sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Prá que serve a Igreja?

Olá antigos coleguinhas e amigos de GEA. Agora nós, todos já com fiozinhos brancos, uns mais e outros menos (coisa que achávamos impossível, quando na USP), nos encontrando em ontra forma de comunicação. Aliás, comunicação não nos falta. O Klebert tem razão quando diz que precisamos nos comunicar mais e mais. Há um cronista mineiro, chamado Rúbem Alves que diz em uma de suas crônicas, que deveria haver um curso de escutatória, pq de oratória já tem de montes por aí, e saber falar todos sabem, mas ouvir, quase ninguém. Pq estou dizendo tudo isso? Para os que me conhecem, sempre falante, tenho aprendido agora (antes tarde do que nunca) a ouvir mais do que a falar. Ou melhor, ouvir, sempre ouvimos, mas tenho prestado mais atenção e pensado muito mais no que as pessoas dizem, mais ainda, no que as pessoas não dizem.
Como parece a maioria de nós, é a primeira vez que vou participar de um blog. Espero que ele não me morda e que eu não aperte a coleira...
Mas vamos ao que interessa.
Me questionei sobre igreja há um tempo. Minha experiência com igreja é grande prá quem não sabe, como bom FDP (Filho De Pastor), tenho passado por vários tipos de igrejas, mas ultimamente não tenho freqüentado. A sensação que tenho é que o nosso sistema igrejeiro, pelo menos aqui no Brasil é um sistema criado para ser homogêneo, tentando atrair pessoas heterogêneas.
Dentro disso, eu queria dividir o tema em dois, ou falamos sobre Igreja constituída e oficial, suas funções teológicas, doutrinárias e sociais, ou podemos falar sobre a Igreja no contexto de comunidades, que talvez seja mais próximo do ideal bíblico para igreja.
Discutí um pouco esse assunto com o Gabriel durante nossa viagem à Patagônia e Terra do Fogo no início de 2007. Havia hora que parecia que andávamos em círculos e parecia que não havia necessidade de haver a igreja (comunidade), e já em outros momentos, parecia claro que a força da comunidade ou igreja no sentido de reforçar a fé, a aceitação social e a sensação do ser útil eram imprescindíveis.
Observo hoje as igrejas (instituídas) como centros de poder e dominação. Há um bom tempo não tenho percebido crescimento espiritual meu e de outras pessoas quando vão às igrejas. Isso tem me mostrado que como esse foco, as igrejas deixaram de oferecer o de mais básico e a razão fundamental de terem sido formadas.
Percebo outra coisa que considero importante: as igrejas onde as pessoas tem a preocupação de serem missionárias, são igrejas menos problemáticas e mais tolerantes (se é que é preciso haver tolerância numa igreja). Os momentos onde mais tenho exercido a função igreja ocorrem nos grupos de estudo que tenho formado ou participado. Nesses grupos há um senso de comunidade, de amizade, de ajuda nas horas difíceis, e sem a necessidade do reconhecimento do grande público. Nesses grupos, os estudos acontecem, as dúvidas são resolvidas, e as pessoas são mais ligadas. cada grupo tende a ser homogêneo, mas cada grupo tem uma característica diferente, o que não ocorre na igreja instituída.
Bom, vou terminando esse post já apresentando algumas opiniões fortes sobre td isso, e já recomendando a idéia de "igrejas-missionarismo entre iguais-comunidades" e acho que vamos falar muito sobre isso ainda.
Abraços a todos...

4 comentários:

Gabriel Henríquez disse...

Da maneira como você descreve os grupos de estudo, parece que igreja (conceito tradicional) não está fazendo muito falta...está? Eu não tenho essa oportunidade por aqui, se bem que acredito que Deus está abrindo algumas portas...

Klebert disse...

Osmar, meu amigo, bom ler você aqui neste blog!

Interessante como você expôe o seu incômodo com a igreja instituída. Por sinal, bem no estilo de nossas discussões na faculdade sem muito arrodeios e direto ao ponto. Creio que a realidade de muitos aqui é que nos sentimos insaciados espiritualmente ao retornar das reuniões semanais da igreja. Para quem já bebeu da água de um ativo grupo de estudos, a igreja instituída parece mesmo um desertão... Tem solução? Ando ficando meio radical ao discutir esse tema. Creio que igrejas doentes (refíro-me aqui à igreja de bairro, não à instituição global) são como células cancerosas. Precisam de quimio para desaparecerem do mapa. Se se multiplicar vai gerar mais câncer... Assim, melhor é começar uma nova igreja destituída de velhos ranços. Claro que estou sendo muitíssimo breve em minha proposição o que pode levar a muitas sobrancelhas arqueadas por parte dos leitores, mas como este blog não tem prazo de validade, quem sabe com o tempo possa ir me explicando.

Lilian disse...

Ah... Osmar, que beleza você por aqui! Bem vindo blogosfera, ela não morde não, muito menos esse nosso blog tão geano. Cara, vai ser interessante conhecer o Osmar que aprendeu (ou tem aprendido) a escutar. Sabe que nestes últimos anos o mesmo aconteceu comigo? Acho q é a "voz da experiência" q está chegando (hahahaha).

Bom, achei esta idéia sobre a igreja, principalmente no Brasil, ótima: igreja "é um sistema criado para ser homogêneo, tentando atrair pessoas heterogêneas." EXATO!

E concordo com a idéia q elas acabam sendo mesmo centros de poder e dominação. Espero escrever um post sobre este assunto em breve...

Lilian disse...

Gabriel, vc perguntou pro Osmar e não pra mim "parece que igreja (conceito tradicional) não está fazendo muito falta...está?" mas eu quero responder também (risos).

Estivemos 3 anos totalmente fora do sistema igrejeiro e para ser sincera com você, eu não sentia ABSOLUTAMENTE NENHUMA falta. Inclusive eu brincava com o Klebert dizendo... será q a gente vai se acostumar de novo em igreja? Mas o ser humano é a criatura mais adaptável q existe, a gente acostuma. Infeliz, meio contra a vontade à princípio, mas é o jeito.

Mas o desafio de começar algo do zero, deixando praticamente todos os formalismos de lado e buscando apenas o essencial é algo incrivelmente enriquecedor. Acho q passados três anos e meio que saímos do Massachusetts é hora de tentarmos fazer alguma coisa de novo. Só não sei o quê, nem como... por isso o blog ajuda a canalizar um pouco da nossa "energia espiritual criativa" se é que isto não soa estranho demais (risos).