seu próprio caminho. Mas nesse ponto eu concordo com o Gabriel – porque é que este caminho tenha sempre que ser “individual?” Ou, no máximo, uma família, casal e filhos, isolada, buscando a Deus? Como seres gregários que somos, uns mais do que outros (e nós amigos creio que fazemos parte da categoria de “muito gregários”), sempre acho desencorajador ter que enfrentar esta “jornada cristã” isoladamente.
E daí vem outros questionamentos bem pós modernos dos quais o “grande” Brian McLaren (cuja leitura eu iria sugerir para o Gabriel, pois acho que o ajudaria) tem sido porta voz (e em menor escala, ainda que com mais popularidade, o famoso mega-pastor Rick Warren também tem entrado nesta linha também). Resumindo bem: como podemos nos dizer cristãos e esquecermo-nos dos milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem em pobreza extrema, falta de água, falta de comida, etc. (notem que este é um “chamado” que faz mais sentido aqui nos EUA). A motivação neste caso não é “levar a salvação” para estas pessoas, é procurar resolver os problemas delas e também do planeta terra (preocupação ecológica, algo com o qual o cristianismo “mainstream” em geral, particularlmente aqui nos States não tem demonstrado a mínima preocupação – um assunto que me preocupa há anos e que eu levei à discussão no GEA-USP nos idos de 1992). Este e outros argumentos formam a base do livro mais recente do Brian Everything Must Change. Vou ser sincera com você, este é um tipo de “movimento” com o qual eu me sentiria confortável em estar envolvida em todos os níveis.
Agora, eu me preocupo, amigo (e esta é a parte do meu comentário perdido que é mais difícil recapturar, mas vou tentar) com as suas inquietações porque elas tem lhe levado a de certa forma a isolar-se, ou alienar-se, de pessoas que pensam diferente na sua ânsia de buscar profundas mudanças que eu concordo que são necessárias e importantes, mas não necessariamente possíveis (a curto prazo).
Você pode me achar acomodada, mas, depois de deixar sem olhar para traz o grupo brasileiro, agora estamos convivendo com um grupo de americanos mais do que “tradicionais.” E, por estranho que possa parecer, tem sido gostoso conhecer estar pessoas, conviver com elas, mesmo sabendo que temos pouquíssimas coisas em comum e que talvez discordemos radicalmente de suas visões teológicas (na época da eleição foi surreal, eu me sentia um E.T. no meu desejo fremente de que o Obama ganhasse, algo que eu nunca comentei com ninguém ali). E eu sinto-me em paz no momento. Não tenho ambições de mudar nada e ninguém. Claro... o vazio está lá às vezes, mas pelo menos estou tentando buscar a coerência primeiramente na minha vida pessoal e estou totalmente desencanada quanto à instituição. Não tenho a mínima esperança que a mesma mude e que venha a tornar-se significativa na minha vida. As lutas internas (vejam que intessante este grupo no facebook que esta buscando fazer um movimento visando a desegregação da igreja adventista – a única instituição segregada racialmente nos EUA) as politicagens, etc, vão sempre ofuscar o que um dia foi uma mensagem fremente, um movimento entusiasmado.
Então, eu não sei direito o que dizer sobre sua ânsia de voltar às origens. As várias origens (da igreja cristã, do protestantismo, do movimento ADV, etc.) foram influenciadas por vários aspectos complexos, é difícil isolar certos elementos e dizer que neles está “a pureza” do movimento. Desculpe-me se estou ficando um tanto “cínica,” acho que é o peso da idade :-D. De qualquer forma, eu acho que concordo com você que o “sonho original” de Deus é bem diferente do que as várias teologias cristãs tem pregado. E também creio que Deus seja flexível, no sentido que ele trabalha conosco do jeito que somos, por isso ele nos deu liberdade de escolha pra começar. Mas este já é um outro assunto...
Bom, então é isso aí, como dizem em inglês, eu partilhei a minha opinião, meus “two cents.” Ajudou alguma coisa? Espero que não tenha atrapalhado! ;-)
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
De volta ao sonho original
"Gabriel, você deveria estudar menos a eclesiologia e mais soteriologia..."Fiquei pensando: "Será que estou 'desperdiçando' meu tempo ao insistir em tentar compreender o que Deus espera de cada um de nós como membros do Corpo de Cristo? Será que estarei dando mais importância a esta questão do que a outros aspectos ainda mais importantes do meu relacionamento com Deus? Será que já esgotei a paciência daqueles com quem tenho compartilhado esta minha inquietude?"... provavelmente esta última questão seja a mais verdadeira...
Talvez seria mais simples voltar e se conformar com a tão esgarçada realidade sobre a qual crescemos e desenvolvemos nossa vida religiosa, criando racionalizações que justifiquem nossa posição na velha corrente que ainda hoje conduz congregações que freqüentamos ou costumávamos freqüentar. Não quero dizer com isto que está tudo errado, não. Tenho certeza que Deus usou, usa e continuará usando estes instrumentos para alcançar e atender a milhares de pessoas que encontram nestas congregações as respostas para seus vazios... porém, infelizmente, já não tenho mais encontrado ali respostas para os meus...
Perdoem-me se faço perguntas demais... gosto delas não pelas respostas que elas podem proporcionar, mas pelas reflexões que elas estimulam...
Então te pergunto, meu amigo(a) leitor(a) deste post:
Quais questões fundamentais nos ajudariam a refletir sobre onde devemos focar nossos esforços, nesta busca por uma experiência mais relevante com Deus?Considerando sobre a soteriologia, percebi que este foi um dos assuntos, se não o assunto mais estudado durante praticamente toda a minha vida cristã. Acredito que para muitos de nós tenha sido da mesma forma. Lembro-me de quando estudamos diferentes doutrinas bíblicas, das mais variadas, de um modo ou de outro sempre tínhamos aplicações ou conclusões que nos levavam a este ponto: a salvação humana. Esta deve ser a razão pela qual um dia escolhemos seguir a Jesus, e começamos a trilhar este longo e estreito caminho, na esperança de uma vida futura. A salvação é o fim (o objetivo) deste caminho, e praticamente toda nossa experiência cristã gira em torno deste fim.
Seria no estudo da salvação, como sugerido por este amigo, o caminho para um encontro com Deus?
Mas será que Deus criou o homem precisando de salvação? Não, claro que não. É óbvia a resposta... Mas se o homem não foi criado precisando de salvação, então para que fim foi criado? Qual foi o objetivo de Deus ao nos criar, e hoje sermos seres racionais, de livre arbítrio, diferentes, complexos, volúveis, teimosos, ansiosos, indiferentes, felizes, deprimidos, cheios e carentes? Para que foi então?
Sei que não é possível comparar as razões de Deus com as humanas, mas me atrevo a fazer uma analogia com os meses em que Deise e eu estávamos planejando ter o nosso primeiro filho. Depois de 3 anos de casamento, era quase impossível não ficar olhando que bochechas encontraríamos nos carrinhos de bebês que passeavam pela rua. Na primeira oportunidade que tínhamos, pegávamos no colo os bebês de amigos que íamos visitar ou vinham à nossa casa. Ficávamos imaginando como seria o crescimento do nosso filho no primeiro ano, qual o nome dele, o que ensinaríamos a ele, quais experiências sensoriais proporcionaríamos a ele que o estimulariam e o fariam feliz... era uma ansiedade incontida junto de um medo reprimido o que sentimos durante aqueles 9 meses de espera, até que Felipe chegou. E depois deste dia, tem sido uma nova descoberta a cada dia... Digam-me, quem de vocês, dos que já ansiaram e tiveram filhos, não se sentiram assim?
Uma das conclusões que tiro desta analogia é que Deus nos criou para Ele próprio. Bem, esta conclusão não é originalmente minha (Col 1:16), mas acho que ela expressa algo bem mais profundo ao que normalmente não damos a devida atenção: quando lemos "para Ele", acredito que seja para suprir essa ansiedade que Deus teve antes de nossa própria criação, não somente na criação da raça humana, mas nossa pessoal mesmo, assim como a ansiedade de nossos pais por nós. Isto me lembra uma conversa, à mesa da cozinha, na casa da Dna. Helena, num sábado à noite, com mais 2 ou 3 de nós e Deus participando...
A próxima cena desta história é que Deise e eu deixamos de ser um casal apenas, e a partir daquele dia passamos a ser... isso, uma família! Agora temos mais alguém para nós mesmos! Por nós mesmos! Agora somos uma família!
Voltando à minha última pergunta... não seria esta a intenção de Deus ao ter nos criado? Não seria este o objetivo dEle? O de ter uma família dEle? À sua imagem e semelhança (Gen 1:26,27), para alegria, glória e regozijo dEle? Eu realmente acredito que foi por isso que viemos a existir, assim como Felipe também veio...
Bem, onde entra isto tudo no contexto deste texto? Meu ponto é que se o fim da criação do homem por Deus foi o de ter uma família (Apoc 21:3), a salvação é um meio, somente um meio para este fim. Por favor, não me entendam mal. Não quero aqui menosprezar um plano divino, mas sim colocá-lo na perspectiva correta: a salvação é um plano B, um desvio, uma correção de rumo, é somente um pequeno trecho, fora do imenso caminho que Deus um dia traçou para nós, que nos traz de volta. Um caminho que começou na semana da criação, num sonho divino de sermos Sua família, sonhado para durar a eternidade...
Claro que a salvação é importante, mas ela não é o fim em si mesma, não é o objetivo primordial como tem sido ensinado e pregado pela maioria das religiões cristãs que eu tenho ouvido. Não há dúvida que, em nossa atual condição, precisamos dela para voltarmos ao plano original, mas a nossa prática religiosa tem dado muito mais ênfase ao plano B do que ao plano original. Estamos tão preocupados com o meio, que não damos a devida importância ao fim. Interessante foi, e acredito que não por coincidência, encontrar justamente esta mesma reflexão numa ilustração no último capítulo (7) que até aqui li num livro que estou devorando bem devagar...
Mais uma pergunta:
Quais motivações seriam legítimas para conduzir nossa busca por respostas que tornem nossa vida cristã mais real e autêntica?Quando falamos de salvação, a motivação trazida à tona é a do nosso próprio benefício, um prêmio como se este pudesse ser merecido, cujo processo para alcançá-lo somente depende de nós mesmos, individualmente e exclusivamente... afinal de contas, "a salvação é pessoal"! Onde na Bíblia estão escritas estas palavras? Seria esta visão egocêntrica do plano da salvação fruto do individualismo que hoje mais do que reina em nossa sociedade e cultura ocidental? A de sermos um conjunto de indivíduos desconexos, cujos laços são irrelevantes para o objetivo almejado? Será que é isso que a Bíblia chama de Corpo de Cristo (Col 1:18-20)?
Se é assim que estaremos "preparados" para quando Jesus voltar, e alcançarmos nossa almejada salvação, todo nosso "preparo" não vai servir para mais nada além daquele momento de resgate, pois não saberemos conviver com o que virá em seguida . O "preparo" que temos recebido e pregado até aqui, geralmente se concentra somente na salvação individual, em como percorrer o trecho de desvio, o plano B, e não fazemos a menor idéia de quanto nos falta o "preparo" para trilharmos o caminho do plano primeiro de Deus, no sonho original, o de sermos a família dEle, o Corpo de Cristo.
Portanto, para isto, também temos que nos "preparar", não somente para o trecho de desvio mas para todo o caminho, para o objetivo divino, para a razão pela qual fomos criados, fazendo do Reino de Deus uma realidade concreta e imediata. Começando aqui, entre nós... fazendo do plano original de Deus, um grupo de pessoas a quem ele chama de Seus (II Cro 7:14), uma prática real, constante, relevante e feliz na nossa vida, reconstruindo em nós aquilo que Jesus um dia chamou de Minha Igreja (Mat 16:18).
domingo, 4 de janeiro de 2009
Feliz Ano Novo?
Eu gostaria, acima de tudo, de começar o ano "de pé direito," escrevendo neste blog, procurando me comunicar com vocês meus amigos, já que poucos me acompanham no meu blog em inglês. É estranho que eu criei este blog nos idos de 2007, uau!! -- precisamente dois anos atrás, dia 4 de janeiro de 2007!!! -- e apenas escrevi três postagens até hoje, que triste, não? Neste ínterim, eu escrevi 475 posts no meu outro blog, mas nenhum deles é na minha língua materna, e talvez apenas um ou dois tratem de assuntos que discutimos aqui. Então, quero começar a escrever mais por aqui. Voltarei em breve então, e quero terminar dizendo novamente: