quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Para quê eu quero igreja? Parte III

Na semana passada tive a grata experiência de conhecer o Fred. Estudante de Farmácia na USP (por acaso lembra alguém? Ele deveria estar por aqui também...), e um dos engajados em consolidar mais uma geração do GEA-USP (a quarta), acompanhado de seus outros 7 amigos.
Este encontro virtual se deu graças a nosso amigo Marcão, que me indicou a ele e então começamos a conversar (extensos chats) sobre a infinidade de possibilidades que um novo GEA tem pela frente.
Dentre as muitas preocupações que o Fred me apresentou como sendo do grupo, uma das mais relevantes para mim foi a da necessidade de evangelizar no meio altamente secular que é o meio universitário.
"...o bom senso diz que você dizer 'Deus é fiel' pra um biólogo não quer dizer muita coisa... isso não faz muito sentido nem pra mim mesmo..."
comentou ele. Esta angústia parece estar na dificuldade de comunicar a outros uma experiência que consideramos importante (se não essencial), mas que não encontra espaço na mente científica secular:
"o conceito convencional de evangelismo que trazemos desde o berço é aquilo: faça contato, consiga dar estudo, e depois mergulhe! *chuááá* 'oh q belos hinos' --> acabou"
disse Fred, lamentando... será que evangelismo tem que ser isso? Aliás, o que é evangelismo em nossa metáfora básica pessoal? De onde essa definição veio para que a incorporássemos tão fortemente em nossa experiência religiosa e ainda assim não estarmos confortáveis com ela? Por que Atos 2:42-47 parece algo tão utópico?

Quando perguntei a ele como se sentia a respeito do grupo GEA onde ele participa hoje, rapidamente ele me respondeu:
"Vou te responder a essa pergunta com um link... a legenda fala tudo"
Cara... que foto fantástica! Fiquei com saudades dos tempos em que passávamos juntos, bagunçando aos sábados à noite na casa da Lily, das conversas com pipoca na cozinha, e dos vídeos altamente produzidos durante o noite toda... sem falar nos acampamentos, praia no Guarujá, Juquitiba, PETAR e outros tantos lugares que não me lembro agora. Resultado disso? Aqui estamos, juntos (ainda que virtualmente) através de algo muito mais forte que o tempo e a distância poderiam nos impor.
Bem, voltando ao ponto... observando a foto, me lembrei de centenas delas em que dividimos cenas semelhantes... e fiquei pensando:
"O que precisaríamos fazer ou mudar, talvez em nós mesmos, para que houvesse espaço nesta foto para gente que não tem a nossa mesma fé, e ainda assim pudesse compartilhar destas mesmas experiências conosco?"
Será que conseguiríamos ter um ambiente onde outros (seculares, se assim podemos chamar) pudessem se sentir em relação a nós da mesma forma como nós nos sentimos em relação ao demais do grupo e vice-versa? É nesta hora que eu sinto a dificuldade de compreendermos (eu certamente me incluo) o que Jesus quis dizer com Marcos 12:31.

7 comentários:

Marco Aurelio Brasil disse...

Que legal que você e o Fred já trocaram figurinhas! Quanto à sua pergunta final, receio que a resposta tenha necessariamente que ser negativa. Primeiramente porque somos - os cristãos - péssimos em demonstrar tolerância e disponibilidade para o diálogo e segundamente porque temos alguém engajado em fomentar o preconceito, tanto daqui pra lá como de lá pra cá... Mas não custa tentar. Ou melhor, custa sim, mas vale a pena!

Anônimo disse...

A minha visão de evangelismo é a seguinte: devemos pregar o evengelho em qualquer lugar que estivermos, usando palavras quando necessário...

Gabriel Henríquez disse...

Olá Marcão!
Se vale a pena... o que então deveríamos mudar? E em nós mesmos?
Será que, se revisarmos o nossos sentimentos e conceitos sobre o que é a igreja, conseguiríamos uma melhor disposição a cumprir o Grande Mandamento?
Porque de proselitismo, o mundo todo já está bem saturado...hehehehe

Lilian disse...

Olha, esta foto está aqui me deixando quase em lágrimas, pois é uma alegria indescritível saber que haverá mais uma geração (e quem saber outras ainda) do GEA na USP (e, espero, em outros lugars).

E com relação a evangelismo, eu gostaria de registrar aqui algo que o Klebert costumava dizer (com relação aos estudos bíblicos no IAE, mas também aplicável ao GEA), e estou parafraseando, comente aí "xuxu": "Eu queria que as pessoas pudessem apenas experimentar, por uma vez que fosse, este convívio e o que sentimos quando nos reunimos."
E ficávamos felizes quando pessoas novas apareciam nos estudos, nas reuniões, nos acampamentos, nem que fosse apenas uma vez.

E aí, Gabi, adorei, partilhe mais das suas conversas com o Fred conosco (se possível), e pergunte a ele se ele não quer se juntar aos "dinossauros" aqui e tornar-se colaborador do blog também.

Irei tentar em breve escrever alguns posts sobre a história do GEA. Tenho algumas coisas que escrevemos nos idos de 1997 quando a 3a geração estava começando e que precisam ser partilhados.

Marco Aurelio Brasil disse...

Gabi, chegamos, enfim, a uma questão crucial: é hora de romper com a visão herdada de igreja? Seria para isso que Deus estaria nos chamando? Não tenho isso muito resolvido. Pra ser bem honesto, minha resposta seria quase que com convicção total que não. O que tenho feito nesse sentido é bem pouco, na verdade: toda vez que tenho oportunidade (tenho tido várias), elogio na comissão da minha igreja iniciativas como o Nova Semente, que rompeu com estruturas litúrgicas engessadas e com a visão "igreja olhando para o próprio umbigo". O povo me olha espantado. Ainda não sei se é o suficiente, mas já notei uma mudança de postura lenta, mas perceptível, nuns poucos que respeitam minha opinião. Afora isso, abolir quase que totalmente terno e gravata na igreja foi uma outra tomada de postura nessa linha...

Marco Aurelio Brasil disse...

Em tempo: eu não quis dizer que vou à comissão da igreja pra polemizar, o que quis dizer é que sempre que posso, na comissão, na frente de uma classe de escola sabatina, numa reunião de departamento, etc, aponto a iniciativas como essa como sendo modelares.

Gabriel Henríquez disse...

Meu amigo Marcão!
Talvez devêssemos discutir um pouco mais do que é essa visão herdada de igreja, para termos bem claro o que realmente precisa ser mudado... não acha? Creio que já tenho o tema para o meu próximo post...heheheh
Abração!