quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mankind is no Island

Queridos,

Encontrei este vídeo entre as minhas navegações diárias e pensei em compartilhá-lo com vocês, caso ainda não o tenham visto.



Fiquei imaginando qual seria a influência que esta consideração voltada aos menos favorecidos faria...

Será que realmente eu aprendería a amar ao próximo conforme Mat 22:39? Ou faria isto somente para me sentir melhor em relação a mim mesmo? Isto soa um pouco cínico...

Será que eu estaria cumprindo a vontade do nosso Deus em agir assim? Ou estaria somente encontrando uma forma piedosa de parecer cumprir a vontade dEle?

Aprenderia a prestar atenção ao meu próximo (neste sentido, próximo é alguém que está por perto), ou ainda seria mais fácil abordar um desconhecido por não ter nenhum vínculo ou histórico que me denuncie ou me faça sentir desconfortável?

Paizinho, me ajuda discernir meu coração e saber qual a minha motivação em tudo isso... talvez somente assim eu consiga sentir Você de perto, pra valer...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Por que ser adventista?

Esta é a primeira pergunta de um livro escrito pelo Dr. George Knight que acabei de ler. O livro, The Apocalyptic Vision and the Neutering of Adventism, foi lançado recentemente pela Review and Herald e é considerado pelo próprio autor como o mais importante de sua carreira. Sendo um admirador do estilo e conteúdo dos livros do George Knight, mal pude esperar para por as mãos no livro e começar a leitura, especialmente com a motivação de estar lendo seu mais importante livro. Não fui decepcionado.

O estilo controvertido e incisivo de George Knight pode ser notado já no título. Para quem não sabe, a palavra neutering em inglês significa castração, ou esterilização e é normalmente aplicada a animais domésticos. Ele continua neste livro com suas tiradas irônicas e debochadas do adventista conservador e rabujento alvo de duras reprimendas em publicações anteriores. Porém, volve a sua mira também para o adventista moderno e 'sofisticado', que já não mais se identifica com as raízes proféticas do movimento, e para quem o pequeno livro dirige a maioria de suas mensagens.

No primeiro capítulo, Knight contextualiza sem preâmbulos o tema, expondo a questão da relevância do adventismo no século XXI. Em sua opinião, a abordagem politicamente correta do evangelho, que evita o tema apocalíptico e a sua herança histórica, em companhia do que ele chama de "pregação bestial", ou seja, obsecada com simbolismos apocalípticos, estão "castrando" o adventismo contemporâneo tornando-o literalmente improdutivo, o que pode ser visto no baixíssimo número de novos conversos nos países desenvolvidos. Ele defende que uma pregação balanceada da mensagem do Cordeiro-Leão da tribo de Judá, o autor e figura central do Apocalipse, pode tornar o adventismo produtivo novamente.

Dentro deste contexto, Knight embarca em uma breve, mas excelente revisão histórica do adventismo e suas raízes proféticas. Sua análise indica que o principal problema do Adventismo--o fato de que Jesus ainda não voltou--trás consigo uma gama de dificuldades para quem tem pregado por quase dois séculos a breve volta de Jesus. Defendendo uma visão global do Apocalipse ao invés de uma apresentação minuciosa dos simbolos proféticos, George Knight admite que seu maior problema com o apocalipse não está na interpretação historicista, nem no princípio dia-ano, nem nos temas do grande conflito, do remanecente ou mesmo da purificação do santuário, mas no ensino Adventista tradicional do Juízo Investigativo, onde conceitos não bíblicos de pecado e perfeição tem levado a um sentimendo de medo, temor e insegurança.

Subsequente à apresentação da sua visão global, George Knight ataca o que ele chama de "pensamento linear", defendido por adventistas que advogam a impossibilidade de um término abrupto para a história humana. Baseando-se em exemplos históricos tais como 11 de setembro ou a ascenção de Hitler, ele defende que a mensagem apocalíptica da queda de babilônia em "uma hora" é mais do que plausível, é presente, e mais do que nunca relevante. Neste contexto, o Apocalipse apresenta não somente o inescapável fim de todas as coisas, mas a única solução definitiva para os problemas da humanidade.

A visão evangélica da prática da justiça social em detrimento da mensagem escatológica defendida por uma crescente parcela de adventistas contemporâneos é tratada no contexto das narrativas proféticas dos evangelhos. Em sua abordagem, Knight aponta que Jesus não fez o foco do seu ministério a "justiça social", apesar de praticá-la e não negar a importância da mesma. Porém, o tema da justiça social está conjugado aos eventos escatológicos na parábola das ovelhas e dos bodes em Mateus 25:31-46, onde a prática da religião verdadeira está associada à guarda do segundo grande mandamento. Sendo assim, alimentar os pobres e cuidar dos doentes é de fato um aspecto fundamental do panorama profético.

George Knight conclui propondo um renovação da mensagem apocalíptica para Jesus nossa única esperança, que pode restaurar a 'virilidade' da mensagem adventista e a razão de ser adventista.

Ao concluir a leitura, fiquei matutando no paralelo entre o tema final do livro e o slogan de campanha do atual presidente Obama: HOPE. Será que nós adventistas poderíamos nos tornar relevantes retornando ao Apocalipse sem cair na tentação de propagar um alarmismo vazio e barato? Talvez a resposta esteja em outro slogan da campanha: Yes, we can!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sistema de consumo

Olá amigos,
Este sábado tive a feliz experiência de acompanhar nosso amigo Marcão em sua classe da ES. Como foi bacana ver em alguns que ali estavam a expressão, nas palavras compartilhadas, de uma busca por uma religião mais genuína e relevante à nossa vida.

Pensando mais sobre este assunto, lembrei-me de um post que encontrei há meses atrás num blog, cujo autor chamado Paulo Brabo eu desconheço completamente, e cujas palavras me fizeram refletir mais recentemente sobre a minha relação com a igreja institucionalizada, e também agregam um pouco mais de pimenta às discussões que temos tido aqui.
Tomo a liberdade de transcrever abaixo um trecho que me pareceu central à sua ácida discussão, cuja leitura completa eu mais do que recomendo. Aliás, creio que uma análise crítica sobre o post aqui citado pode por uma boa dose de reflexões e discussão neste nosso contexto.
Bem, aí vai o trecho e o post está nos links dos parágrafos acima:
"As pessoas que consomem igreja não têm em geral qualquer consciência de que estão se dobrando a um sistema de consumo, mas as evidências estão ali para quem quiser ver. A igreja não é um lugar a que se vai ou um grupo de pessoas que se abraça, mas uma marca que se veste, um produto que se consome continuamente. Tudo de bom que costumamos dizer sobre a igreja reflete, secretamente, essa nossa obsessão com o consumo – “o louvor foi uma benção”, “o sermão foi profundo”, “o coro cantou com perfeição”, “a palavra atingiu os corações”, “Deus falou comigo”. Em outra palavras, tudo que temos a dizer sobre a experiência da igreja são slogans. Na qualidade de consumidores, o que fazemos é retroalimentar nossa dependência, promovendo continuamente nosso produto na esperança de angariar mais consumidores e portanto mais legitimação." Paulo Brabo
O que acharam de suas idéias?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Obama e a religião

Este excerto de um discurso de Obama sobre fundamentalismo religioso vai na linha do que discutimos brevemente há algum tempo, a pretexto da emenda sobre casamento gay na California.

Em tempo: meus aplausos à visão geral externada pelo presidente.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Contextos sócio-culturais

(nossa, que título chato, mas não consigo pensar em nada mais original...)

Bom, isto que vou escrever aqui em resposta ao meu amigo Gabriel e seu post anterior é apenas a minha opinião e também fruto de algumas conversas com o Klebert não fruto de leituras extensas ou profundas análises, viu? Então, lá vai o post que começou comentário e virou post.

Este lance da "salvação pessoal" reflete a influência do contexto sócio-cultural e da "visão de mundo" na qual os teólogos e as pessoas que organizam igrejas estão/estavam inseridos. No caso da nossa denominação e do protestantismo moderno, é o contexto sócio cultural protestante norte-americano, que sempre valorizou a individualidade e o esforço pessoal de cada pessoa.

É natural então que conforme a visão de mundo mude na era "pós moderna" (a passada seria chamada "moderna" e a os métodos de proselitismo do protestantismo moderno, até os anos 90 ainda, são calcados num raciocínio lógico "moderno" e na ênfase na salvação pessoal) comecemos a questionar o que veio antes, não somente baseado num desejo sincero de ir mais fundo, de questionar as normas pré-estabelecidas, mas também, buscando conciliar nossa nova visão de mundo (adquirida praticamente por osmose, por apenas existirmos e vivermos nesta época da história) à nossa crença religiosa. Hoje a ênfase é na comunidade, no grupo, preocupamo-nos mais com a igualdade social, com a autenticidade do que fazemos. E eu não quero questionar os autores que você está lendo, estou apenas tentando olhar o contexto histórico, “the big picture.”

Com sinceridade, eu acho impossível conseguir realmente voltar às origens, recapturar exatamente aquilo que seria o “puro evangelho,” a essência da jornada cristã. Mesmo naquela época, as pessoas, os escritos, estavam calcados numa realidade, num contexto sócio cultural que aparece claramente nas escrituras. Não temos problemas em analisar certos textos bíblicos como pertinentes apenas para a sociedade judaica da época, mas às vezes não conseguimos olhar para as nossas próprias doutrinas e práticas como fruto de um condicionamento (inconsciente) cultural e ideológico apenas (OK, agora parece que estou falando a mesma coisa que você, mas o ponto em que quero chegar é outro). O que e u quero dizer é que mesmo estes questionamentos (válidos, eu creio) com o qual você está envolvido, são parte do contexto sócio-cultural pós moderno.

Na opinião do Klebert, o Jim Hornberger (escritor de Fuga para Deus dentre outros), com a sua ênfase em ouvirmos a voz de Deus, é a pessoa que chega mais perto (na sua experiência e seus escritos) de uma resposta a esta pergunta do Gabriel: “Quais motivações seriam legítimas para conduzir nossa busca por respostas que tornem nossa vida cristã mais real e autêntica?” Eu ainda não tenho uma opinião formada. Eu me preocupo um pouco com o isolamento da experiência do Jim, mas talvez fosse isto que ele e sua família precisassem e cada um de nós deve buscar o seu próprio caminho. Mas nesse ponto eu concordo com o Gabriel – porque é que este caminho tenha sempre que ser “individual?” Ou, no máximo, uma família, casal e filhos, isolada, buscando a Deus? Como seres gregários que somos, uns mais do que outros (e nós amigos creio que fazemos parte da categoria de “muito gregários”), sempre acho desencorajador ter que enfrentar esta “jornada cristã” isoladamente.

E daí vem outros questionamentos bem pós modernos dos quais o “grande” Brian McLaren (cuja leitura eu iria sugerir para o Gabriel, pois acho que o ajudaria) tem sido porta voz (e em menor escala, ainda que com mais popularidade, o famoso mega-pastor Rick Warren também tem entrado nesta linha também). Resumindo bem: como podemos nos dizer cristãos e esquecermo-nos dos milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem em pobreza extrema, falta de água, falta de comida, etc. (notem que este é um “chamado” que faz mais sentido aqui nos EUA). A motivação neste caso não é “levar a salvação” para estas pessoas, é procurar resolver os problemas delas e também do planeta terra (preocupação ecológica, algo com o qual o cristianismo “mainstream” em geral, particularlmente aqui nos States não tem demonstrado a mínima preocupação – um assunto que me preocupa há anos e que eu levei à discussão no GEA-USP nos idos de 1992). Este e outros argumentos formam a base do livro mais recente do Brian Everything Must Change. Vou ser sincera com você, este é um tipo de “movimento” com o qual eu me sentiria confortável em estar envolvida em todos os níveis.

Agora, eu me preocupo, amigo (e esta é a parte do meu comentário perdido que é mais difícil recapturar, mas vou tentar) com as suas inquietações porque elas tem lhe levado a de certa forma a isolar-se, ou alienar-se, de pessoas que pensam diferente na sua ânsia de buscar profundas mudanças que eu concordo que são necessárias e importantes, mas não necessariamente possíveis (a curto prazo).

Você pode me achar acomodada, mas, depois de deixar sem olhar para traz o grupo brasileiro, agora estamos convivendo com um grupo de americanos mais do que “tradicionais.” E, por estranho que possa parecer, tem sido gostoso conhecer estar pessoas, conviver com elas, mesmo sabendo que temos pouquíssimas coisas em comum e que talvez discordemos radicalmente de suas visões teológicas (na época da eleição foi surreal, eu me sentia um E.T. no meu desejo fremente de que o Obama ganhasse, algo que eu nunca comentei com ninguém ali). E eu sinto-me em paz no momento. Não tenho ambições de mudar nada e ninguém. Claro... o vazio está lá às vezes, mas pelo menos estou tentando buscar a coerência primeiramente na minha vida pessoal e estou totalmente desencanada quanto à instituição. Não tenho a mínima esperança que a mesma mude e que venha a tornar-se significativa na minha vida. As lutas internas (vejam que intessante este grupo no facebook que esta buscando fazer um movimento visando a desegregação da igreja adventista – a única instituição segregada racialmente nos EUA) as politicagens, etc, vão sempre ofuscar o que um dia foi uma mensagem fremente, um movimento entusiasmado.

Então, eu não sei direito o que dizer sobre sua ânsia de voltar às origens. As várias origens (da igreja cristã, do protestantismo, do movimento ADV, etc.) foram influenciadas por vários aspectos complexos, é difícil isolar certos elementos e dizer que neles está “a pureza” do movimento. Desculpe-me se estou ficando um tanto “cínica,” acho que é o peso da idade :-D. De qualquer forma, eu acho que concordo com você que o “sonho original” de Deus é bem diferente do que as várias teologias cristãs tem pregado. E também creio que Deus seja flexível, no sentido que ele trabalha conosco do jeito que somos, por isso ele nos deu liberdade de escolha pra começar. Mas este já é um outro assunto...

Bom, então é isso aí, como dizem em inglês, eu partilhei a minha opinião, meus “two cents.” Ajudou alguma coisa? Espero que não tenha atrapalhado! ;-)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

De volta ao sonho original

Num destes encontros de fim de ano, num jantar poucos dias antes do Natal, estive conversando com um velho amigo sobre a experiência religiosa que herdamos... ele ainda freqüenta a mesma igreja que freqüentei na minha infância. Sendo ele membro atuante e um dos anciãos da igreja, me fez um comentário durante nossa conversa que me fez refletir:
"Gabriel, você deveria estudar menos a eclesiologia e mais soteriologia..."
Fiquei pensando: "Será que estou 'desperdiçando' meu tempo ao insistir em tentar compreender o que Deus espera de cada um de nós como membros do Corpo de Cristo? Será que estarei dando mais importância a esta questão do que a outros aspectos ainda mais importantes do meu relacionamento com Deus? Será que já esgotei a paciência daqueles com quem tenho compartilhado esta minha inquietude?"... provavelmente esta última questão seja a mais verdadeira...

Talvez seria mais simples voltar e se conformar com a tão esgarçada realidade sobre a qual crescemos e desenvolvemos nossa vida religiosa, criando racionalizações que justifiquem nossa posição na velha corrente que ainda hoje conduz congregações que freqüentamos ou costumávamos freqüentar. Não quero dizer com isto que está tudo errado, não. Tenho certeza que Deus usou, usa e continuará usando estes instrumentos para alcançar e atender a milhares de pessoas que encontram nestas congregações as respostas para seus vazios... porém, infelizmente, já não tenho mais encontrado ali respostas para os meus...

Perdoem-me se faço perguntas demais... gosto delas não pelas respostas que elas podem proporcionar, mas pelas reflexões que elas estimulam...

Então te pergunto, meu amigo(a) leitor(a) deste post:
Quais questões fundamentais nos ajudariam a refletir sobre onde devemos focar nossos esforços, nesta busca por uma experiência mais relevante com Deus?
Seria no estudo da salvação, como sugerido por este amigo, o caminho para um encontro com Deus?
Considerando sobre a soteriologia, percebi que este foi um dos assuntos, se não o assunto mais estudado durante praticamente toda a minha vida cristã. Acredito que para muitos de nós tenha sido da mesma forma. Lembro-me de quando estudamos diferentes doutrinas bíblicas, das mais variadas, de um modo ou de outro sempre tínhamos aplicações ou conclusões que nos levavam a este ponto: a salvação humana. Esta deve ser a razão pela qual um dia escolhemos seguir a Jesus, e começamos a trilhar este longo e estreito caminho, na esperança de uma vida futura. A salvação é o fim (o objetivo) deste caminho, e praticamente toda nossa experiência cristã gira em torno deste fim.

Mas será que Deus criou o homem precisando de salvação? Não, claro que não. É óbvia a resposta... Mas se o homem não foi criado precisando de salvação, então para que fim foi criado? Qual foi o objetivo de Deus ao nos criar, e hoje sermos seres racionais, de livre arbítrio, diferentes, complexos, volúveis, teimosos, ansiosos, indiferentes, felizes, deprimidos, cheios e carentes? Para que foi então?

Sei que não é possível comparar as razões de Deus com as humanas, mas me atrevo a fazer uma analogia com os meses em que Deise e eu estávamos planejando ter o nosso primeiro filho. Depois de 3 anos de casamento, era quase impossível não ficar olhando que bochechas encontraríamos nos carrinhos de bebês que passeavam pela rua. Na primeira oportunidade que tínhamos, pegávamos no colo os bebês de amigos que íamos visitar ou vinham à nossa casa. Ficávamos imaginando como seria o crescimento do nosso filho no primeiro ano, qual o nome dele, o que ensinaríamos a ele, quais experiências sensoriais proporcionaríamos a ele que o estimulariam e o fariam feliz... era uma ansiedade incontida junto de um medo reprimido o que sentimos durante aqueles 9 meses de espera, até que Felipe chegou. E depois deste dia, tem sido uma nova descoberta a cada dia... Digam-me, quem de vocês, dos que já ansiaram e tiveram filhos, não se sentiram assim?

Uma das conclusões que tiro desta analogia é que Deus nos criou para Ele próprio. Bem, esta conclusão não é originalmente minha (Col 1:16), mas acho que ela expressa algo bem mais profundo ao que normalmente não damos a devida atenção: quando lemos "para Ele", acredito que seja para suprir essa ansiedade que Deus teve antes de nossa própria criação, não somente na criação da raça humana, mas nossa pessoal mesmo, assim como a ansiedade de nossos pais por nós. Isto me lembra uma conversa, à mesa da cozinha, na casa da Dna. Helena, num sábado à noite, com mais 2 ou 3 de nós e Deus participando...

A próxima cena desta história é que Deise e eu deixamos de ser um casal apenas, e a partir daquele dia passamos a ser... isso, uma família! Agora temos mais alguém para nós mesmos! Por nós mesmos! Agora somos uma família!

Voltando à minha última pergunta... não seria esta a intenção de Deus ao ter nos criado? Não seria este o objetivo dEle? O de ter uma família dEle? À sua imagem e semelhança (Gen 1:26,27), para alegria, glória e regozijo dEle? Eu realmente acredito que foi por isso que viemos a existir, assim como Felipe também veio...

Bem, onde entra isto tudo no contexto deste texto? Meu ponto é que se o fim da criação do homem por Deus foi o de ter uma família (Apoc 21:3), a salvação é um meio, somente um meio para este fim. Por favor, não me entendam mal. Não quero aqui menosprezar um plano divino, mas sim colocá-lo na perspectiva correta: a salvação é um plano B, um desvio, uma correção de rumo, é somente um pequeno trecho, fora do imenso caminho que Deus um dia traçou para nós, que nos traz de volta. Um caminho que começou na semana da criação, num sonho divino de sermos Sua família, sonhado para durar a eternidade...

Claro que a salvação é importante, mas ela não é o fim em si mesma, não é o objetivo primordial como tem sido ensinado e pregado pela maioria das religiões cristãs que eu tenho ouvido. Não há dúvida que, em nossa atual condição, precisamos dela para voltarmos ao plano original, mas a nossa prática religiosa tem dado muito mais ênfase ao plano B do que ao plano original. Estamos tão preocupados com o meio, que não damos a devida importância ao fim. Interessante foi, e acredito que não por coincidência, encontrar justamente esta mesma reflexão numa ilustração no último capítulo (7) que até aqui li num livro que estou devorando bem devagar...

Mais uma pergunta:
Quais motivações seriam legítimas para conduzir nossa busca por respostas que tornem nossa vida cristã mais real e autêntica?
Quando falamos de salvação, a motivação trazida à tona é a do nosso próprio benefício, um prêmio como se este pudesse ser merecido, cujo processo para alcançá-lo somente depende de nós mesmos, individualmente e exclusivamente... afinal de contas, "a salvação é pessoal"! Onde na Bíblia estão escritas estas palavras? Seria esta visão egocêntrica do plano da salvação fruto do individualismo que hoje mais do que reina em nossa sociedade e cultura ocidental? A de sermos um conjunto de indivíduos desconexos, cujos laços são irrelevantes para o objetivo almejado? Será que é isso que a Bíblia chama de Corpo de Cristo (Col 1:18-20)?

Se é assim que estaremos "preparados" para quando Jesus voltar, e alcançarmos nossa almejada salvação, todo nosso "preparo" não vai servir para mais nada além daquele momento de resgate, pois não saberemos conviver com o que virá em seguida . O "preparo" que temos recebido e pregado até aqui, geralmente se concentra somente na salvação individual, em como percorrer o trecho de desvio, o plano B, e não fazemos a menor idéia de quanto nos falta o "preparo" para trilharmos o caminho do plano primeiro de Deus, no sonho original, o de sermos a família dEle, o Corpo de Cristo.

Portanto, para isto, também temos que nos "preparar", não somente para o trecho de desvio mas para todo o caminho, para o objetivo divino, para a razão pela qual fomos criados, fazendo do Reino de Deus uma realidade concreta e imediata. Começando aqui, entre nós... fazendo do plano original de Deus, um grupo de pessoas a quem ele chama de Seus (II Cro 7:14), uma prática real, constante, relevante e feliz na nossa vida, reconstruindo em nós aquilo que Jesus um dia chamou de Minha Igreja (Mat 16:18).

domingo, 4 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo?

Apesar do ponto de interrogação acima, eu desejo que 2009 seja um ano feliz e, felizmente, cada ano que passa em minha vida tem sido sempre feliz, em geral mais ainda que o anterior. A dúvida vem da situação complicada em que o mundo se encontra no limiar deste novo ano, particularmente no país onde resido no momento. Mas as coisas materiais não devem nos preocupar, não é mesmo? O que mais importa é a certeza de que não pertencemos a esta terra, que estamos aqui transitoriamente.

Eu gostaria, acima de tudo, de começar o ano "de pé direito," escrevendo neste blog, procurando me comunicar com vocês meus amigos, já que poucos me acompanham no meu blog em inglês. É estranho que eu criei este blog nos idos de 2007, uau!! -- precisamente dois anos atrás, dia 4 de janeiro de 2007!!! -- e apenas escrevi três postagens até hoje, que triste, não? Neste ínterim, eu escrevi 475 posts no meu outro blog, mas nenhum deles é na minha língua materna, e talvez apenas um ou dois tratem de assuntos que discutimos aqui. Então, quero começar a escrever mais por aqui. Voltarei em breve então, e quero terminar dizendo novamente:

Feliz Ano Novo!!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"Como entrar no Reino em dois dias"

Um fato que o leitor da Bíblia logo descobre é que ela é impiedosa na hora de dizer quem ele é. Não precisa chegar lá em Romanos e ler que “todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus” (3:23), logo nos primeiros capítulos de Gênesis fica bem claro o tipo de sujeitos que nós, como pertencentes da raça humana, somos. Mas o leitor da Bíblia consegue continuar a leitura e então descobre um outro fato: a Bíblia também carrega nas tintas na hora de descrever o tipo de pessoas que nós podemos ser. Vencedores, impolutos, justos, amorosos, benignos, fiéis, corajosos, compassivos, misericordiosos, cheios de paz e serenidade e movidos a esperança.

Em suma, o leitor da Bíblia logo descobre que há algo que ele é e algo radicalmente diferente no que ele deve se tornar. Há um abismo aparentemente intransponível entre um momento e outro. A distância é grande demais! Muitos desanimam e deixam pra lá, se conformando com alguns ajustezinhos exteriores (estilo de vida, vestuário, etc). Mas há alguns outros que querem realmente saber como sair do momento A para o momento B, aquele no qual ele se torna o que Deus sonhou para ele.

Bem, a idéia tradicionalmente pregada por aí a respeito do programa “como se tornar um cidadão do reino de Deus” envolve, basicamente, começar a freqüentar uma igreja, aonde, com alguma sorte, ele vai ser encorajado a ler alguns versos da Bíblia por dia, a orar antes das refeições e/ou antes de dormir e a prestar atenção no que um líder espiritual vai falar durante trinta ou quarenta minutos uma vez por semana. Isso, mais a participação em alguns sacramentos (que variam de igreja para igreja), seria o programa completo.

Seria esse o caminho? Bem, voltemos a nossa condição de leitores da Bíblia e aí vamos ser forçados a identificar nas biografias de praticamente todos os grandes homens ali mencionados um período em que o contato com Deus foi intenso – e não de apenas uns curtos momentos diários. Moisés passou 40 anos no deserto, Paulo passou 3 anos na Arábia, Jonas passou 3 dias no ventre de um peixe, José teve seu período decisivo enquanto era levado como escravo até o Egito. O próprio Jesus passou 40 dias no deserto e Seus discípulos, 50 dias reunidos “e perseveravam unânimes em oração” (Atos 1:14). Isso evidencia que o tempo varia de um para outro, mas o padrão é repetido vezes demais para ser negligenciado. Em suma, a conclusão é: precisamos de um período de intenso contato com Deus. Precisamos de um tempo de “deserto”.

Dallas Willard usa uma ilustração do fato que vale a pena repetir: postar-se abaixo de um chuveiro que deixa cair um pingo a cada 5 minutos, ainda que durante horas ou dias inteiros, não vai fazer você tomar banho.

Faça seus planos. Projete seu tempo de deserto. Um final de semana, um feriado. Um lugar sem televisão, sem muita gente, de preferência sem ninguém que você conhece. Tenha por companhia uma Bíblia, um hinário, talvez um bom livro. Mas o vital é não ter um programa cheio. Você precisa de tempo, muito tempo livre. E o mais importante: você precisa de sede e fome de conhecer a Deus.

Ou então, contente-se com as gotas esparsas que você tem permitido caírem sobre você.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Em retrospecto, uma palavra de gratidão.

Um dia a jornada vai chegar ao fim. Se alcançarmos a vitória poderemos olhar para trás e ver que a batalha foi travada e ganha pelo nosso amigo Jesus. Veremos quantas vezes caímos distraídos, cansados ou enganados. Veremos sua serena e constante paciência tomando-nos pela mão, atando as feridas e oferecendo-nos encorajamento. Veremos como vencemos pequenas lutas diárias apenas invocando o Seu poderoso Nome. Veremos quantas vezes legiões de anjos ofereceram um escudo impenetrável contra o ódio do inimigo e suas tentativas assassinas contra a nossa vida. Veremos como titubeamos, mas prosseguimos sendo relembrados a manter nossos olhos concentrados em nosso amado salvador. Veremos com que cuidado e carinho ele nos levou nos braços enquanto atravessamos delirantes de dor, tristeza, revolta e medo o monstruoso vale da morte. Veremos como ele se alegrou, cantou, sorriu e dançou conosco quando celebramos os nossos sucessos. O nosso coração não vai se conter de gratidão! A eternidade será curta demais para expressarmos a genuína e profunda gratidão pelo nosso amorável amigo, salvador e redentor. Nossas palavras serão tacanhas. Nossas tentativas serão vãns para dizer o quanto amamos a Jesus e o quanto somos agradecidos a Ele por nossa vitória. Mas ele sabe tudo. Ele sabe até que não temos palavras! O nosso cântico e o nosso olhar vai traduzir tudo! O abraço apertado de boas vindas nos fará esquecer o passado, e nos fará lembrar do futuro brilhante que teremos pela frente.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sua opinião sobre a proposição num. 8

As eleições na Califórnia neste ano incluíram não só os candidatos a presidência, mas também uma controvertida proposição número 8, ondes os Californianos votaram numa emenda constitucional no estado para incluir a declaração de que "somente o casamento entre um homem e uma mulher é válido ou reconhecido na Califórnia." A passagem da emenda invalidou os até então válidos casamentos de casais homosexuais na Califórnia.

Um grupo de adventistas auto-denominados Adventists Against Proposition 8 se posicionou contra a proposição 8, e ativamente procuraram persuadir irmãs e irmãos da mesma fé (e outras fés também) a votarem contra. O movimento foi uma reação ao apoio público do Seventh-day Adventist Church State Council, que é o departamento de liberdade religiosa da União do Pacífico, em favor da proposição 8.

Pergunto: qual é a sua opinião sobre esta proposição, e sobre o ativismo dos crentes adventistas californianos?


Quem tiver interesse em ler a cronologia do ativismo estará mais informado para publicar sua opinião. ("disclaimer": o autor da cronologia tomou partido em um dos lados do ativismo)