domingo, 23 de março de 2008

Porque eu ainda gosto tanto de igreja?

Para mim essa questão é mais forte do que o "pra que serve" que vem sendo discutido aqui.


Porque eu sempre estive envolvida numa comunidade religiosa: já passei por várias igrejas adventistas e vários grupos de estudos: uns mais "paz e amor", outros mais "racionais" como esse (o melhor de todos os tempos, aliás! rsrsrs).


Encontrei acolhida carinhosa, crítica, trabalho a fazer (o que eu gosto muito e sempre me empolgo com 1000 coisas), apoio pras horas difíceis, administração duvidosa... Todos tiveram seu encanto, e todos, por um motivo ou outro, "passaram".

Há cerca de 2 anos venho experimentando uma nova experiência (ok, ficou redundante, mas é assim que eu queria dizer mesmo). Comecei a fazer parte de uma comunidade da qual, na verdade, eu não me sentia parte por uns tantos meses. Ainda que houvesse pessoas conhecidas, das comunidades que eu frequentei anteriormente (o Gabi é um!), havia também umas tantas que pensavam, agiam, se vestiam e tinham gosto musical muito diferente do meu. Mas não sei exatamente porque (e eis aqui o ponto) eu resolvi insistir. Uma amiga que ia comigo (e compartilha desses mesmos questionamentos) desistiu, mas eu fiquei. [Aliás, quero convidá-la para participar aqui, posso? Lily, me ajuda a fazer isso?] Eu sempre digo a ela que eu não tenho jeito, sou igrejeira incurável, e por isso continuo. Uma sexta ela foi dormir em casa e disse que no sábado não queria ir de manhã comigo. Eu tive a capacidade de acordar e dizer: ah, desculpe, acho que se eu não for terei uma "crise de abstinência", vc não quer mesmo ir? Fica chateada se eu for e nos encontramos depois? Ela disse que não (e temos intimidade suficiente pra ela dizer o contrário, se fosse o caso) e eu fui (!).

Lá eu já vivi reencontros, novas amizades, namoro, término de namoro, e me envolvi, para trabalhar, com 3 (ops, 5!!) grupos distintos:

- O primeiro (coordenação da manhã), fui convidada logo no ínício quando não tinha mesmo muito mais gente pra ajudar. Fazia algo que eu sei fazer bem, mas me estressava um bocado. E saí em poucos meses. Fiquei à disposição, tanto que já substituí a líder numa ocasião em que ela adoeceu.

- O segundo (drama), de antigos amigos que eu considero demais, admiro a inteligência visivelmente acima da média, em que eu sou útil fazendo seja lá o que for, tenho liberdade para dar pitaco em quase tudo, dar e receber críticas sem mágoas e ainda me divertir um bocado.

- O terceiro (louvor), o mais "profissional", fui convidada a participar como uma das líderes e sem ser amiga de ninguém. Deus me ajudou a realizar um bom trabalho, mas depois de 1 ano estava desanimada com a falta de comprometimento de alguns membros "inconquistáveis" da minha equipe e quase desisti, mas consegui permanecer com uma sugestão da líder máxima para diminuir - mas não extinguir - o meu grau de responsabilidade. Esse é o grupo mais interessante: continuo não sendo amiga íntima de ninguém, mas me sinto equipe e desenvolvi um carinho enorme por eles.

- O quarto (coordenação da tarde), fui convidada por uma grande amiga para realizar um trabalho semelhante ao que eu fazia no primeiro. Apesar de ter a mesma natureza estressante a freqüência é menor e a maneira que ela lidera é mais "light". Por fim está se tornando muito mais interessante agora, pois incluiu a pesquisa de conteúdo para as programações.

- O quinto (comunicação) [quando comecei, achei que essa lista era menor!] , eu me ofereci para ajudar, pois é algo que eu a-do-ro fazer! Eu tinha uma idéia do que era o trabalho, mas a liderança era um pouco ausente e o pastor, que sempre foi meu interlocutor mais próximo, tinha uma visão diferente do que devia ser feito. Até assumi algumas das coisas que ele gostaria que eu fizesse, contei com a ajuda de uma amiga que eu fiz lá, e por fim ainda anda bem indefinido, mas uma coisa é fato: estou cada vez mais próxima de fazer somente o que eu realmente quero e gosto.

Acontece que ultimamente tenho me questionado muito sobre porque eu quero tanto continuar fazendo parte dessa comunidade.


Atualmente tenho fortes motivos para mudar:

- estou mais amiga da minha única "família" aqui por perto, minha irmã, que mora longe e freqüenta outra comunidade;
- meu namorado também mora longe, ainda que não esteja comprometido com nenhuma outra comunidade, mas tem bastante proximidade com a comunidade que minha irmã freqüenta; (e aliás, tem questionamentos como esses também)
- continuar insistindo em frequentar essa comunidade e ter tantas responsabilidades ali parece demonstrar que ela é mais importante que a família atual e a que eu (tanto) quero formar futuramente
- os amigos que me acolheram no início estão se afastando ou continuam lá, mas tão ocupados que não temos mais a convivência que gostaríamos;
- a comunidade cresceu e não exatamente dentro dos objetivos desejados e há momentos em que é tanta gente que perde totalmente o sentido de comunidade e vira muvuca;
- há problemas de liderança e de relacionamento (guerra de vaidades) que me estressam às vezes



Daí eu fico pensando no que me faz querer tanto ficar:
- há novos amigos, que eu me sinto útil em poder ajudar pessoalmente (estou tendo oportunidade de acolher e não só de ser acolhida, como aconteceu nos últimos anos)
- há espaço para discussões como essa
- a liderança demonstra que está em busca de estabelecer uma igreja fundamentada em pequenos grupos, baseada no sentido mais "puro" - e bíblico - do que a igreja deve ser
- foi ali que eu vivi enquanto reconstruía a auto-estima, e hoje me sinto novamente integrada a um grupo, útil e algumas vezes até reconhecida pelo trabalho que realizo e que me dá um certo prazer e orgulho. (Isso tá virando terapia... rs)
- sempre saio alimentada (coisa que acontece em freqüência muuuito menor quando visito outras comunidades)
- O principal: foi ali que eu aprofundei meu relacionamento com Deus como nunca antes e tenho experimentado alguns "resultados práticos" de entrega e de discipulado na minha vida...


Estava me sentindo egoísta e pirando com esse assunto há poucos dias (tanto que nem quis publicar o post - além da falta de tempo, claro). Mas fizemos um programa de páscoa que parecia tão impossível de sair e que atingiu tanto as pessoas, e sai tão miraculosamente melhor do que eu imaginava, que eu calei a boquinha por mais um tempo... e vou continuar lá simplesmente porque é uma grande oportunidade de aprender a viver - da maneira mais intensa que eu conheço até agora - o cristianismo!

3 comentários:

Klebert disse...

Xii... Ciba, só descobrimos o seu post hoje. A Lilian vai dar um anúncio geral de como evitar que o seu rascunho fique entalado na "multidão" de post que estamos recebendo.

Fico feliz de ver seu crescimento na família carnal e espiritual. Simpatizo com vc nesta área e acho que sepre há uma certa tensão em equilibrar os nossos interesses e o nosso tempo. Legal ouvir como está indo sua caminhada e tirar lições para a minha própria.

Gabriel Henríquez disse...

Oi Cibele!!
Eu também não tinha visto o teu post... sorry.
Moça, acho que você colocou pra fora algumas das questões que eu também tenho tido nestes últimos meses, e me identifiquei com o que você disse.
Sinto que não é fácil a vida em comunidade, pois criamos uma expectativa (e eu estou falando de mim) sobre a mesma e não raramente ela é frustrada.
Tenho perguntado a Deus o que Ele quer que eu faça, apesar das dificuldades e sentimentos conflitantes que muitas vezes sinto.
E pela tua conclusão vejo que tudo isto talvez seja a oportunidade para pormos em prática nosso papel em construir uma comunidade, uma igreja, no caminho da vontade de Deus, apesar de nós mesmo.
Obrigado pelo teu post!!

Lilian disse...

Bom, o que dizer? creio que somente isso: que o fato de nos sentirmos úteis e servimos os outros participando de comunidades religiosas/ igrejas, faz a experiência valer muito à pena, não há dúvida alguma. Especialmente quando há espaço para discussão e verdadeira contribuição. Fico feliz que você esteja se sentindo feliz (ainda que questionando) nesta comunidade.