sábado, 15 de março de 2008

Continuando com a história da existência do Pastor

Ainda sobre o modelo pastoral, queria continuar na linha do Nicotra, acrescentando mais alguns dados.
A igreja católica deturpou muito o conceito de um líder de igreja e nós sofremos ainda com essa influência. Os pastores ou líderes antigos passavam desapercebidos pela multidão. Roupas comuns, ofícios comuns, e dentro da igreja sentavam em lugares comuns. À hora de fazerem uma admoestação ou um sermão é que se dirigiam à frente para pregarem. Ao terminarem, voltavam ao lugar comum. Isso é muito interessante, pq a mensagem deles apontava a Cristo, e as pessoas não tinham pq quererem imitá-los, pq eles eram como o povo. O que restava? o exemplo de Cristo.
O sistema clerical católico, em flagrante cópia do sistema pagão, exaltou os pregadores, dando a eles um púlpito, roupas coloridas e especiais, e o mais importante, roupas exclusivas. Assim, só os que tinham aquela roupa poderiam pregar, só eles poderiam dar conselhos religiosos, eram reconhecidos na rua, e por td isso, começaram a ter privilégios, e mais, as pessoas começaram a imitá-los, fazendo-os seus exemplos (afinal, eram mais visíveis que um Jesus invisível). Ainda mais, criaram hierarquias, onde há um tablado, e os nobres assistem ao sermão de cima do tablado, afastado das pessoas comuns.
Sendo assim, o pastor ou pregador se tornou a última voz sobre verdades a serem discutidas e normalmente não serem abertos a idéias que não vieram deles (claro que aqui entra toda a carga de trabalho imposta a eles, que chega tb a ser algo desumano).
Eu vejo que td isso só afastou a mensagem de Cristo das pessoas, criando disputa de poderes para serem os mais poderosos os mais próximos do pastor.
Td isso, juntando ao que o Nicotra escreveu, acho que dá mais uma vez o cenário das formas que as igrejas adotam hoje (Fora o lance de um país tropical como o nosso e as pessoas serem ridiculamente obrigadas a usarem ternos e gravatas para adorarem, senão não vale).
Acho que essas ações todas tem divergido do que nós pensamos e do pq não somos muito de chamar pastores para as reuniões de pequenos grupos, uma vez que tentamos não hierarquizar muito esses grupos de estudo e adoração.

4 comentários:

Klebert disse...

Osmar, acho que você na tentativa de enfatizar o contraste com a posição do clero Católico exagerou na idealização da liderança na igreja. Não creio que seja possível ter um lider que pregue, admoeste, organize, oriente, etc, e ter uma postura tao um lugar tão comum quanto a que você procurou representar, pela própria natureza do ofício da liderança. O membros neófitos, ou com dons diversos sempre verão os líderes em um patamar destacado em relação ao da maioria. Sendo assim, cabe ao líder estar imbuído do espírito de Deus e não reclamar para si atributos que deve pertencer a Cristo, o cabeça da igreja. O melhor exemplo que me vem a mente é Moisés, que exercia plena autoridade e claramente encontrava-se em uma posição destacada designada por Deus, mas portava-se com desprendimento suficiente aponto de servir de referência a Jesus, que não se importou de declinar seu status para servir. E penso que esta seja a palavra chave.

Gabriel Henríquez disse...

Osmar, ao ler o post me veio a figura dos juízes da nação israelita, que exerceram um papel diferenciado do "comum", assim como é o exemplo do Klebert, Moisés. Porém, talvez estejamos misturando 2 papéis distintos: a liderança espiritual e a liderança civil, os quais eram, em um período do Velho Testamento, assumidos pela mesma "estrutura governamental". Portanto, penso que estes exemplos seriam questionáveis no nosso contexto social, pois tais funções estão mais do que separadas.
Quanto ao ponto do Klebert sobre o papel do líder aos neófitos (arg... o que é isso?! É contagioso?), talvez este destaque seja ocupado por diferentes pessoas (o prof. dos estudos, o amigo que o está conduzindo a experiência espiritual, etc.) dependendo do contexto, segundo a perspectiva do neófito.
Então, na minha opinião, é provável que esta "distorção do papel da autoridade" no contexto da fisiologia da igreja, venha desta mesma herança social destacada pelo Osmar (tanto na organização civil quanto na eclesiástica), onde nós leigos veneramos os líderes e os líderes "esperam" ser venerados por nós.

Ricardo Nicotra disse...

Osmar.

Você citou um aspecto da "tradição cristã" que também é parte do livro que recomendei: o vestuário.

Não há qualquer evidência bíblica que os cristãos primitivos distinguiam suas funções através do vestuário.

Também não há qualquer evidência ou mandamento que indique que eles usavam roupas especiais nas suas reuniões.

Nossa "roupa de missa" para assistirmos aos cultos de sábado, subirmos na plataforma é herança da roupa usada pelo clero católico que por sua vez segue o padrão do poder civil romano.

Estou pretendendo fazer um resumo dos capítulos mais interessantes do livro porque sei que nem todos terão condições, tempo ou disposição para lê-lo na íntegra...

Um abração!!!

Osmar disse...

Klebert,
Eu não disse como as coisas deveriam ser, só ajudei com o Nicotra sobre o contexto das coisas. É claro que na sociedade e principalmente numa igreja, pessoas de destaque ou de talentos aproveitados não serão vistas como pessoas comuns, mas elas não devem se portar como pessoas especiais tb, que eu acho óbvio isso.
Vejo a pastorada de hoje se sentindo pastor, antes de realmente serem pastores. Isso no meu entender tem prejudicado muito o resultado de suas tarefas.
Na mesma linha do Gabriel, líder espiritual não deve querer se meter em outras questões se não for chamado, e deve ser preparado para que se mesmo chamado, saiba dar opções às pessoas e não a sua opinião própria.
Claro que o líder é o cara que ensina a servir servindo, como os exemplos usados aí de Moisés e Jesus.